Encerramos o especial do mês "Reencontro com a Vida" com o texto da Revista Reformador, de outubro 2008, que fala da vida espiritual e a reencarnação nos diferentes tipos de mundos.
Dois mil anos são passados desde aqueles tempos em que a voz de Jesus se fez ouvir sobre a ambiência sombria da Terra: Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai. Se assim não fosse eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos o lugar [...] para que, onde eu estiver, estejais vós também. (João, 14:1-3.)
Jesus se refere aos mundos materiais e espirituais que circulam pelo espaço infinito. Cada mundo está destinado a acolher encarnados ou desencarnados de acordo com o grau de adiantamento ou de inferioridade moral em que se encontram. Esses mundos classificam-se em primitivos, de provas e expiações, regeneradores, felizes e celestes ou divinos. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III.)
A Terra, no contexto universal, não é um recanto de lazer, e sim um planeta que acolhe almas em provas e expiações. Considerada, ao mesmo tempo, hospital, penitenciária, escola, daí partem os Espíritos para mundos melhores após comprovar, no trabalho do bem, a cura de suas moléstias morais.
Diz a tradição religiosa que, após a morte do corpo, a alma pode ir para o céu, o inferno ou o purgatório. Os Espíritos da Codificação Espírita esclarecem que “são simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. [...] os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos”. (O Livro dos Espíritos, questão 1012, Ed. FEB.) E ainda: “Que se deve entender por purgatório?” “Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre,na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.” (Op. cit., questão 1013.)
Aceitar as penas eternas é admitir a existência de um Criador incapaz de perdoar e que condena injustamente os que cometeram tanto pequenas, quanto grandes faltas.
Jesus inaugurou a era do Amor. Desfez a imagem distorcida que os homens faziam de Deus e proclamou a existência de um Deus “único, onipotente, soberanamente justo e bom” (O Livro dos Espíritos, questão 13). Sendo o amor a excelência de seus atributos, enviou Jesus, guia e modelo mais perfeito (O Livro dos Espíritos, questão 625), para conduzir os passos da Humanidade em sua direção. Jamais suas criaturas seriam condenadas às penas eternas. Se assim fosse, o perdão, ensinado e exemplificado pelo Cristo, não teria razão de ser.
O perdão é a chave que abre as portas da regeneração. Eis a resposta do Mestre quando questionado por Pedro: Senhor, até quantas vezes o meu irmão pecará contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete. (Mateus,18:21-22.)
Em todo o Evangelho, Jesus exalta o perdão das ofensas e, do alto da cruz, dá o maior testemunho de suas palavras.
A linguagem de Jesus é rica em metáforas e simbolismos. Interpretar a expressão fogo do inferno ao pé da letra é contradizer o amor que transcende de seus ensinos.
Existe uma visão futura mais plena de esperança e de amor do que a proposta por Jesus? O que seria mais racional? Crer em uma única existência, sem qualquer fio de esperança, amargurado sob o pavor das penas eternas, sem chance de novas oportunidades, ou acreditar nas diferentes moradas que acolhem os Espíritos de acordo com o grau de progresso alcançado por eles?
Deus é misericórdia, é amor. Ele perdoa suas criaturas através de novas oportunidades.
E como seria? Naturalmente, pela reencarnação; tantas vezes quantas necessárias, até o Espírito quitar os débitos com a Lei, ao mesmo tempo em que edifica a própria evolução. O Evangelho registra inúmeras referências à reencarnação e à vida espiritual. Essa verdade, com o passar dos séculos, foi encoberta pelos interesses vigentes da época. O homem, para preservar o poder, disseminou o fantasma do medo, criando um futuro de sofrimento atroz, que gerou a crença nas penas eternas. As claridades do Consolador prometido por Jesus vieram restaurar a crença na reencarnação e devolver ao homem a esperança de refazer sua jornada evolutiva.
A reencarnação é o perfeito mecanismo da justiça divina.
Uma análise sincera dos pensamentos, das palavras e dos atos pode proporcionar ao homem a previsão do seu futuro. Virtudes ou defeitos aqui cultivados serão os atributos da vida futura. E, de acordo com a lei de afinidade, que rege o Universo e todos os seres da criação, automaticamente o Espírito será atraído por aqueles a quem se afinam em virtudes ou imperfeições. A Lei Divina se incumbe de aproximar os semelhantes. Os projetos nobres, as tarefas edificantes serão passaporte para o trabalho do bem. Por outro lado, os comprometimentos delituosos agrilhoarão os comparsas criminosos em regiões inferiores. O homem é o construtor em potencial do seu futuro.
As moradas espirituais, constituídas de matéria sutil, são edificadas pela força do pensamento. O pensamento equilibrado no bem constrói maravilhas. Entretanto, as regiões inferiores, produto das mentes em desequilíbrio, refletem os sombrios procedimentos em que se aprazem. Tais Espíritos, tanto se lesam com suas atitudes criminosas, que enterram os talentos da organização, da beleza, do discernimento, sob os escombros da descrença, do ódio e da vingança. Ambientados no cultivo de pensamentos e ações delituosos, continuarão, no mundo espiritual, ostentando a mente em desajuste. Sentem-se injustiçados, sem, contudo, admitirem que foram aprisionados nas próprias teias que teceram. Assim permanecem, voluntariamente, no reduto da dor educativa, até que se proponham à recuperação do equilíbrio e da paz. O arrependimento e a transformação moral lhes abrirão as portas de novas oportunidades. É a manifestação da justiça divina que dá a cada um segundo as suas obras.
As regiões infelizes nada mais são do que projeções da rebeldia dos próprios habitantes. Todavia, o tempo de expiação é de duração transitória, jamais eterna, como querem os adeptos do inferno. Por isso, Jesus adverte: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João, 8:32.)
Por outro lado, um céu de ociosidade e contemplação é utopia. Na realidade, existem, sim, regiões sublimadas e dinâmicas, em que almas enobrecidas se dedicam ao trabalho do bem universal. Portanto, céu, inferno e purgatório, do ponto de vista teológico, são crenças que não se sustentam.
Allan Kardec esclarece:
A localização absoluta das regiões das penas e recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender. (O Livro dos Espíritos, questão 1012, comentário de Kardec.)
Foi necessário que as luzes do Consolador projetassem sua claridade sobre os homens para que entendessem as verdades contidas no Evangelho de Jesus.
A. Merci Spada Borges (Reformador • Outubro 2008)
As Moradas do Pai à Luz do Consolador
Dois mil anos são passados desde aqueles tempos em que a voz de Jesus se fez ouvir sobre a ambiência sombria da Terra: Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai. Se assim não fosse eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos o lugar [...] para que, onde eu estiver, estejais vós também. (João, 14:1-3.)
Jesus se refere aos mundos materiais e espirituais que circulam pelo espaço infinito. Cada mundo está destinado a acolher encarnados ou desencarnados de acordo com o grau de adiantamento ou de inferioridade moral em que se encontram. Esses mundos classificam-se em primitivos, de provas e expiações, regeneradores, felizes e celestes ou divinos. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III.)
A Terra, no contexto universal, não é um recanto de lazer, e sim um planeta que acolhe almas em provas e expiações. Considerada, ao mesmo tempo, hospital, penitenciária, escola, daí partem os Espíritos para mundos melhores após comprovar, no trabalho do bem, a cura de suas moléstias morais.
Diz a tradição religiosa que, após a morte do corpo, a alma pode ir para o céu, o inferno ou o purgatório. Os Espíritos da Codificação Espírita esclarecem que “são simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. [...] os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos”. (O Livro dos Espíritos, questão 1012, Ed. FEB.) E ainda: “Que se deve entender por purgatório?” “Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre,na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.” (Op. cit., questão 1013.)
Aceitar as penas eternas é admitir a existência de um Criador incapaz de perdoar e que condena injustamente os que cometeram tanto pequenas, quanto grandes faltas.
Jesus inaugurou a era do Amor. Desfez a imagem distorcida que os homens faziam de Deus e proclamou a existência de um Deus “único, onipotente, soberanamente justo e bom” (O Livro dos Espíritos, questão 13). Sendo o amor a excelência de seus atributos, enviou Jesus, guia e modelo mais perfeito (O Livro dos Espíritos, questão 625), para conduzir os passos da Humanidade em sua direção. Jamais suas criaturas seriam condenadas às penas eternas. Se assim fosse, o perdão, ensinado e exemplificado pelo Cristo, não teria razão de ser.
O perdão é a chave que abre as portas da regeneração. Eis a resposta do Mestre quando questionado por Pedro: Senhor, até quantas vezes o meu irmão pecará contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete. (Mateus,18:21-22.)
Em todo o Evangelho, Jesus exalta o perdão das ofensas e, do alto da cruz, dá o maior testemunho de suas palavras.
A linguagem de Jesus é rica em metáforas e simbolismos. Interpretar a expressão fogo do inferno ao pé da letra é contradizer o amor que transcende de seus ensinos.
Existe uma visão futura mais plena de esperança e de amor do que a proposta por Jesus? O que seria mais racional? Crer em uma única existência, sem qualquer fio de esperança, amargurado sob o pavor das penas eternas, sem chance de novas oportunidades, ou acreditar nas diferentes moradas que acolhem os Espíritos de acordo com o grau de progresso alcançado por eles?
Deus é misericórdia, é amor. Ele perdoa suas criaturas através de novas oportunidades.
E como seria? Naturalmente, pela reencarnação; tantas vezes quantas necessárias, até o Espírito quitar os débitos com a Lei, ao mesmo tempo em que edifica a própria evolução. O Evangelho registra inúmeras referências à reencarnação e à vida espiritual. Essa verdade, com o passar dos séculos, foi encoberta pelos interesses vigentes da época. O homem, para preservar o poder, disseminou o fantasma do medo, criando um futuro de sofrimento atroz, que gerou a crença nas penas eternas. As claridades do Consolador prometido por Jesus vieram restaurar a crença na reencarnação e devolver ao homem a esperança de refazer sua jornada evolutiva.
A reencarnação é o perfeito mecanismo da justiça divina.
Uma análise sincera dos pensamentos, das palavras e dos atos pode proporcionar ao homem a previsão do seu futuro. Virtudes ou defeitos aqui cultivados serão os atributos da vida futura. E, de acordo com a lei de afinidade, que rege o Universo e todos os seres da criação, automaticamente o Espírito será atraído por aqueles a quem se afinam em virtudes ou imperfeições. A Lei Divina se incumbe de aproximar os semelhantes. Os projetos nobres, as tarefas edificantes serão passaporte para o trabalho do bem. Por outro lado, os comprometimentos delituosos agrilhoarão os comparsas criminosos em regiões inferiores. O homem é o construtor em potencial do seu futuro.
As moradas espirituais, constituídas de matéria sutil, são edificadas pela força do pensamento. O pensamento equilibrado no bem constrói maravilhas. Entretanto, as regiões inferiores, produto das mentes em desequilíbrio, refletem os sombrios procedimentos em que se aprazem. Tais Espíritos, tanto se lesam com suas atitudes criminosas, que enterram os talentos da organização, da beleza, do discernimento, sob os escombros da descrença, do ódio e da vingança. Ambientados no cultivo de pensamentos e ações delituosos, continuarão, no mundo espiritual, ostentando a mente em desajuste. Sentem-se injustiçados, sem, contudo, admitirem que foram aprisionados nas próprias teias que teceram. Assim permanecem, voluntariamente, no reduto da dor educativa, até que se proponham à recuperação do equilíbrio e da paz. O arrependimento e a transformação moral lhes abrirão as portas de novas oportunidades. É a manifestação da justiça divina que dá a cada um segundo as suas obras.
As regiões infelizes nada mais são do que projeções da rebeldia dos próprios habitantes. Todavia, o tempo de expiação é de duração transitória, jamais eterna, como querem os adeptos do inferno. Por isso, Jesus adverte: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João, 8:32.)
Por outro lado, um céu de ociosidade e contemplação é utopia. Na realidade, existem, sim, regiões sublimadas e dinâmicas, em que almas enobrecidas se dedicam ao trabalho do bem universal. Portanto, céu, inferno e purgatório, do ponto de vista teológico, são crenças que não se sustentam.
Allan Kardec esclarece:
A localização absoluta das regiões das penas e recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender. (O Livro dos Espíritos, questão 1012, comentário de Kardec.)
Foi necessário que as luzes do Consolador projetassem sua claridade sobre os homens para que entendessem as verdades contidas no Evangelho de Jesus.
A. Merci Spada Borges (Reformador • Outubro 2008)
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