quarta-feira, 15 de abril de 2020

Explicando a Mediunidade



Por Regina Stella Spagnuolo

Chico Xavier, quando esteve em Goiânia, concedeu entrevistas a vários jornalistas em emissora televisiva local, sempre com paciência e amor, como era de costume.

Perguntaram ao médium:

– V. Sª não acha que a Doutrina Espírita e muitos de seus fenômenos parapsicológicos, como ocorre nos casos da necromancia, telecinesia e telepatia, podem ter sua explicação à luz das causas e efeitos da Psicanálise ou da própria Psicologia?

Chico respondeu:

– Nosso profundo apreço ao nobre jornalista que formula a interrogação. Mas, vendo espíritos, habitantes de um outro mundo, desde os 5 anos de idade – tempo em que pude ver de perto minha mãe desencarnada que me prometera voltar do além, para velar novamente por nós, filhos dela, que deixava na primeira infância – e continuando esses fenômenos da mediunidade em minha vida, durante tantos anos, de minha parte não posso transferir a minha certeza da vida espiritual a companheiro algum. Cumpro apenas o dever de registrar as mensagens, as notícias dos nossos amigos espirituais nos livros que nunca me pertenceram, que sempre foram entregues à comunidade espírita cristã em seus trabalhos editoriais, sem nenhuma vantagem pecuniária em nosso favor, no que apenas estamos cumprindo o dever.

Desde a infância, há precisamente quase 60 anos, e desses quase 60 anos, 47 estou eu na mediunidade organizada ou treinada com os ensinamentos de Allan Kardec, apesar das imperfeições que carrego. Compreendo e aceito a mediunidade em minha vida – perdoem a minha expressão – como se eu fora um cego animalizado ou mesmo um animal em serviço, obedecendo àqueles que me trazem tanta luz ao caminho, que me amparam sempre com tanta bondade e aos quais seria ingratidão de minha parte sonegar o concurso e a boa vontade que devo a todos eles.

Creio na mediunidade e creio na vida espiritual. Procurando na Parapsicologia como é que os senhores parapsicólogos definiriam a psicografia em meu caso pessoal, verifiquei que eles me denominavam o processo de trabalho medianímico (perdoem-me esse possessivo meu, entretanto é necessário que eu fale assim) como sendo um fenômeno de prosopopese. Não cheguei a compreender todo o sentido da palavra pelo meu desconhecimento das raízes que a formaram; a psicografia em meu caso, então, seria um caso de prosopopese ou mudança psicológica da personalidade, dando ensejo a que personalidades supostas se manifestem por meu intermédio, sem que eu tenha qualquer conotação em quadros patológicos.

Confesso, porém, que para mim, que me sinto espírita cristão, o assunto não ecoou com a significação que eu esperava, porque não sinto necessidade de palavras assim tão difíceis para determinar uma questão simples que apenas envolve a comunicação entre dois mundos. Para mim, a psicografia é o intercâmbio espiritual entre os espíritos que estão encarnados neste mundo e espíritos que estão desencarnados, vivendo em outras condições vibratórias, na Terra e fora da Terra; mas naturalmente que a ciência tem o direito de cunhar as expressões que deseje para melhorar-nos os conhecimentos e evitar os abusos de criaturas capazes de criar problemas para a comunidade com o abuso provável desses mesmos conhecimentos. Respeitando a ciência parapsicológica, estamos satisfeitos com o termo mediunidade psicográfica, porque eu sei que a página por mim psicografada não me pertence e sim ao espírito que a escreveu.

Do livro Chico Xavier em Goiânia, de Francisco Cândido Xavier e Emmanuel.

Nenhum comentário:

^