sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Reflexões sobre a Arte e o Espiritismo


A Arte pode contribuir com o Espiritismo de duas formas principais: a) como veículo de divulgação doutrinária, ou seja, na disseminação dos seus conceitos superiores, e b) como elemento de educação do Espírito imortal.

Em suma: a Arte espírita propõe colaborar com a construção moral do ser humano.

A educação moral do Espírito se dá, principalmente, no plano encarnado. Estudamos nossas deficiências na erraticidade, traçamos planos, e vimos aplicá-los aqui na Terra, segundo as necessidades de cada um.

Nossas maiores carências são morais, ou seja, temos poucas virtudes desenvolvidas. E os interesses materiais da vida física abafam ainda mais o seu desenvolvimento.

Nesse ponto, a Arte espírita pode ser muito útil dentro e fora do centro espírita. A criação artística é um ato de amor e liberdade. A criação artística espírita vai mais longe: é um ato de amor e liberdade responsável. O artista espírita tem o compromisso de melhorar o homem com a sua arte, e procura fazê-lo tocando a sua sensibilidade, adubando o seu coração, fermentando a sua inteligência, preparando-o para viver o futuro de fraternidade, onde o amor será a tônica das relações humanas.

A Arte espírita apela para o sentimento mais nobre, para a espiritualização do ser. Ora, como fazer Arte espírita hoje, em termos práticos, se o homem não quer se distanciar da materialidade e está longe das aspirações e esperanças quanto à vida espiritual superior, onde o belo é unanimidade? Como fazer Arte espírita desejável, se grande parte dos homens se identifica tanto ainda com as manifestações primitivas, tribais? São questões.

Apesar das imensas barreiras no meio social, o movimento espírita tem realizado grandes feitos. A Arte espírita está em construção. Seu conceito ainda reflete ideias individuais. Definitivamente, não podemos nos colocar na posição de juízes sobre o que é ou não é arte espírita. Mesmo porque a Arte é, em si, neutra, amoral. O artista é quem lhe dá características morais. Se o artista se disser espírita e não detiver conhecimentos suficientes sobre o Espiritismo, o que disser ou fizer em nome da Arte espírita estará sob suspeição.

Temos de considerar também, por outro lado, que o artista leigo que, com os olhos da alma vai além da matéria e penetra com sua Arte regiões inacessíveis ao vulgo, estará fazendo Arte espírita, sem o saber.

Como somos flagrantemente heterogêneos em todos os meios em que convivemos, é preciso compreender as limitações de entendimento artístico de cada um e, procurando criar projetos dentro de critérios equilibrados, contemplar a todos, atingindo corações e mentes, não só para a alegria da alma, mas para a elevação do espírito.

Se de um lado, não é conveniente ao artista espírita fugir das definições coerentes com aquilo que pretende divulgar, no caso o Espiritismo, por outro, não será produtivo, principalmente nos dias atuais, seguir roteiro intransigente que faça afastar o público ao invés de atraí-lo, perdendo o trabalho a sua finalidade. Seja na música, na literatura, no teatro, no cinema ou em qualquer outra manifestação artística, a inteligência e o bom senso devem orientar o artista espírita no sentido de passar às pessoas a ideia construtiva, o pensamento edificante, o conceito renovador, de uma forma correta, doutrinariamente falando, mas também eficiente. Assim, a Arte espírita ganhará sempre mais simpatizantes se, além de seu elevado conteúdo, for transmitida com métodos modernos de apresentação.

CLÁUDIO BUENO DA SILVA

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