A reencarnação não apaga as experiências adquiridas no pretérito; apenas as encobre com o véu do esquecimento, a fim de que o indivíduo possa prosseguir, sem interferências diretas, a sua jornada evolutiva. Na busca constante de novos conhecimentos, o Espírito completará o seu aprendizado ao longo das eras.
O ser humano, a cada encarnação, enfrentará as vicissitudes que definirão o seu aprimoramento. Se bem-sucedido, incorporará novas conquistas; se derrotado, árduas lutas se travarão entre os verdadeiros e falsos valores incorporados.
Jesus apresenta ao homem a fórmula segura para alcançar os seus objetivos sem tombar pelos atalhos:
“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. [...]
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. (Mateus, 7:13 e 21.)
Portanto, todo aquele que direciona a vontade pelos caminhos do estudo, do trabalho digno, do respeito a Deus e aos semelhantes, consegue enriquecer o espírito de bens perenes. Estes bens são conquistas que o tempo jamais apagará.
Experiências adquiridas ficam impressas nos arquivos mentais do Espírito e acompanham-no ao longo das reencarnações, razão pela qual a criança revela tendências incompreensíveis àqueles que desconhecem as leis da reencarnação. De tempos em tempos a mídia revela crianças-prodígio que apresentam o dom da música e se identificam com certos instrumentos sem qualquer aprendizado anterior. Outras encontram tanta intimidade com os números a ponto de realizar cálculos impossíveis de se conceber na faixa etária em que se encontram. Não é raro observar crianças mal saídas do berço que já revelam tendências agressivas e paixão por armas. São tendências que demonstram seu cabedal de experiências adquiridas em outras vidas. Algumas delas se manifestam logo na primeira idade; enquanto outras podem vir à tona em momentos marcantes da vida. Os pais, geralmente, assistem, atônitos, a seus adoráveis rebentos revelarem caráter agressivo ou dócil; confiante ou temeroso; obediente ou revoltado; amoroso ou arredio. Se os genitores apresentam traços semelhantes, certamente se convencerão de que a virtude ou a falha moral, que se manifesta no seu descendente, é de origem hereditária. Daí se ouvir certos refrões: “Aquele menino puxou o gênio do pai, ou a inteligência da mãe”; “Aquele outro tem a agressividade do seu avô”. Há características que em nada se assemelham às dos seus familiares.
O Espiritismo faz luz sobre a diferença entre a hereditariedade e as tendências inatas. Assim, os traços físicos que se assemelham aos dos familiares, como a cor dos olhos, da pele, dos cabelos; compleição física e outros tantos traços, próprios do corpo carnal, pertencem à lei da hereditariedade, pois sua origem está nos elementos biológicos herdados de seus antecessores, os quais compõem a vestimenta material. No entanto, se a criança apresenta deficiências físicas, congênitas ou, até certo ponto, adquiridas, não se pode dizer que são heranças biológicas e sim os reflexos atuais de mazelas que foram armazenadas em vidas anteriores, pelo Espírito que reencarna para cumprir expiação voluntária ou compulsória, a fim de quitar seus débitos com a lei. Entretanto, a hereditariedade pode colaborar para que a lei se cumpra.
As características psicológicas inatas não são heranças que se transmitem de pais para filhos. São, sim, conseqüências de créditos ou débitos adquiridos pelo Espírito em encarnações precedentes. Determinadas tendências que caracterizam o indivíduo podem apresentar semelhanças com as apresentadas por seus genitores. Todavia, se esses traços não foram adquiridos nesta vida, pelos veículos da educação ou do exemplo, certamente se explicam pelas leis da reencarnação. Os dons semelhantes se revelam pela afinidade existente entre famílias espirituais. Há grupos que partilharam, em outras vidas, ou no plano espiritual, experiências afins.
Assim, um ou mais membros de uma mesma família podem ter vivenciado situações pretéritas em que todos ou parte deles pertenceram à mesma família, mesma região, ou participaram de organizações científicas, religiosas, artísticas, profissionais, políticas, que lhes propiciaram tendências semelhantes. Um outro grupo familiar pode se identificar com guerreiros, desordeiros, viciosos com os quais conviveram no passado.
A infância é, portanto, o período apropriado para se reforçar as tendências boas e desfazer as infelizes. E os pais que amam seus filhos não possuem instrumento melhor para educá-los senão o Evangelho, complementado pela disciplina e hábitos saudáveis. Este é o mecanismo para a educação moral do ser em formação.
O insigne Codificador expõe o processo educativo ideal:
“[...] Há um elemento, [...] sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto, a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. [...]”. (O Livro dos Espíritos, questão 685, comentário de Kardec.)
É importante ressaltar que o renascimento não ocorre aleatoriamente, há sempre uma programação com finalidade útil para o Espírito renascente. Portanto, reencarnar não tem por objetivo único cumprir provas e expiações, mas, sobretudo, promover o crescimento do Espírito. Quanto maior o crédito acumulado, mais curto se torna o caminho que conduz aos ideais superiores. Daí a responsabilidade dos pais de investir na educação, no aprimoramento moral dos filhos, ainda no período infantil, a fim de que a reencarnação deles seja proveitosa. Esse é o caminho para que o Espírito cresça de conformidade com os padrões morais evangélicos e, no momento aprazado, retorne à vida espiritual com o futuro consolidado nas leis divinas.
A Doutrina Espírita, alicerçada no Evangelho de Jesus, propõe ao homem o trabalho constante de sua escultura moral.
Aceitar a hereditariedade como causa das insuficiências morais é duvidar da Justiça Divina. A lei da reencarnação é a expressão mais justa da misericórdia do Criador para com suas criaturas. É a oportunidade de desfazer enganos e apagar delitos; de refazer amizades e ampliar vínculos no equilíbrio de energias afins; de se reconstruir o que se destruiu em existências anteriores. É oportunidade de crescer. Afirma Kardec: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4.)
Esse é o objetivo primordial da reencarnação. É importante que o ser humano se conscientize de que nenhuma educação, nenhuma aquisição moral se efetiva sem perseverança, sem esforço, sem Evangelho. A conquista da luz interior só se alcança com muito suor e lágrimas.
Jesus legou ao homem o mais perfeito roteiro de vida: o seu Evangelho, programado para se projetar futuramente no Consolador, que floresceu na Doutrina Espírita. É preciso valorizar esse tesouro.
Para o Espírito recalcitrante, cujos instrumentos educacionais não surtem o efeito desejado, um outro se apresenta infalível: a dor.
Nesse mecanismo de conquistas e aquisições, ou quedas e sofrimentos, de acordo com as leis da vida, a hereditariedade pode colaborar para a realização desse feito. Assim, o conjunto de hábitos morais e intelectuais, adquiridos e aprimorados por uma educação bem direcionada, se agregarão às tendências inatas arquivadas ao longo do carreiro evolutivo, e jamais se perderão com a desintegração da matéria.
Um físico saudável é benesse adquirida em vivências de equilíbrio e respeito à veste carnal, enquanto que um corpo doente reflete os abusos e vícios cultivados. É, pois, a lei da hereditariedade que faculta esta tarefa. Uma mente prodigiosa revela as conquistas encetadas ao longo de muitas encarnações. Porém, somente um Espírito evangelizado irradiará a paz das conquistas sedimentadas nos celeiros de obras realizadas em sincronia com as leis divinas.
Esta realidade, revelada pela Doutrina dos Espíritos, é o cerne da semente plantada pelo Divino Lavrador.
A. Merci Spada Borges
Fonte: Revista Reformador, fevereiro de 2007
O ser humano, a cada encarnação, enfrentará as vicissitudes que definirão o seu aprimoramento. Se bem-sucedido, incorporará novas conquistas; se derrotado, árduas lutas se travarão entre os verdadeiros e falsos valores incorporados.
Jesus apresenta ao homem a fórmula segura para alcançar os seus objetivos sem tombar pelos atalhos:
“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela. [...]
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. (Mateus, 7:13 e 21.)
Portanto, todo aquele que direciona a vontade pelos caminhos do estudo, do trabalho digno, do respeito a Deus e aos semelhantes, consegue enriquecer o espírito de bens perenes. Estes bens são conquistas que o tempo jamais apagará.
Experiências adquiridas ficam impressas nos arquivos mentais do Espírito e acompanham-no ao longo das reencarnações, razão pela qual a criança revela tendências incompreensíveis àqueles que desconhecem as leis da reencarnação. De tempos em tempos a mídia revela crianças-prodígio que apresentam o dom da música e se identificam com certos instrumentos sem qualquer aprendizado anterior. Outras encontram tanta intimidade com os números a ponto de realizar cálculos impossíveis de se conceber na faixa etária em que se encontram. Não é raro observar crianças mal saídas do berço que já revelam tendências agressivas e paixão por armas. São tendências que demonstram seu cabedal de experiências adquiridas em outras vidas. Algumas delas se manifestam logo na primeira idade; enquanto outras podem vir à tona em momentos marcantes da vida. Os pais, geralmente, assistem, atônitos, a seus adoráveis rebentos revelarem caráter agressivo ou dócil; confiante ou temeroso; obediente ou revoltado; amoroso ou arredio. Se os genitores apresentam traços semelhantes, certamente se convencerão de que a virtude ou a falha moral, que se manifesta no seu descendente, é de origem hereditária. Daí se ouvir certos refrões: “Aquele menino puxou o gênio do pai, ou a inteligência da mãe”; “Aquele outro tem a agressividade do seu avô”. Há características que em nada se assemelham às dos seus familiares.
O Espiritismo faz luz sobre a diferença entre a hereditariedade e as tendências inatas. Assim, os traços físicos que se assemelham aos dos familiares, como a cor dos olhos, da pele, dos cabelos; compleição física e outros tantos traços, próprios do corpo carnal, pertencem à lei da hereditariedade, pois sua origem está nos elementos biológicos herdados de seus antecessores, os quais compõem a vestimenta material. No entanto, se a criança apresenta deficiências físicas, congênitas ou, até certo ponto, adquiridas, não se pode dizer que são heranças biológicas e sim os reflexos atuais de mazelas que foram armazenadas em vidas anteriores, pelo Espírito que reencarna para cumprir expiação voluntária ou compulsória, a fim de quitar seus débitos com a lei. Entretanto, a hereditariedade pode colaborar para que a lei se cumpra.
As características psicológicas inatas não são heranças que se transmitem de pais para filhos. São, sim, conseqüências de créditos ou débitos adquiridos pelo Espírito em encarnações precedentes. Determinadas tendências que caracterizam o indivíduo podem apresentar semelhanças com as apresentadas por seus genitores. Todavia, se esses traços não foram adquiridos nesta vida, pelos veículos da educação ou do exemplo, certamente se explicam pelas leis da reencarnação. Os dons semelhantes se revelam pela afinidade existente entre famílias espirituais. Há grupos que partilharam, em outras vidas, ou no plano espiritual, experiências afins.
Assim, um ou mais membros de uma mesma família podem ter vivenciado situações pretéritas em que todos ou parte deles pertenceram à mesma família, mesma região, ou participaram de organizações científicas, religiosas, artísticas, profissionais, políticas, que lhes propiciaram tendências semelhantes. Um outro grupo familiar pode se identificar com guerreiros, desordeiros, viciosos com os quais conviveram no passado.
A infância é, portanto, o período apropriado para se reforçar as tendências boas e desfazer as infelizes. E os pais que amam seus filhos não possuem instrumento melhor para educá-los senão o Evangelho, complementado pela disciplina e hábitos saudáveis. Este é o mecanismo para a educação moral do ser em formação.
O insigne Codificador expõe o processo educativo ideal:
“[...] Há um elemento, [...] sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto, a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. [...]”. (O Livro dos Espíritos, questão 685, comentário de Kardec.)
É importante ressaltar que o renascimento não ocorre aleatoriamente, há sempre uma programação com finalidade útil para o Espírito renascente. Portanto, reencarnar não tem por objetivo único cumprir provas e expiações, mas, sobretudo, promover o crescimento do Espírito. Quanto maior o crédito acumulado, mais curto se torna o caminho que conduz aos ideais superiores. Daí a responsabilidade dos pais de investir na educação, no aprimoramento moral dos filhos, ainda no período infantil, a fim de que a reencarnação deles seja proveitosa. Esse é o caminho para que o Espírito cresça de conformidade com os padrões morais evangélicos e, no momento aprazado, retorne à vida espiritual com o futuro consolidado nas leis divinas.
A Doutrina Espírita, alicerçada no Evangelho de Jesus, propõe ao homem o trabalho constante de sua escultura moral.
Aceitar a hereditariedade como causa das insuficiências morais é duvidar da Justiça Divina. A lei da reencarnação é a expressão mais justa da misericórdia do Criador para com suas criaturas. É a oportunidade de desfazer enganos e apagar delitos; de refazer amizades e ampliar vínculos no equilíbrio de energias afins; de se reconstruir o que se destruiu em existências anteriores. É oportunidade de crescer. Afirma Kardec: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4.)
Esse é o objetivo primordial da reencarnação. É importante que o ser humano se conscientize de que nenhuma educação, nenhuma aquisição moral se efetiva sem perseverança, sem esforço, sem Evangelho. A conquista da luz interior só se alcança com muito suor e lágrimas.
Jesus legou ao homem o mais perfeito roteiro de vida: o seu Evangelho, programado para se projetar futuramente no Consolador, que floresceu na Doutrina Espírita. É preciso valorizar esse tesouro.
Para o Espírito recalcitrante, cujos instrumentos educacionais não surtem o efeito desejado, um outro se apresenta infalível: a dor.
Nesse mecanismo de conquistas e aquisições, ou quedas e sofrimentos, de acordo com as leis da vida, a hereditariedade pode colaborar para a realização desse feito. Assim, o conjunto de hábitos morais e intelectuais, adquiridos e aprimorados por uma educação bem direcionada, se agregarão às tendências inatas arquivadas ao longo do carreiro evolutivo, e jamais se perderão com a desintegração da matéria.
Um físico saudável é benesse adquirida em vivências de equilíbrio e respeito à veste carnal, enquanto que um corpo doente reflete os abusos e vícios cultivados. É, pois, a lei da hereditariedade que faculta esta tarefa. Uma mente prodigiosa revela as conquistas encetadas ao longo de muitas encarnações. Porém, somente um Espírito evangelizado irradiará a paz das conquistas sedimentadas nos celeiros de obras realizadas em sincronia com as leis divinas.
Esta realidade, revelada pela Doutrina dos Espíritos, é o cerne da semente plantada pelo Divino Lavrador.
A. Merci Spada Borges
Fonte: Revista Reformador, fevereiro de 2007
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