Um instituto de educação, com seus vários cursos: jardim de infância, primário, ginásio, colégio, normal, etc, constitui símile perfeito do que seja a Terra para os espíritos que aqui se encarnam e reencarnam para realizarem uma parte de sua evolução.
Vejamos:
Tal como sucede nos educandários dessa espécie, em que a posição dos alunos nos diversos cursos resulta não propriamente da idade, mas da assimilação dos programas de cada ano ou grau que hajam frequentado, assim também, na Escola da Vida, o escalonamento dos espíritos evolucionantes vai-se fazendo, não compulsoriamente, mas em função do bom aproveitamento de cada existência que se lhes proporciona.
Os povos primitivos formam, por assim dizer, o jardim de infância da Humanidade terrena, enquanto no extremo oposto, os de civilização mais avançada, compõem as classes dos cursos secundários.
Em qualquer dos cursos, os alunos que se descuidam ou não se aplicam convenientemente em seus deveres, são obrigados a repetir determinados exercícios ou graus, quantas vezes se façam necessárias, até que os dominem satisfatoriamente. De modo análogo, em qualquer plano evolutivo em que se encontrem, os Espíritos são compelidos, através das reencarnações, a reviver certos episódios ou a retornar ao mesmo meio social, tantas vezes quantas sejam precisas, para que tirem proveito das experiências que eles possam ensejar-lhes.
Os alunos dos cursos elementares são instruídos por normalistas, e os que frequentam cursos secundários são, por sua vez, lecionados por professores universitários. Semelhantemente, os povos selvagens também contam com Espíritos mais adiantados, que reencarnam entre eles a fim de iniciá-los no conhecimento ou despertar-lhes os bons sentimentos, o mesmo se verificando entre os civilizados, em cujo seio espíritos de escol desempenham missões especiais, no campo da Ciência, da Arte, da Política, da Religião, etc, rasgando novos caminhos para o progresso e o bem-estar coletivos.
Nenhum aluno pode matricular-se regularmente num curso de grau médio sem haver passado antes pelo primário, nem no secundário, sem o aprendizado correspondente ao grau médio, e assim por diante, de sorte que cada discente se acha, exatamente, onde deve e precisa estar. O mesmo se dá com os espíritos: sua encarnação, neste ou naquele povo, não se faz por acaso, mas em função de seu adiantamento, o que patenteia a Justiça Divina, que não comete equívocos nem concede privilégios, retribuindo a todos rigorosamente de acordo com os seus méritos pessoais.
Como é óbvio, o aluno que, hoje, está fazendo o curso científico, foi, ontem, um dos que aprendiam a tabuada numa classe do primário, e aquele que, hoje, ainda está soletrando a cartilha, figurará, amanhã, entre os estudantes do clássico, capazes de expressar-se em diversas línguas. Igualmente, os espíritos agora encarnados, entre povos que lideram a civilização, foram, no passado, brutais antropófagos, e aqueles que, em nossos dias, habitam as selvas, no futuro serão damas e cavalheiros cultos e educados, a se movimentarem em aristocráticos salões.
Os currículos dos vários graus ou séries de cada curso mantêm-se os mesmos sempre, salvo pequenas alterações, mas as respectivas classes vão-se renovando, de ano para ano, com os alunos novatos que vêm substituir os que foram promovidos. É o que acontece, também, com os povos primitivos e civilizados: eles se conservam mais ou menos estáveis, porque o lugar dos que se adiantam vai sendo tomado por outros espíritos que necessitam das condições sociais que lhes são características para o seu gradual desenvolvimento intelectual e moral.
Nos dias de sabatinas ou de exames, os alunos têm que demonstrar, individualmente, quanto sabem de cada matéria, não sendo admitidas, em hipótese alguma, procurações dos interessados para que tais provas sejam realizadas por outrem. Ë essa, exatamente, a situação dos espíritos perante Deus: têm que responder, pessoalmente, pelo que fizeram aqui neste mundo, sem que nenhuma igreja, nenhum santo, nenhum guia ou protetor, possa interferir em seu favor.
Uma vez vencido o período de aprendizagem proporcionado pelos institutos educacionais a que nos temos referido como exemplo, os estudantes que se disponham a fazer um curso superior passam a frequentar outras Escolas, agora de nível universitário, onde irão estender e aprofundar os conhecimentos já adquiridos, iniciar-se em outros, e assim por diante. Os espíritos que pertencem à nossa Humanidade, tal e qual, após conquistarem o grau de progresso peculiar a este mundo, são transferidos para outros mais adiantados, nos quais começam novo ciclo evolutivo, e assim sucessivamente, até atingirem os planos mais felizes da espiritualidade, convertendo-se, então, em colaboradores da Providência, nas sublimes tarefas da Criação.
(O Livro dos Espíritos, Capítulo VIII, questão 786 e seguintes.)
Rodolfo Calligaris
Livro As Leis Morais. Rodolfo Calligaris.
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