quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Jesus e a Afetividade


Em sua trajetória na Terra, em especial nos anos de seu messianato, o Mestre conviveu com homens das mais diversas classes sociais e culturais, aproveitando cada momento para oferecer-lhes um novo ensinamento que enfatizasse a supremacia da experiência amorosa como remédio para que as relações humanas fossem mais harmoniosas e felizes, levando a todos, por consequência, a um encontro íntimo com o seu Criador.

Embora desprezado e desonrado pelos seus contemporâneos, o Cristo Jesus, advindo de uma região de pouca importância (Nazaré) e de uma família socialmente desvalorizada, com um papel aparentemente apagado em seu momento histórico, transformou-se na figura mais importante do contexto da história, transformando a contagem cronológica em antes e após a sua vinda.

Certamente, seus ensinamentos foram o grande feito de sua pessoa, mas eles só permaneceram registrados na história pela força dos seus exemplos, que dignificavam a sua posição diante de toda a Humanidade.

O Evangelho não apresenta relatos de que Jesus tenha sorrido (dando a impressão a muitos de que ele desvalorizasse a alegria) ou mesmo informa-nos de gestos simples e afetuosos de sua pessoa, gerados na intimidade do seu lar ou nas residências em que se hospedou; no entanto, informa-nos, a todo momento, do seu cuidado com a pessoa humana, com a valorização da criatura independentemente do sexo, raça, cor ou estado social e enfatiza-nos a importância da disponibilidade íntima e do exercício de servir como regras para o bem viver.

Suas posturas diante das crianças, seus contatos com as mulheres, em especial, com aquelas consideradas de má conduta e de condição social inferior, os diálogos desenvolvidos com indivíduos de outras raças (atitude condenada entre os judeus), aos quais ajudava prontamente, demonstram a sua envergadura espiritual e apontam para a urgência da transformação moral de nossa humanidade, postando-nos afetuosamente diante de qualquer criatura.

Todos seus posicionamentos são lições vivas para o aprendizado do Amor, sem contudo significarem abandono de regras morais divinas e imutáveis. Seus gestos gentis e doces eram substituídos por posicionamentos firmes e incisivos, quando estes se faziam necessários. Seus sentimentos eram coadjuvados pela razão, mas, acima de tudo, seus atos eram a expressão mais pura da Vontade divina, vivência plena da Lei de Deus.

Alguns exemplos, retirados do Novo Testamento, que retratam os seus ensinamentos para o atendimento das criaturas em diferentes condições, fornece o remédio para uma vida mais sadia:

• Para um bom relacionamento: “Fazei aos homens tudo o que queiras que eles vos façam, pois é nisto que consistem a Lei e os Profetas.” (Mt., 7:12)
• Para quem se sente magoado: “Então Pedro, se aproximando, lhe disse: Senhor, quantas vezes perdoarei ao meu irmão, quando ele houver pecado contra mim? Será até sete vezes? Jesus lhe respondeu: Eu não vos digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mt., 18:21-22)
• Para quem não sabe perdoar: “Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ao altar, e ali lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e depois virás apresentar a tua oferta. Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário enquanto estás com ele no caminho...” (Mt., 5: 23-25)
• Para aquele que não sabe como utilizar-se das palavras: “Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não; por que o que passa disto é de procedência maligna.”(Mt. 5:37)
• “Eu vos digo que toda palavra inútil que os homens disserem darão contas no dia do Juízo. Pois por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” (Mt., 12: 36-37)
• Para os sequiosos pela riqueza: “Observai os pássaros do céu: eles não semeiam e não colhem, e não amontoam nada nos celeiros, mas vosso Pai celestial os alimenta; não sois muito mais do que eles? (Mt., 6:26)
• Para os coléricos: “Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encolerizar contra o seu irmão, terá de responder em juízo; aquele que chamar ao seu irmão: Cretino! Estará sujeito ao julgamento do Sinédrio;” (Mt., 5:22)
• Para os ansiosos: “Por isso vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem com vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa?” (Mt., 6:25)
• Para os que vivem em plena juventude: “Que ninguém o despreze por ser jovem. Quanto a você mesmo, seja para os fiéis um modelo na palavra, na conduta, no amor, na fé, na pureza.” ( I Tim., 4: 12)
• Para os temerosos: “E não temais os que matam o corpo, e que não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mt., 10: 28)
• Para os que vivem atormentados pelos apelos sexuais: “Mas, se não são capazes de dominar os seus desejos, então se casem, pois é melhor casar-se do que abrasar-se” (I Cor., 7: 9)
• “Fujam da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem comete, é exterior ao seu corpo; mas quem se entrega à imoralidade peca contra o seu próprio corpo.” (I Cor., 6: 18)
• Para os que se encontram tristes: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.” (Mt., 11: 28)
• Para os orgulhosos: “Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus.” (Mt., 18 : 4)
• Diante dos sofredores: “E qualquer que tiver dado só que seja um copo d’água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” (Mt., 10: 42)
• Diante do pecador: “Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” (João, 8: 11)


Roberto Lúcio Vieira de Souza, Trecho de artigo da RIE (Revista Internacional de Espiritismo, julho/2004)

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