segunda-feira, 14 de junho de 2010


Esquema Eterno da Missão de Jesus


JESUS é um espírito humano, com uma evolução incalculável à nossa dianteira. Foi ele quem criou este globo terráqueo (senão todo o sistema solar). Ele mesmo, Jesus -habitante elevadíssimo de algum planeta divino - (na casa de meu Pai há muitas moradas, Jo. 14:2) teve o encargo de criar mais um planeta no Universo infinito.

Assim como determinamos a uma criança que, de um pedaço de madeira, faça uma espátula; ou encarregamos a um mestre de obras a construção de uma casa; ou solicitamos de um engenheiro a construção de uma máquina eletrônica; assim Jesus foi o encarregado de construir um planeta. E ele o fez. Não num abrir e fechar d’olhos, como num passe de mágica; nem sozinho, mas com auxiliares diretos seus arquitetos divinos e de força transcendente. A Bíblia, no Gênesis, confirma isso, quando diz que o mundo (a Terra) foi feita pelos elohim. A palavra hebraica elohim é o plural de elohá, e exprime os espíritos. Todos os elohim estavam sob a direção de um Espírito-Chefe, que o Velho Testamento chama Jeová (YHVH).

Esse espírito Jeová foi o construtor ou criador da Terra; ele agora estava na Terra, a Terra foi feita por ele, e os seus não o reconheceram... Vemos uma semelhança entre Jeová e Jesus; Jeová, o Espírito diretor das atividades da Terra, tomou o nome de Jesus quando reencarnou em nosso (melhor, em SEU planeta). Leia-se o que está escrito em Isaías, quando esse profeta fala ao povo israelita: em ti nascerá Jeová (Is.60:2).

Além disso, se dividirmos ao meio o tetragrama sagrado (YHVH) , e no centro acrescentarmos um schin, a leitura será exatamente o nome YEH-SH-UAH, ou seja, Jesus em hebraico: ׳תות - .׳תשות. Ele veio entre os seus, e os seus não o receberam. Realmente, todos nós, na Terra, pertencemos a ele, que nos veio trazendo desde o início da evolução, acompanhando nossos passos com carinho e amor. E o apóstolo prossegue: deu o poder de tornar-se filhos de Deus a todos os que o receberam e acreditaram em seu nome. Não por causa de privilégios, mas por evolução própria, veremos mais abaixo.

A expressão filho de, muitíssimo usada na Bíblia, é um hebraísmo que exprime o ser, que possui a qualidade do substantivo que se lhe segue. Por exemplo: filho da paz é o pacifico; filho da luz é o iluminado; então, filho de Deus é o ser que se divinizou, que se tornou participante da Divindade, que conseguiu ser um com o Pai. E todos os que nele acreditam e obedecem a seus preceitos, tornam-se divinos: eu e o Pai viremos e Nele faremos morada (Jo. 14:23).

Aí reside o segredo de a criatura tornar-se divina.

Mas esses seres que se divinizaram, não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. São três expressões claras: o sangue, a carne, o homem. Desses três não depende o tornar-se divino. O sangue exprime a alma, ou corpo astral, ou perispírito, conforme se lê a alma da carne é o sangue (Lev. 17:11); a carne representa o corpo físico, a matéria densa, acompanhada logicamente do duplo etérico; o homem simboliza o intelecto. Essas são as partes constituintes da personalidade. E realmente não depende da personalidade o encontro com Deus, e sim da individualidade superior. Tornam-se unidos a Deus aqueles que já vivem na individualidade, embora ainda encarcerados na matéria, presos à personalidade inferior e transitória da carne.

Continua o evangelista a explanar o mesmo assunto: o Verbo se fez carne e construiu seu tabernáculo dentro de nós (verifique-se o sentido do original grego: έσиήуωσЄу EN ήµτу . Precisamente o grande mistério revelado: o Cristo, em que se transformou o Verbo, reside dentro de cada um de nós, dentro de nossa matéria, de nossa carne: o Verbo se tornou carne. E espera que vamos ao encontro dele, que nele acreditemos, porque ele aí está, cheio de graça e de verdade, ou seja, cheio da verdadeira graça que é a benevolência ( хαρις ) e o amor.

A glória do Cristo dentro de cada um de nós ainda não se manifesta exteriormente, por causa de nossa imperfeição: somos como lâmpadas poderosíssimas e acesas, mas revestidas de grossa camada de lama, que não deixa transparecer a luz que existe internamente. Em Jesus, não: a limpeza era absoluta, sua transparência era mais límpida que a do mais puro cristal imaginável, e a luz interna do Cristo era totalmente visível, a tal ponto que Paulo pôde escrever: nele habitava Toda a plenitude da Divindade (Col. 2:9) . Por isso foi Jesus chamado O Cristo, e dele disse o evangelista: nós contemplamos a sua glória, glória igual a do filho unigênito do Pai, ou seja, a glória de Jesus era igual à glória do Cristo Eterno, Filho de Deus, terceiro aspecto da Divindade.

Não podemos, pois, condenar aqueles que, durante tantos séculos, adoraram e adoram a Jesus como Deus: sim, Jesus é a manifestação plena da Divindade. Em todas as criaturas reside Deus no mesmo grau, mas em nós, imperfeitos, Deus se acha encoberto por nossa personalidade vaidosa; em Jesus, todavia, perfeitíssimo como era, o Cristo Eterno transparecia com assombrosa pureza. E todos os que tinham olhos de ver, reconheceram essa manifestação cristônica. Não viram Deus em si, ou seja, o Espírito Absoluto. O próprio evangelista esclarece: ninguém jamais viu Deus. Mas o Filho Unigênito (o Cristo) , que está no seio do Pai o revelou, manifestando-se em Jesus. E está conclamando todos os homens para que o revelem. Paulo o descreve com palavras sentidas: o Espirito vem em auxílio de nossa fraqueza... e intercede por nós com gemidos indizíveis (Rom. 8:26) .

João Batista reconhecia que Jesus era maior e anterior a ele, Mas assim como em Jesus habitava toda a plenitude da Divindade. Assim também nós todos recebemos de sua plenitude. Deus não faz acepção de pessoas. Dá tudo a todos igualmente. Mas cada um recebe de acordo com sua capacidade receptiva, com sua evolução.


Carlos Torres Pastorino

Extraído do capítulo Esquema eterno da missão de Jesus, do livro “Sabedoria do Evangelho”, de Carlos Torres Pastorino

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