quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Ética Mundial para a Paz


Há fases da vida em que toda a pessoa tem legítimas aspirações que nessas épocas são consideradas utópicas, porém, ninguém pode garantir que, num futuro mais ou menos remoto, se não possam tornar realidades ainda que, relativizadas, em face de uma outra dimensão absoluta que necessariamente se busca e, desesperadamente, se reconhece a incapacidade para a alcançar.

Defronta-se a humanidade com uma realidade que lhe é dada pela natureza das coisas, como um fenômeno, que é interpretado segundo os conhecimentos da ciência e da técnica de cada época, mas cujo núcleo mais profundo ainda se ignora, pese embora, e a favor, o fato de se avançar imenso na descoberta e explicação de tais realidades.

O mistério do insondável persiste e até as coisas mais simples: uma árvore, uma pedra, o movimento das águas, a montanha, o vento, o fogo, o ar, os povos nas suas organizações mais rudimentares e primitivas contêm aspectos que o homem ainda não conhece total e absolutamente.

A sociedade humana, que é uma construção do gênio humano, continua complexa, apesar de toda a evolução da sua estratégica organização, da proliferação e aplicação de regras, complexa, difícil e conflituosa, gerando situações que já não são compatíveis com o estatuto superior que deveria corresponder à dignidade da pessoa humana, numa sociedade que tem a obrigação de se conduzir pelos valores e princípios referenciais desta superior espécie.

O homem (abrangendo, obviamente, os dois gêneros: feminino e masculino), que ao longo da sua história, a partir do seu mais remoto antepassado cientificamente denominado por “hominídeo”, considerando, ainda, a sua evolução nas abordagens filogenética e ontogenética, certamente que tem sido objeto de um progresso a todos os títulos notável, que nenhuma outra espécie animal terá conseguido.

O novo século iniciou-se com as esperanças que transitaram do século anterior, à cabeça das quais se coloca a paz, podendo esta ser entendida como: «A paz, vale dizer a tranquilidade, nascida da ordem, é o mais elevado desses bens desejáveis, pois inclui todos os outros» (SIMÕES, 2000:85), a saúde, o trabalho, a felicidade, entre outras igualmente desejáveis, que se encontram bem identificadas num documento subscrito pela esmagadora maioria dos países do mundo: Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Neste documento universal, resultante do sofrimento provocado por duas guerras mundiais que marcaram negativamente o século XX, aprovado em 10 de Dezembro de 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, estão plasmados, em trinta artigos, os direitos humanos fundamentais, a que lhes correspondem outros tantos deveres, porque cada pessoa que usufrui de um direito tem o dever de proporcionar igual oportunidade ao seu semelhante.

As causas, as soluções e a comprovação dos resultados, para a situação das pessoas, das comunidades e das nações, não cabem no âmbito da presente investigação-reflexão, qualquer que seja a abordagem: científica, técnica, política, social, econômica, religiosa, cultural ou outra.

Pretende-se, isso sim, refletir sobre a possibilidade de se instituir ou melhorar uma filosofia dos deveres individuais institucionais, comunitários e universais, com o objetivo de se idealizar e implementar uma “Nova Ordem Ética Mundial”, tal como já se avança para a “Nova Ordem Econômica Mundial”, para a globalização do capital, da economia, do comércio e em tantos outros setores das atividades humanas. É preciso divulgar, insistir e incrementar, com boas práticas, uma nova ordem ética, para a pessoa nos seus vários papéis, para a comunidade e para o mundo.


DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO

Bibliografia:

SIMÕES, M. C. (2000). Ética e Antropologia em Agostinho. In Phrónesis – Revista de Ética, Campinas: PUC-Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Vol. 2 (1) Jan/Jun. Pp. 75-86

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