segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Artigo do Mês


Considerações sobre a Lei de Adoração


Na história da humanidade, em todas as épocas, a adoração a um ser superior foi praticada entre famílias, tribos ou raças. Cada qual adorava à sua maneira, o que demonstra ser a ideia de Deus inata e universal.

Numa conceituação simples, podemos dizer que a adoração consiste na elevação do pensamento a Deus; é, em síntese, um modo de expressar amor ou admiração pela Divindade. Pode ser realizada de forma exterior ou íntima. Daí dizer-se que a prece também é um ato de adoração, pois através dela podemos pedir, louvar ou agradecer.

Quem decida falar sobre este tema encontrará amplas possibilidades de análise, mas aqui faremos algumas considerações à luz da Doutrina Espírita. Iniciaremos com as seguintes questões de O livro dos espíritos:

653. A adoração necessita de manifestações exteriores? “A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, lembrai-vos sempre de que o Senhor vos observa.”

653a. A adoração exterior é útil? “– Sim, se não for um vão simulacro. É sempre útil dar um bom exemplo. Porém, os que somente o fazem por afetação e amor-próprio, mas cuja conduta desmente sua aparente piedade, dão mau exemplo e fazem mais mal do que supõem.”1

A adoração exterior tem a sua importância e pode ser útil, mas, como espíritas, devemos nos liberar dessa prática, pois, como sabemos, a adoração é uma forma de nos aproximarmos de Deus através do pensamento.

Assim sendo, o mais importante é o sentimento que nos move à adoração e não a forma como adoramos. Ela pode ser feita cotidianamente: pedindo, agradecendo ou louvando a Deus, de forma simples e prática, evitando o mal e fazendo o bem, porque evitar o mal e fazer o bem é a maior prova de respeito e amor a Deus, bem como a melhor forma de unir a Ele nosso coração. Por isso, antes de tentarmos sintonizar nossa mente com o Pai, através da adoração, precisamos munir o coração de bons sentimentos, seguindo o ensinamento de Jesus:

Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta. (Mateus, 5:23 e 24.)

Em outras palavras, poderemos dizer que sendo Deus a fonte perene do amor, não nos comunicaremos com Ele se tivermos o coração envenenado por ressentimentos ou contrariedades.

A benfeitora Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco, nos ensina:

A maneira mais agradável de adorar a Deus é elevar o pensamento a Ele, através do culto ao bem e do amor ao próximo.

Desce à dor e ergue o combalido à saúde íntima; mergulha no paul e levanta ao planalto os que ali encontres; curva-te para socorrer, no entanto, ascende no rumo de Deus pelo pensamento ligado ao Seu amor e vencerás os óbices.2

A lembrança de que temos algo contra nosso irmão ou que nosso irmão tem algo contra nós, sempre evoca sentimentos negativos, os quais geram fluidos densos que dificultam a emissão de ondas mentais, base da comunicação com Deus ou especificamente com os Espíritos superiores, seus auxiliares.

A conciliação sincera é um ato de amor. É, usando as palavras da benfeitora, “mergulhar no paul” do ressentimento e “levantar ao planalto” do entendimento através do perdão e, dessa forma, nos capacitarmos a fazer nossa oferta ou adoração a Deus.

654. Deus tem preferência pelos que o adoram desta ou daquela maneira?

“Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-lo com cerimônias que não os tornam melhores para com os seus semelhantes.”

Os rituais e as fórmulas, considerados por algumas religiões como poderosos, têm apenas o poder de impressionar as mentes destituídas de conhecimento sobre a verdadeira natureza de Deus. Foi, justamente devido a essa ignorância a respeito de Deus, que Jesus, no diálogo com a samaritana, junto ao poço de Jacó, advertiu-a:

Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. (João, 4:22 a 24.)

Por ter o pleno conhecimento a respeito de Deus, Jesus não o limitou à condição humana, o que era muito comum até então (lembremos o relato bíblico que afirma que as ofertas de Abel agradaram a Deus mais do que as de Caim); mas ensinou que Deus é Espírito e como tal deve ser adorado em espírito e verdade.


F. Altamir da Cunha


Referências:

1 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
2 FRANCO, Divaldo P. Leis morais da vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3. ed. Salvador: Leal, 1986. cap. 1.

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