quinta-feira, 12 de novembro de 2015

João Nunes e o Espírito Miramez


Miramez é o guia espiritual do médium João Nunes Maia e o orienta desde 1958, quando manifestou-se pela primeira vez durante uma reunião na União Espírita Mineira, em Belo Horizonte. Fernando Olivídeo era espanhol e, a serviço do rei da Espanha, pisou nas terras brasileiras para nunca mais sair. Doou todos os seus bens na sua terra natal e tornou-se protetor de índios e negros, sendo por eles chamado Pai Branco.

O nobre espanhol tinha grande interesse pelas histórias dos povos e nações da Terra. Procurava informações sobre as descobertas de Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral e, mesmo sem conhecê-las, já sentia afeto pela Terra de Santa Cruz. Rapaz inteligente e estudioso tinha grande carinho pelo povo humilde, pelos índios invadidos na sua cultura, pelos negros que sofriam sob os açoites.

A amizade do rei, Filipe IV, facilitou a realização do antigo desejo de Miramez: conhecer as terras do Novo Mundo. O rei conhecia os princípios de integridade e a elevada moral de Fernando. Porém, achava que ele tinha algumas deficiências a corrigir: era avesso às guerras, repudiava a violência e defendia os direitos dos povos e, principalmente, dos indivíduos. Nomeado pelo rei para realizar uma ambiciosa missão de posse de terras e a conter o poderio português, Miramez percebe a oportunidade de conhecer e viver na Terra de Santa Cruz, e participar da sua preparação como Pátria do Evangelho.

O idioma do coração


Os índios e escravos já eram a sua família e a volta a Espanha não era seu desejo. Meditando sobre o seu retorno ao país natal, ele sente uma voz suave, dentro da sua consciência, que diz: "vai, vende todos os teus bens, distribuí-os entre os pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me!" Era a fala de Jesus citada na parábola do mancebo rico, presente no Evangelho. ( Mateus, XIX, 16-24, Lucas, XVII, 18-25 e Marcos, X, 17-25). Surpreso, sentia que aquela voz era sua conhecida, mas, de onde? E a voz, interna, continuou: "Fernando, podes vender todas as tuas posses na Espanha e distribuir o dinheiro entre os necessitados de tua pátria! Os daqui, necessitando passar pelos processos renovadores, precisam mais da tua riqueza mental, do resultado de tuas mãos operosas, do tesouro armazenado em teu coração e da tua presença confortadora!

Seguindo a sua consciência, o nobre espanhol envia procuração a amigos de confiança, na Espanha, autorizando-os a vender os seus bens e distribuir o resultado entre os carentes e sofredores da Península Ibérica."Vai, vende todos os seus bens e segue-me”.

Desde então, sua vida se entrelaçou mais ainda à dos índios e negros da Terra de Santa Cruz. Todos o tinham como o Pai Branco, Filho do Sol ou Homem que veio da Luz. Catequizadores descobriram aquele homem culto e fascinante como pastor de dois rebanhos: trabalhando arduamente pela aproximação entre índios e negros e obtendo êxito na amizade entre as duas raças. Assim, Miramez passou a frequentar o grupo de catequizadores, por perceber ali campo propício à prática dos seus ideais. Conseguiu, com seu trabalho e esforço conjunto, a promulgação da lei de proteção aos índios, em 1680.

Espírito de imenso amor, Fernando Miramez de Olivídeo renunciou a maiores patamares de luz a que tem direito, por merecimento, e permanece ligado à Terra amada, orientando o Centro Espírita Maria Nunes e outros trabalhos para o progresso da humanidade. O primeiro livro escrito por Miramez, através do médium João Nunes Maia, foi Alguns Ângulos dos Ensinos do Mestre. A comunicação, entre ambos, continuou até 1991, quando João Nunes desencarnou. O saldo desta relação médium/guia espiritual resultou em 62 livros, publicados pela Editora Espírita Fonte Viva. Índios e negros o chamavam Pai Branco.

Em 1649, Miramez desembarca como turista, no Maranhão. Em terras brasileiras, ele transmite ao soberano da Espanha somente os acontecimentos que poderiam ser benéficos ao Brasil, omitindo as notícias que poderiam prejudicar os povos que já residiam na terra.

O desprendimento de Fernando era tão grande que, no início, mesmo sem saber o idioma, entendia os novos amigos pelos gestos e por intuição. Os nativos, por sua vez, viam nele um amigo que proporcionaria alívio aos sofrimentos e às perseguições pelas quais passavam.



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