Interpretação
Para interpretar com segurança um trecho da Escritura, é mister
a) isenção de preconceitos.
b) mente livre, não subordinada a dogmas.
c) inteligência humilde, para entender o que realmente está escrito, e não querer impor ao escrito o que se tem em mente.
d) raciocínio perquiridor e sagaz.
e) cultura ampla e polimorfa mas sobretudo:
f) coração desprendido (puro) e unido a Deus.
Os quatro primeiros itens são pessoais, geralmente inatos, mas podem ser adquiridos por qualquer pessoa. O item (e) requer conhecimento profundo de hebraico, grego e latim, assim como de idiomas correlatos (árabe, sírio, caldaico, arameu, copto, egípcio, etc.) , contato com obras de autores profanos da literatura greco-latina, dos Pais da igreja, etc. Noções seguras de história, geografia, etnografia, ciências naturais, astronomia, cronologias e calendários, assim como de mitologias e obras de outros povos antigos.
Mas há necessidade, ainda, de obedecer a determinadas regras:
1.ª regra - estudar o trecho e cada palavra gramaticalmente, dentro das regras léxicas, sintáticas e etimológicas, assim como do uso tradicional dos termos e das expressões.
Por exemplo, a título de ilustração:
a - existem freqüentes hendíades (isto é, emprego de duas palavras unidas pela preposição, em lugar de um substantivo e um adjetivo) , como: obras de fé por obras fiéis; trabalho de caridade, por trabalho caridoso; paciência de esperança por paciência esperançosa; espírito da promessa por espírito prometido, ou então, duas palavras unidas pela conjunção (e) , ao invés de o serem pela preposição, como: ressurreição E vida por ressurreição DA vida; caminho, verdade e vida, por caminho DA verdade e DA VIDA , etc, isto porque, em hebraico, eram colocados dois substantivos, um ao lado do outro e isto bastava para relacioná-los;
b - a expressão filho de exprime o possuidor de uma qualidade (positiva ou negativa) : filho da paz significa pacífico; filho da luz quer dizer iluminado (cfr. Lc. 10:6 e Ef. 5:8);
c - expressões típicas, como se alguém não aborrecer. . . (Lc. 14:26) , exprimindo: se alguém não amar menos. . .;
d - os números possuem sentido muito simbólico, assim:
10 - diversos
40 -muitos
7 - grande número
70 - todos, sempre
Então, não devem ser tomados à risca.
e - os nomes de cidade e de pessoas precisam ser observados com atenção. Basta recordar que César, em Lc. 2:1 refere-se a Tibério, mas em At. 25:21 refere-se a Nero.
2.ª regra - Interpretar o texto de acordo com o contexto. Por exemplo, obras pode significar boas ações, como em Rom. 2:6, em Mt. 16:27; ou pode exprimir apenas ritos, liturgia, como em Rom. 3:20, 28, etc.
Neste campo, podemos explicar o texto segundo o contexto, quer por analogia, quer por antítese; ou então, por paralelismo com outros passos.
Não perder de vista, no contexto, que:
a - as palavras podem ser compreendidas em sentido mais, ou menos, amplo, do que o sentido ordinário;
b - as palavras podem exprimir o contrário (por ironia) , como em Jo. 6:68;
c - não havendo sinais diacríticos nem pontuação nos manuscritos e códices, temos que estudar a localização exata das vírgulas e demais sinais, especialmente dos parênteses;
d - podem aparecer diálogos retóricos, como em Rom. cap. 3.
3.ª regra - Quando há dificuldade, consideremos o objetivo do livro ou do trecho, e interpretemos o pequeno dentro do grande, o pormenor dentro do geral, a frase dentro do período. Por exemplo, em Romanos (14:5) Paulo permite aos judeus a observância de datas, enquanto aos Gálatas (4:10-11) proíbe que o façam; isto porque, entre estes, os judeus queriam obrigar os gentios à observância das datas judaicas.
4.ª regra - Comparar Escritura com Escritura, é melhor que fazê-lo com obras profanas. Por exemplo, a expressão revestir o Cristo (Gál. 3:27) é explicada em Rom. 13:14 e é descrita em pormenores em Col. 3:10.
a) isenção de preconceitos.
b) mente livre, não subordinada a dogmas.
c) inteligência humilde, para entender o que realmente está escrito, e não querer impor ao escrito o que se tem em mente.
d) raciocínio perquiridor e sagaz.
e) cultura ampla e polimorfa mas sobretudo:
f) coração desprendido (puro) e unido a Deus.
Os quatro primeiros itens são pessoais, geralmente inatos, mas podem ser adquiridos por qualquer pessoa. O item (e) requer conhecimento profundo de hebraico, grego e latim, assim como de idiomas correlatos (árabe, sírio, caldaico, arameu, copto, egípcio, etc.) , contato com obras de autores profanos da literatura greco-latina, dos Pais da igreja, etc. Noções seguras de história, geografia, etnografia, ciências naturais, astronomia, cronologias e calendários, assim como de mitologias e obras de outros povos antigos.
Mas há necessidade, ainda, de obedecer a determinadas regras:
1.ª regra - estudar o trecho e cada palavra gramaticalmente, dentro das regras léxicas, sintáticas e etimológicas, assim como do uso tradicional dos termos e das expressões.
Por exemplo, a título de ilustração:
a - existem freqüentes hendíades (isto é, emprego de duas palavras unidas pela preposição, em lugar de um substantivo e um adjetivo) , como: obras de fé por obras fiéis; trabalho de caridade, por trabalho caridoso; paciência de esperança por paciência esperançosa; espírito da promessa por espírito prometido, ou então, duas palavras unidas pela conjunção (e) , ao invés de o serem pela preposição, como: ressurreição E vida por ressurreição DA vida; caminho, verdade e vida, por caminho DA verdade e DA VIDA , etc, isto porque, em hebraico, eram colocados dois substantivos, um ao lado do outro e isto bastava para relacioná-los;
b - a expressão filho de exprime o possuidor de uma qualidade (positiva ou negativa) : filho da paz significa pacífico; filho da luz quer dizer iluminado (cfr. Lc. 10:6 e Ef. 5:8);
c - expressões típicas, como se alguém não aborrecer. . . (Lc. 14:26) , exprimindo: se alguém não amar menos. . .;
d - os números possuem sentido muito simbólico, assim:
10 - diversos
40 -muitos
7 - grande número
70 - todos, sempre
Então, não devem ser tomados à risca.
e - os nomes de cidade e de pessoas precisam ser observados com atenção. Basta recordar que César, em Lc. 2:1 refere-se a Tibério, mas em At. 25:21 refere-se a Nero.
2.ª regra - Interpretar o texto de acordo com o contexto. Por exemplo, obras pode significar boas ações, como em Rom. 2:6, em Mt. 16:27; ou pode exprimir apenas ritos, liturgia, como em Rom. 3:20, 28, etc.
Neste campo, podemos explicar o texto segundo o contexto, quer por analogia, quer por antítese; ou então, por paralelismo com outros passos.
Não perder de vista, no contexto, que:
a - as palavras podem ser compreendidas em sentido mais, ou menos, amplo, do que o sentido ordinário;
b - as palavras podem exprimir o contrário (por ironia) , como em Jo. 6:68;
c - não havendo sinais diacríticos nem pontuação nos manuscritos e códices, temos que estudar a localização exata das vírgulas e demais sinais, especialmente dos parênteses;
d - podem aparecer diálogos retóricos, como em Rom. cap. 3.
3.ª regra - Quando há dificuldade, consideremos o objetivo do livro ou do trecho, e interpretemos o pequeno dentro do grande, o pormenor dentro do geral, a frase dentro do período. Por exemplo, em Romanos (14:5) Paulo permite aos judeus a observância de datas, enquanto aos Gálatas (4:10-11) proíbe que o façam; isto porque, entre estes, os judeus queriam obrigar os gentios à observância das datas judaicas.
4.ª regra - Comparar Escritura com Escritura, é melhor que fazê-lo com obras profanas. Por exemplo, a expressão revestir o Cristo (Gál. 3:27) é explicada em Rom. 13:14 e é descrita em pormenores em Col. 3:10.
Carlos Torres Pastorino, do livro “Sabedoria do Evangelho”
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