segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Richard Simonetti - A importância da Literatura Espírita

Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935. Filho de Francisco Simonetti e Adélia M. Simonetti. Casado com Tânia Regina M. S. Simonetti. Tem quatro filhos: Graziela, Alexandre, Carolina e Giovana. Participa do movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de assistência e promoção social. Articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em dezenas de cidades. É colaborador assíduo de jornais e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O Clarim" e "Folha Espírita".

Funcionário aposentado do Banco do Brasil, vem percorrendo todos os Estados brasileiros e alguns países em palestras de divulgação da Doutrina Espírita.

Nessa entrevista concedida ao jornal "Folha Espírita" ele conta um pouco de sua história, de seu trabalho e da importância da divulgação da Doutrina Espírita através da literatura.


1 - Conte um pouco da sua história pessoal e faça uma resumo de seu envolvimento com a Doutrina Espírita:


Tive a felicidade de nascer em lar espírita. Meus pais trabalharam como médiuns. Minha mãe esteve ligada ao Centro Espírita Amor e Caridade, de Bauru, durante décadas. Tomado pela timidez, pouco frequentei a tradicional evangelização infantil e efêmera foi minha passagem pela Mocidade Espírita, que deixei de frequentar a partir do momento em que me escalaram para a breves comentários em torno de tema doutrinário. Amarelei. Em 1957, com 22 anos, já no movimento adulto, decidi enfrentar o público, numa reunião que me parecia frequentada por uma “multidão”. Eram perto de 30 pessoas. Passava mal. Torcia por um temporal que reduzisse drasticamente o comparecimento. Com o tempo fiquei “sem vergonha”. Tenho passado minha experiência para jovens tímidos, como eu, procurando demonstrar que tudo depende de nosso esforço e a coragem de enfrentar nossas limitações. Com o tempo adquirimos a autoconfiança que nos permite enfrentar com tranquilidade qualquer público.

2 – E os livros? Como explica seu envolvimento com a literatura espírita, com 34 livros publicados?

No dia 19 de fevereiro de 1957 fiz meu début como expositor espírita. Ainda com as pernas bambas, mas aliviado porque a provação terminara, ouvi minha mãe ler vidências que anotara durante a reunião. Duas relacionavam-se comigo. Observou um jovem que saia alegremente de uma livraria, sobraçando muitos livros, e um mentor da casa a entregar-me uma chave e um punhado de folhas de papel em branco. Hoje entendo que havia um compromisso com a literatura espírita. Os livros representavam o convite ao estudo; a chave, uma abertura para uma nova atividade, nas folhas de papel em branco, que se transformariam em livros. Em 1963, despretensiosamente, remeti um artigo para o Dr. Wantuil de Freitas, Presidente da FEB, aventado a possibilidade de aproveitamento na revista Reformador. Para minha surpresa, foi publicado, dando início ao meu trabalho como escritor. Desde então, tenho a honra de pertencer ao quadro de articulistas desse que é o nosso mais importante periódico espírita. Aquele artigo, Medicina Pioneira, abre Para Viver a Grande Mensagem, meu primeiro livro, editado pela FEB, em 1970, graças à generosidade de seu presidente.

3 – O que representa o Espiritismo em sua vida?

O Espiritismo é a própria vida a circular em nossas veias, sustentando-nos o bom ânimo, na medida em que define os porquês da existência, de onde viemos, por que estamos na Terra, para onde vamos, rumo a gloriosa destinação.

4 – Como deve ser a atuação do espírita na sociedade?


Há um termo em moda: cidadania. Ressalta-se o exercício da cidadania como a reivindicação de nossos direitos perante a sociedade. Na verdade o termo é bem mais amplo, envolvendo, sobretudo, nossos deveres. O Espiritismo enfatiza justamente esse aspecto, ajudando-nos a superar o egoísmo milenar que inspira o “viver para si”, entendendo que é preciso, sobretudo, “viver para os outros”, cumprindo a orientação de Jesus. O Mestre deixou bem claro que edificaremos o Reino de Deus na Terra na medida em que estejamos dispostos a fazer pelo semelhante o bem que gostaríamos nos fosse feito.

5 – Como está o movimento espírita?

Depende do enfoque. Se considerarmos a ação social espírita, vai muito bem. Embora sejamos uma minoria, o trabalho social espírita ombreia-se com as religiões majoritárias, o que significa que fazemos bem mais, proporcionalmente. Se considerarmos a divulgação da doutrina, fundamental ao cumprimento de seus objetivos, estamos mal. Somos acanhados e reticentes quando se trata de unir esforços, envolvendo revistas, jornais, radio, televisão… há muito deveríamos ter um canal de televisão e periódicos espíritas consistentes nas bancas e livrarias.

6 – O que deve ser feito para que o Espiritismo seja melhor divulgado?

Fundamentalmente, que nos envolvamos tanto com a divulgação da Doutrina quanto estamos envolvidos com o trabalho filantrópico. Estamos superando o estagio de mero atendimento de necessidades imediatas para a promoção dos assistidos, naquele “ensinar a pescar”, além de “dar o peixe”. Isso é ótimo. Não obstante, mais importante que promover o homem perecível é conscientizar o Espírito imortal em trânsito pela Terra. Por isso Emmanuel proclama que a maior caridade que podemos praticar como espíritas é a própria divulgação da Doutrina. Creio que sempre ajudará, nesse particular, usarmos a imaginação. Foi o que fizemos em Bauru, em 1976, iniciando uma ampla campanha de instalação de Clubes do Livro Espírita, um ovo de Colombo da divulgação espírita, que entrega mensalmente, aos associados, livros espíritas especialmente selecionados, a preço reduzido. Hoje há dezenas de CLES em nosso país e o número só não é bem maior, porque os dirigentes espíritas não param para pensar no potencial dessa ideia tão simples na execução, e de resultados tão amplos na realização.


Minhas Raízes – 31 01 2004 para Jornal Italiano:

Sou italiano da gema. Meus avós paternos e maternos vieram da Calábria, no final do século dezenove, instalando-se em Bauru SP, cidade de 350.000 habitantes, onde nasci e resido. Do lado materno, família Marchioni. Meu avô Valentim era açougueiro. Seu estabelecimento funcionava na frente de sua casa. Era caridoso e liberal. Seus funcionários almoçavam à mesa com ele e os pobres que o procuravam nunca saiam sem um pedaço de carne para a refeição. Teve oito filhos, dentre eles Adélia, minha mãe.

Do lado paterno, família Simonetti. Não conheci meu avô, Afonso, que faleceu novo, com trinta e poucos anos, deixando seus 8 filhos aos cuidados de minha avó, Helena, mulher pequenina, mas muito decidida e atuante, que sustentou a família com o comércio de tecidos e confecções. Meu pai, Francisco, era enfermeiro, à profissão e extremamente caridoso.

As duas famílias se adaptaram maravilhosamente ao Brasil. Os patriarcas e quase todos seus filhos já faleceram, mas filhos, netos, bisnetos e tataranetos multiplicaram-se e estão espalhados por várias cidades, ostentando seus os honrosos sobrenomes italianos, um pouco da Itália em nosso país. Quanto a mim, funcionário aposentado do Banco do Brasil, sou presidente do Centro Espírita Amor e Caridade, de Bauru, entidade que realiza amplo trabalho de divulgação da Doutrina e exercício da filantropia, com perto de 800 voluntários e atendimento de perto de 25.000 carentes, anualmente. Nas horas vagas tenho me dedicado à literatura espírita, com 37 livros publicados, dentro os quais destacaria os estudos sobre O Livro dos Espíritos, em cinco volumes e sobre o Evangelho, em seis volumes, um trocar em miúdos dessas obras fundamentais.

Recentemente foi publicado meu livro Mediunidade, tudo o que você precisa saber e atualmente os preparativos para o lançamento do livro Abaixo a Depressão.


Fonte: Jornal Folha Espírita, janeiro de 2004.

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