Por Édo Mariani
Na questão 642 de O Livro dos
Espíritos, Kardec pergunta: “Para agradar a Deus e assegurar sua posição
futura, bastará ao homem não praticar o mal?”.
Responderam os Espíritos
Superiores: “Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto
responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem”.
Apenas não fazer o mal indica
posição neutra e o homem, para ser feliz, necessita ter atitudes positivas.
Conhecida parábola da cultura
oriental fala de uma senhora que resolveu abrigar um sábio guru no quintal de
sua residência. Deu-lhe comida, abrigo e tranquilidade, para que o homem de
meditações pudesse cumprir sua missão.
Certa feita, desconfiada sobre a
integridade do guru, resolveu aplicar-lhe uma prova. Contratou uma belíssima
vendedora de ilusões e bailarina para aferir a resistência do homem santo.
Na noite marcada lá estava ela na
cabana, tentando incendiar os apetites inferiores do guru com a sensualidade e
a beleza. Bailou, despiu-se, provocou, mas o homem era de “gelo”, mantinha-se
impassível. Quieto, em estado de plenitude. Então, depois de longo tempo, ela
desistiu e retornou até a senhora dizendo:
- Tentei de tudo e nada, ele é um
homem santo.
A senhora então perguntou:
- Mas ele não lhe disse nada, não
fez nada, uma só palavra?
- Não, senhora!
- Então, toma o preço do nosso
contrato, você fez a sua parte.
Extremamente decepcionada a
senhora foi até a cabana do guru e o despediu usando de violência e em altas
vozes dizia: tentei esse homem com a luxúria, na presença de sedutora jovem e
ele resistiu, permaneceu em estado de orações, e quanto a isso, eu o aplaudo.
Porém, suas práticas são de nenhuma utilidade para o mundo, porque ele nada
disse àquela jovem que pudesse servir de orientação e força na restauração de
um caminho novo. Se fosse um homem de Deus, deveria agir pelo bem e não somente
evitar o mal.
Esta parábola condiz com a
resposta dos Espíritos a Kardec. Ficar inativo diante das dificuldades da
humanidade, nada fazendo no sentido de colaborar para as mudanças tão
necessárias, não edifica valores, enquanto que fazer o bem significa acionar os
recursos divinos latentes através do dinamismo da caridade.
Evitar o mal é contenção e
disciplina, forma-se o caráter, no entanto as ações no bem transformam o homem
no seu sentimento de ternura e aí se desenvolvem as suas forças morais e
espirituais.
Atender a pobreza material,
intelectual e moral é atividade produtora do bem. Educar é realizar a mudança
de caráter e do sentimento de fraternidade e amor.
Apenas não praticar o mal leva a
criatura humana à estagnação. A pratica do bem, ao contrário, leva ao dinamismo
tão necessário para a realização dos objetivos de nossas vidas na Terra: a
evolução espiritual.
Se praticarmos a indiferença para
com o sofrimento do próximo, apenas pensando em livrar a nossa pele, na
enganadora pretensão de que não prejudicando estaremos a salvo do julgamento
final dos nossos atos, caímos no campo do egoísmo. Seremos qual poço de
preciosos recursos contidos na sua profundeza, mas incomunicável, e dessa forma
inaproveitável.
Por não alcançarmos os objetivos
da existência que é o progresso moral intelectual e espiritual, na ação do bem,
recomendada por Jesus, estaremos nos candidatando a futuras existências de
provas, onde se resgatará o engano da perda da oportunidade que a vida atual
está nos proporcionando.
É bom refletirmos sobre as nossas responsabilidades em deixarmos de atender a finalidade da vida, que é necessário fazer o bem sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário