sexta-feira, 3 de abril de 2020

Chico Xavier 1910 – 2002 - Biografia Resumida


O maior e mais prolífico médium psicógrafo do mundo em todas as épocas, Francisco Cândido Xavier nasceu em Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas Gerais, em 2 de abril de 1910, desencarnando no dia 30 de junho de 2002, filho de João Cândido Xavier e a mãe Maria João de Deus, que tiveram nove filhos: Maria Cândida, Luíza, Carmozina, José Cândido, Maria de Lurdes, Francisco Cândido, Raymundo, Maria da Conceição e Geralda. Sua mãe desencarnou em 1915 e, em 1960, seu pai.

Naquela época, o município mineiro de Pedro Leopoldo era uma cidade pequena, tranquila, de tradição bandeirante, sem atrações, vida pacata e comércio rudimentar, tendo apenas a agricultura como a base mais importante de subsistência.

A chegada da indústria pesada, do aço, fábricas de cimento e outras, causou uma grande transformação no município, ocasionando o desenvolvimento e o aumento populacional. Em consequência, a vida pacata passou a não fazer mais parte do cenário de Pedro Leopoldo. O município ficou conhecido nacionalmente a partir da década de 30, quando chegaram às grandes cidades as primeiras notícias da fama de Chico Xavier.

Em 1915, Dona Maria João de Deus, percebendo a gravidade de sua enfermidade e pressentindo o desencarne próximo, entregou seus filhos a pessoas amigas, para cuidarem de sua educação. Diante de tais circunstâncias, Chico foi entregue a sua madrinha, Dona Rita de Cássia, mais conhecida como Ritinha.

Percebendo a separação de sua família, o menino Chico perguntou a sua mãe o porquê daquilo estar acontecendo, sem compreender a gravidade da situação e, muito inocentemente, chegou a pensar que a mãe não os amava mais. Dona Maria, conseguindo superar as emoções, disse-lhe que se preparava para sair da casa em tratamento de saúde e que voltaria em breve para cuidar de todos. Resignado com a situação, aceitou as palavras finais de sua mãe, que veio a desencarnar no dia seguinte, 29 de setembro.


A Vida com sua Madrinha Dona Ritinha


Dona Ritinha levada por suas constantes crises nervosas, castigava Chico com surras que chegaram a acontecer até três vezes ao dia. A vida do menino era cheia de desilusão e provações, o que poderia tê-lo feito um ser revoltado e infeliz; contudo, isso não ocorreu por força da riqueza espiritual que possuía.

Desde os 4 anos de idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares manifestações. Seu pai chegou, inclusive, a crer que o seu verdadeiro filho havia sido trocado por outro. Aquele seu filho era estranho!

De formação católica, o garoto orava com extrema devoção, conforme lhe ensinara sua querida mãezinha, Dona Maria João de Deus, que o deixaria órfão aos 5 anos.

Dentro de grandes conflitos e extremas dificuldades, o menino ia crescendo, sempre puro e bom, incapaz de uma palavra obscena, de um gesto de desobediência. As "sombras" amigas, porém, não o deixavam...

Na escola, sentia a presença desses amigos auxiliando-o nas tarefas habituais. Chico sempre reconheceu que os seus primeiros anos o marcaram profundamente; ele nunca os esqueceu.

Um belo dia, Chico dirigiu-se à madrinha, muito feliz, dizendo que havia conversado com a mãe desencarnada, o que foi suficiente para receber uma surra extra. Essa conversa com sua mãe foi a primeira experiência de Chico no campo da mediunidade. No entanto, ele continuava a ter visões e conversas com sua mãe, o que sempre narrava à madrinha. Dona Ritinha decidiu então conversar a respeito com o pároco do local, o qual recomendou a Chico que rezasse mil Ave-Marias com uma pedra de 15 kg em cima da cabeça durante a procissão. Não bastasse isso, Chico foi atingido por algumas garfadas, o que algum tempo depois se transformou numa hérnia estrangulada, que o acompanhou até o final da vida.

Em suas visões, a mãe o aconselhava a ter paciência. Explicava-lhe que não podia levá-lo para junto de si e procurava ajudá-lo a superar os maus tratos da madrinha. Outro fato lamentável ocorreu quando Dona Ritinha soube que a única maneira de curar a ferida infeccionada de seu outro filho adotivo, o sobrinho Moacir, era Chico lamber a ferida durante três semanas seguidas, em completo jejum.

Incumbido dessa tarefa, Chico foi desesperado até o quintal, onde evocou o socorro de sua mãe; tendo recebido dela palavras que naquele momento lhe confortaram. E quando iniciou a penitência, percebeu com surpresa que sua mãe colocava um pozinho sobre a ferida. E assim, pouco depois a perna de Moacir estava curada.

Apesar de tantos maus tratos, até hoje nunca se ouviu uma só palavra atribuída a Chico Xavier queixando-se de sua madrinha. Ao contrário, ele diz que o temperamento de sua madrinha Rita era benévolo.

A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi, em sua vida, conforme ele mesmo o diz, uma bênção indefinível. A doença também viera precocemente fazer-lhe companhia: primeiro o problema nos pulmões, quando trabalhava na tecelagem; depois os olhos; e finalmente mais tarde a angina, que lhe fez companhia até seus derradeiros instantes de vida física.

Novo Casamento de seu Pai


A convivência de Chico com sua madrinha Dona Ritinha durou dois anos, pois, em 1917, seu pai casou-se pela segunda vez com Dona Cidália Batista, cuja união fez a família Xavier crescer com o nascimento de mais seis filhos: André Luís, Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido. Além disso, pelas bênçãos de Deus, Dona Cidália fez questão de reunir todos os filhos de João Cândido. Desse modo, Chico mudou-se para junto deles, para uma convivência de compreensão e carinho por dez anos, entre pai, mãe e quinze filhos!

Primeiro Fato Inexplicável


Os Espíritos continuavam a aparecerem e enviar mensagens por Chico, mas ele receava ser rotulado de louco se comentasse com alguém as conversas que mantinha com "almas do outro mundo”; embora percebesse o que se passava à sua volva e à sua revelia, não sabia explicar como os fenômenos se davam, inclusive no período de quatro únicos anos de instrução primária que recebeu.

Conta o próprio Chico que, em 1922, no primeiro centenário da Independência do Brasil, todos os alunos tiveram que apresentar uma dissertação sobre a data, e momentos antes de começar a dissertação Chico viu um homem ao seu lado ditando o que deveria escrever. Assustado, foi falar com a professora que o aconselhou a escrever o que ouvira, tranquilizando-o: "Ninguém lhe disse nada. O que você ouviu veio de sua própria cabeça". Esse trabalho rendeu ao garoto Chico a sua primeira Menção Honrosa.


Dificuldades no Estudo Doutrinário


Era grande a dificuldade que o nosso Chico tinha para conciliar os ensinos Católicos, que lhe foram impostos, com as manifestações mediúnicas só explicadas pelo espiritismo. Contudo, resolveu se dedicar a ler sobre a Doutrina Espírita aos dezessete anos, justamente quando veio a perder sua segunda mãe Dona Cidália, que desencarnou no dia 19 de abril de 1931; resolvendo seu pai não mais se casar, até sua desencarnação ocorrida em 6 de setembro de 1960, na cidade de Pedro Leopoldo aos 92 anos de idade.

Chico prosseguiu em seus estudos doutrinários apesar de o padre Sebastião, que era o conselheiro da família e o mesmo que lhe receitou as mil Ave-Marias como penitência para acabar com as "assombrações", deixar bem claro que a igreja Católica não aprovava o Espiritismo.

Início da Mediunidade


Decidido, Chico aprofunda seus conhecimentos pesquisando Allan Kardec e se dedicando cada vez mais ao desenvolvimento mediúnico. No dia 7 de maio de 1927 participa de sua primeira reunião espírita.

Parceria com Emmanuel


O trabalho de psicografia de Chico Xavier foi iniciado em 8 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo. Contando 17 anos de idade, recebeu as primeiras páginas mediúnicas.

Naquela noite dessa memorável data, os Espíritos deram início a um dos trabalhos mais belos de toda a história da humanidade. Foram dezessete folhas de papel preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres do espírita-cristão.

Até o ano de 1931, Chico psicografou muitas poesias e mensagens, várias das quais foram publicadas, à revelia do médium, em jornais e revistas de todo o Brasil.

Nesse mesmo ano, tem a oportunidade de ver, pela primeira vez, o Espírito do nobre Benfeitor Emmanuel, seu inseparável mentor espiritual até o último dia de sua estada entre nós.

O conhecido Benfeitor Emmanuel, ao se apresentar ao médium, falou-lhe do trabalho que a espiritualidade tinha pré-estabelecido para eles, e se o Chico aceitasse a missão que era de divulgar o espiritismo, ele precisaria seguir três requisitos fundamentais, sem os quais o trabalho não lograria êxito.

Então lhe fez a seguinte pergunta: − Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?

− Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem... − respondeu o médium.

− Não será você desamparado − disse-lhe Emmanuel − mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem.

− E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? − tornou o Chico.
− Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço...
Porque o protetor se calasse, o rapaz perguntou: − Qual é o primeiro?

A resposta veio firme: − Disciplina.
− E o segundo? − Disciplina.
− E o terceiro? − Disciplina.


Orientação de Emmanuel ao Médium


A segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada por Chico: Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por longo tempo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.


Mudança para Uberaba


Em 5 de janeiro de 1959, Chico mudou-se para Uberaba, sob a orientação dos Benfeitores Espirituais, iniciando, nessa mesma data, as atividades mediúnicas, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã. Começando daí em diante a famosa peregrinação que procedia aos sábados, saindo da "Comunhão Espírita Cristã" para visitar pessoalmente alguns lares carentes, levando-lhes a alegria de sua presença amiga, acompanhado por grande número de pessoas também dispostas a esse tipo de trabalho, sob a luz das estrelas e de um lampião que seguia à frente, iluminando as escuras ruas da periferia, ele ia contando fatos de grande beleza espiritual.

A cidade de Uberaba, desse modo, transformou-se num polo de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil, e até mesmo do exterior, que para lá se dirigiam com o objetivo de conhecer o médium. As cidades de Pedro Leopoldo e Uberaba estão no coração de Chico em igual plano, como ele sempre disse. Seu amor pelas duas cidades é assim justificado por ele: "Pedro Leopoldo é meu berço e Uberaba é minha bênção".


Produção Literária


No ano de 1932, saiu, publicado pela FEB, o seu primeiro livro, o até hoje famoso e discutido Parnaso de Além-Túmulo; sua produção, então, não teve mais fim, enquanto o médium esteve entre nós. Foi autor de 412 obras, várias delas traduzidas e publicadas em espanhol, esperanto, francês, inglês, japonês, grego etc.

Portador de uma moral ilibada, de uma humildade impressionante e de uma simplicidade incontestável, Chico Xavier jamais auferiu vantagens, de qualquer espécie, ou se apropriou de qualquer privilégio advindo da sua incomparável mediunidade.

Sua vida privada e pública tem sido objeto de toda especulação possível, na informação falada, escrita e televisionada; acusações e críticas ferinas foram por ele suportadas com o exemplo do verdadeiro espírita.

Viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da Doutrina Espírita.

Homenagens que Recebeu


Chico Xavier é hoje uma figura de projeção nacional e internacional, suas entrevistas despertam a atenção de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; em todas as oportunidades em que esteve em programas de TV, respondendo a perguntas das mais diversas, pautou suas respostas pelos postulados espíritas. Foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de várias cidades: São José do Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Campinas, Santos, Catanduva, em São Paulo; Uberlândia, Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no Estado do Rio de Janeiro etc.

Foi eleito o “Mineiro do Século”, superando até mesmo personagens de destaque na história do Brasil e do mundo, como Santos Dumont, o pai da aviação. Além disso, a grande prova do reconhecimento popular pelo seu trabalho foi a forte campanha realizada para que recebesse o prêmio Nobel da Paz em 1981. Nesse encalço, aproximadamente dez milhões de brasileiros endossaram a campanha, assinando manifestos e cartas.


A Morte de Chico Xavier


Chico voltou à pátria espiritual na noite de 30 de junho de 2002, da maneira que sempre dissera que gostaria de morrer: em dia de alegria para o povo brasileiro. Foi atendido em seu propósito, visto que exatamente nessa data o Brasil conquistava a Copa do Mundo de Futebol pela quinta vez, num domingo inesquecível. Tinha 92 anos de idade, estava com vários problemas de saúde e teve uma parada cardíaca; Chico completaria 75 anos de atividade mediúnica no dia 8 de julho de 2002.

Só nos resta agradecê-lo por tudo que fez em benefício de toda a humanidade e dizer do fundo dos nossos corações saudosos:

"Muito obrigado, amigo Chico".

Biografia Resumida do portal O Consolador

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