sábado, 18 de novembro de 2023

A busca da felicidade na caridade

 


Por Glaucia Savin

Todos já ouvimos que a felicidade não é uma condição dos mundos de expiação e provas, como a Terra. E, de fato, não é mesmo, em razão da situação moral e mental de cada um de nós, - espíritos que a habitamos.

Mas isto não deve nos deixar acomodados. Não podemos pensar que por estarmos aqui, não podemos ou não merecemos experimentar a felicidade.

Ao nos distanciarmos do ideal de felicidade por considerá-lo como algo inatingível, imerecido ou distante de nós, estamos nos conformando com um destino infeliz. Não é isto que o Espiritismo nos ensina em relação à evolução do espírito imortal.

Herdamos das religiões tradicionais uma espécie de valorização do sofrimento. Aprendemos no passado que o “sofrimento liberta”. Isto gerou até mesmo uma certa (e equivocada) valorização do sofrimento como algo positivo.

A verdade é que o sofrimento pode ser um instrumento para o nosso aperfeiçoamento, mas ele em si mesmo, não promove mudança. Não adianta sofrer sem aprendizado porque daí o sofrimento não acaba. O sofrimento funciona quando ele é aquele cutucão que nos faz sair da zona de conforto e nos faz buscar uma ação. Mas sofrer por sofrer, só traz mais dor.

Joanna de Ângelis, no livro Encontro com a Paz e a Saúde, nos sugere diante da dor ou do sofrimento, substituir o conformismo pela resignação ativa. A compreensão ativa implica o reconhecimento da dor como um obstáculo ou uma lição a ser enfrentada. Temos que entender o que a vida está tentando nos ensinar. Ao vencermos o desafio, experimentamos a alegria da vitória sobre nós mesmos.

Outra condição que nos enche o coração de alegria é a prática do bem. Nada é mais recompensador do que o bem.

Um estudo do Dr. Martin Seligman, em 1960, com o sugestivo título de “Filantropia versus Diversão” mostrou que fazer o bem nos deixa mais felizes. O professor dividiu seus alunos de psicologia em dois grupos. O primeiro deveria praticar atividades prazerosas, como assistir a um filme. O segundo deveria se engajar em ações filantrópicas, e um dos exemplos foi o de servir refeições para pessoas carentes.

Quando as emoções e sensações experimentadas pelos dois grupos foram avaliadas, constatou-se que os estudantes engajados em ações filantrópicas tiveram um aumento de bem-estar muito mais duradouro do que os demais. Este bem-estar está relacionado com a avaliação cognitiva e emocional que a pessoa faz sobre sua vida.

Ajudar ao próximo aumenta a paciência e a tolerância, diminui a perspectiva dos nossos próprios problemas e libera hormônios que estão relacionados a ações positivas. Isto faz com que nos sintamos mais leves ao doar um pouco do nosso tempo, do nosso conhecimento, dos bens que possuímos a quem realmente precisa. Por isso, quando praticamos o bem temos a impressão de estarmos cheios de amor e de uma alegria que parece querer transbordar.

Ao experimentarmos a felicidade verdadeira que é aquela que advém das nossas conquistas mais íntimas e, portanto, não fugaz, começamos a construir em nosso universo mental as bases da felicidade duradoura.

Joanna, desta vez, em O Despertar do Espírito, nos fala do “sentido ético da existência” que nos acompanha desde o primeiro momento da nossa criação. No momento em que passamos a viver sob os valores da ética do espírito e não mais conduzidos unicamente pela matéria, impulsionamos nosso processo de amadurecimento e encontramos a verdadeira felicidade.

Aprendemos também, que o espírito se demora mais nos degraus inferiores, mas quando adquire a consciência das suas responsabilidades, a evolução ganha impulso. Os momentos de felicidade se multiplicam pela satisfação consigo mesmo e um novo mundo se abre para cada um de nós, aqui mesmo nesta existência.

A felicidade deve ser buscada a cada momento, em cada atitude e não pode ser vista como um objetivo distante. A felicidade está dentro de cada um de nós e, por isto mesmo, está mais próxima do que poderíamos supor.

Não podemos postergar a busca da felicidade para a próxima encarnação. Ela deve nos acompanhar no dia-a-dia, por meio das atitudes éticas e do nosso comprometimento com a nossa evolução. Se não começarmos agora, estaremos adiando o encontro conosco mesmos e com o potencial de alegria com que podemos encher as nossas vidas.

A felicidade pode não ser a condição deste mundo, mas certamente ela começa aqui.

 

Nenhum comentário:

^