PAPEL DA
CIÊNCIA NA GÊNESE
Por Joel
Matias
A religião
era preponderante na história dos povos antigos, de tal modo que os primeiros
livros sagrados continham toda a ciência e as leis civis da época. Sendo
imperfeitos seus meios de observação, também incompletas eram as teorias sobre
a criação. O desenvolvimento das ciências proporcionou ao homem os dados
necessários ao surgimento de uma Gênese positiva e, de certo modo,
experimental.
Acompanhou-se
a formação gradual dos astros através de leis eternas e imutáveis, que demonstravam
a grandeza e sabedoria do Criador.
A gênese de
Moisés, dentre as teorias antigas, é a que mais se aproxima dos dados
científicos atuais, levando-se em conta que seu conteúdo original deturpou-se
nas traduções de língua para língua, além do fato de os escritos antigos serem
feitos de modo alegórico.
O receio de
comprometer o conteúdo das crenças contidas na Bíblia, de ferir o princípio da
imutabilidade da fé, além da falta de conhecimentos científicos, fez com que o
homem permanecesse estacionário em progresso, até que a Ciência viesse a
demonstrar os erros da Gênese mosaica tomada ao pé da letra.
Mesmo
respeitando-se a Bíblia como sendo revelação divina, deve ser considerado que
nenhuma revelação pode sobrepor-se à autoridade dos fatos, de modo que, diante
das flagrantes contradições entre as descobertas científicas e os Textos
Sagrados, conclui-se que foram as revelações mal interpretadas. A Ciência segue
seu caminho em busca da verdade e as religiões não podem permanecer
estacionarias. “Uma religião que não estivesse, por nenhum ponto, em
contradição com as leis da Natureza, nada teria que temer do progresso e seria
invulnerável”.
A Gênese se
divide em duas partes:
1) - A história da formação do mundo material;
2) - A
história da Humanidade e seu princípio corporal e espiritual.
A Ciência
tem estudado a primeira parte, completando a Gênese de Moisés, deixando à
Filosofia o estudo da segunda, a qual chegou a conclusões contraditórias, o que
levou muitas pessoas a seguir a religião convencional. Todas as religiões
pregam a existência da alma. Quanto à sua origem, passado e futuro, impõem os
dogmas que pressupõem a fé cega levando a muitos a dúvida e a incredulidade; A
incerteza quanto ao futuro leva o homem à predominância do interesse às coisas da
vida material.
O mecanismo
do Universo e a formação da Terra só foram entendidos quando se conheceu as
leis que regem a matéria. Por desconhecer as leis que regem o princípio
espiritual, permanece a Metafísica no campo das teorias e especulação. A Mediunidade
foi para o mundo espiritual o que o telescópio representou para a Astronomia,
permitindo ao Espiritismo experimental o estudo das relações entre o ser
material e o ser inteligente, o que permitiu seguir-se a alma em sua marcha
ascendente, suas migrações e transformações. Era o instrumento que faltava aos
comentadores da Gênese para a compreenderem e lhe retificarem os erros. Sendo
solidários os dois mundos, somente o conhecimento de suas leis permitiu a
constituição de uma Gênese completa, embora aproximativa.
Capitulo V
ANTIGOS E
MODERNOS SISTEMAS DO MUNDO
Na
antiguidade, desconhecendo as leis da física e sem dispor de qualquer
instrumento de observação além de seus sentidos, os homens acreditavam que o
Sol girava em torno da Terra, que se constituía em uma superfície circular
plana. O céu era uma abóbada cheia de ar apoiada nos bordos da Terra, sendo as
estrelas pontos luminosos engastados nela. Entendiam ser as chuvas provenientes
das águas superiores que escapavam pelas frestas da abóbada. Ao perceber
movimento dos astros explicavam como sendo o resultado da rotação da abóbada
arrastando consigo as estrelas nela fixadas. Mais tarde percebeu-se que a
abóbada teria que ser uma esfera inteira, oca, contendo no centro a Terra,
chata ou convexa, habitada em sua parte superior, sem poder-se explicar qual o
seu suporte.
As Teogonias
pagãs situavam o inferno nos lugares baixos, sob a Terra, estando o Céu nos
lugares altos, além das estrelas.
Observadores
da Caldéia, Índia e Egito notaram que certas estrelas tinham movimento próprio
– as estrelas errantes ou planetas. Notou-se a imobilidade da Estrela Polar em
cuja volta outras descreviam círculos oblíquos, chegando-se ao conhecimento da obliquidade
do eixo da Terra. Verificação da estrela polar em diferentes latitudes levou à
descoberta da esfericidade da Terra, por Tales, de Mileto, em 600 a.C.
Pitágoras em 500 a.C. descobriu o giro da Terra sobre seu eixo e seu movimento
junto com os outros planetas em torno do Sol. Hiparco em 160 a.C. Inventou o
astrolábio relativo aos eclipses, manchas do sol, revoluções da Lua.
Tais
conhecimentos, entretanto, ficaram restritos aos filósofos e seus discípulos
por mais de 2.000 anos. Em 140 d.C. Ptolomeu compôs um sistema misto em que a
Terra seria o centro do Universo, com uma região elementar (terra. Água, ar e
fogo) e uma etérea composta de onze céus superpostos, além dos quais estaria o
Empíreo (habitação dos bem-aventurados). No início de 1.500 d.C. COPÉRNICO, a
partir das ideias de Pitágoras, apresentou o Sol como o centro do sistema
planetário, sendo a Lua o satélite da Terra. Com Galileu, inventor do
telescópio (1.610), o sistema de Copérnico veio a ser confirmado,
reconhecendo-se que as estrelas são sóis – centros de outros sistemas
planetários- as constelações são agregados aparentes que desapareceriam se
delas pudéssemos aproximar-nos.
Tais
conhecimentos, divulgados graças à tipografia tornaram-se públicos tornando
minoria os sustentadores das velhas ideias. Descerrou-se a venda e os homens
puderam melhor fazer ideia da sublimidade da obra Divina. Em seguida vieram:
Kepler que descobriu serem elípticas as órbitas dos planetas, sendo o Sol um
dos focos. Newton descobriu a lei da gravitação universal, Laplace criou a
mecânica celeste.
A Astronomia tornou-se uma Ciência com base no cálculo e na geometria, uma das pedras fundamentais da GÊNESE após 3.300 anos de Moisés.
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