Por Tiago Cordeiro
Mas, afinal, quem teria sido André Luiz em sua vida passada? O espírito não fornece informações sobre encarnações anteriores, exceção feita à última. Sobre essa, revela apenas alguns detalhes em Nosso Lar. Os motivos para tanto mistério teriam sido dois: poupar seus herdeiros da exposição e evitar que essa discussão sobrepujasse a mensagem espiritual que ele tinha a apresentar.
Descontadas especulações sem qualquer fundamento, admite-se que André Luiz tenha sido um médico sanitarista, que viveu no Rio de Janeiro entre o final do século 19 e o começo do século 20. ' Teria morrido jovem, provavelmente nas décadas de 1920 ou 1930, com idade na faixa dos 40 anos. "Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguiria situações estáveis que garantissem a tranquilidade econômica do meu grupo familiar", descreve o espírito na obra psicografada por Chico Xavier. "Mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção do tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência."
Alma rubro-negra
Com base nessas informações, três hipóteses são as mais cogitadas. A primeira delas sugere que André Luiz pode ter sido em sua última encarnação o médico sanitarista Carlos Chagas (1879-1934), famoso por ter descoberto o protozoário Trypanosoma cruzi - agente causador da doença de Chagas. Para alguns especialistas no assunto, entretanto, a personalidade de um não combina com a do outro. Chagas era um sujeito ocupado demais com suas pesquisas, que vivia alheio aos problemas da vida cotidiana. André Luiz, por outro lado, parece ter sido um homem essencialmente prático.
A segunda hipótese aponta para outro sanitarista histórico: Osvaldo Cruz (1872-1917), pioneiro no estudo de doenças tropicais. Mas, de novo, os estudiosos identificam discrepâncias de personalidade. Embora fosse um homem da ciência, Cruz era religioso, enquanto André Luiz admite em "Nosso Lar" que tratava religião como mero compromisso social.
Para muitos espíritas, a terceira hipótese é a mais plausível de todas: André Luiz teria sido o neurologista Faustino Esposei (1888-1931). Oriundo de uma tradicional família carioca, ele deu aulas de neurologia e psiquiatria na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Presidiu o Clube de Regatas do Flamengo três vezes, entre 1920 e 1928. E seu temperamento, dizem os defensores da tese, coincidia com o do médico cujo espírito foi parceiro de Chico Xavier. "A conduta vibrante, a jovialidade, a inteligência, a perspicácia... Faustino Esposei e André Luiz tinham todas essas características em comum", afirma Lori.
Fonte: Partida e Chegada
A partir da revista "Aventuras na História - Espiritismo".
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