quinta-feira, 9 de junho de 2016

Palavra e Vida



Não desprimores, nem firas
O coração que te escuta,
Às vezes, em febre e luta,
Na provação em que jaz;
Pelo recurso da voz
Que instrui, conforta e elucida,
Deus te deu, na luz da vida,
O Dom de fazer a paz.

Se contratempos te afligem
Entre as lembranças que deixas,
Evita sombras e queixas,
Não menosprezes ninguém;
A ofensa que nos procura,
Mesmo de modo impreciso,
Dissolve-se, de improviso,
Na fonte viva do bem.

Se a caridade te guia
Vencendo espinhos e males,
Não te revoltes, nem fales,
Agravando a treva e a dor;
Toda palavra de auxílio,
No bem espontâneo e puro,
É tijolo do futuro
Erguendo o Reino do Amor.

Quando falas e onde falas,
Traças caminhos e normas
Pelas imagens que formas
Nas palavras tais quais são;
Como dizes no que diga,
Constróis jardins e moradas,
Emendas pontes e escadas
De queda ou de elevação.

À frente de quem te humilha,
Não devolvas pedra e lama,
Cala, serve, ampara e ama
Na expressão que se traduz;
Eis que o Céu se manifesta
Na bondade que irradia...
Contempla o sol cada dia:
É bênção falando em luz.


Maria Dolores

Francisco Cândido Xavier

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