“*Nobres Damas da Caridade: vamos hoje contar-vos que, graças à Divina Providência, já visitámos duas cidades no Estado de Minas: a cidade de Três Corações de Rio Verde e a cidade de Varginha.
Sabei nobres Damas, que Deus quis que um casal de fervorosos católicos, fosse a causa de uma das maiores alegrias da nossa vida, porque desde a nossa infância desejámos viver, ainda que fosse só por quinze dias, como aconteceu, no meio daqueles nossos bons irmãos, pois constantemente ouvíamos dizer que os mineiros eram o povo mais hospitaleiro do Brasil. Assim pois, tivemos oportunidade de pessoalmente reconhecer a realidade deste facto.
Nesta nossa viagem, vimos muitos milagres feitos pelos mensageiros de Deus, que dão assistência a todos os seus irmãos.
Já há muitos dias que tínhamos sido convidados pelos nossos bons confrades da cidade de Taubaté, para fazermos umas conferências espíritas naquela cidade. Como tivemos que ir ao Estado de Minas, escrevemos aos confrades de Taubaté avisando-os que iríamos até lá de passagem, para darmos uma conferência no domingo, dia 17 de Janeiro.
No rápido das nove e meia da manhã, chegámos a esta cidade. Na estação, tínhamos muitos irmãos à nossa espera. Ao meio dia assistimos a uma sessão espírita que nos agradou muito e na qual trabalharam três bons médiuns sonâmbulos. O nosso irmão Malheiros presidiu a reunião e a boa impressão que estávamos a sentir, ficava com certeza a dever-se a estarmos a ver a encarnação do verdadeiro espírita, na pessoa do ex-presidente da mais antiga sociedade espírita do Estado de São Paulo, que foi fundada na cidade de Santos e que se chama “Anjo da Guarda” – uma das bem orientadas desta República.
Depois da sessão, levaram-nos a casa de um nosso irmão, que estava em estado desesperado. Os nossos irmãos tinham-lhe dito que tivesse fé em Deus, que em breve seria enviado um irmão, para ser o seu instrumento e que, se fosse da vontade de Deus, os seus sofrimentos poderiam acabar.
Sabei, nobres Damas, que aquele pai de família estava deitado há meses e que nem sequer conseguia mexer o corpo. Chegámos e dirigimos-lhe palavras de ânimo; ele sentou-se no leito e conversou conosco durante muito tempo; finalmente, acabou por dizer que se encontrava tão bem disposto que podia acompanhar-nos à cidade (que ficava a mais de um quilómetro). O corpo deste irmão parecia-se muito ao de um esqueleto; no entanto, levantou-se da cama e foi até à cozinha, e tencionava acompanhar-nos – ao que nos opusemos.
Pensais, nobres Damas, que temos a pretensão de julgar que é a nossa pessoa ou a nossa presença que produz factos deste género? Nunca. Quanto a nós, é a fé, tanto do sofredor como das pessoas que o rodeiam, que produz o milagre.
À noite, perante um numeroso auditório, fizemos a nossa conferência. Na segunda-feira de manhã, fomos ver uma idosa irmã, paralítica, que sofria muito, mas depois de muito a aconselhar e de lhe fazer uns passes, disse-nos que se encontrava muito animada, sentindo a cabeça muito leve e o coração muito satisfeito.
Era hora de ir para a estação, a fim de embarcar no comboio que ia para Cruzeiro. Depois de uma longa viagem de caminho de ferro, chegámos à cidade de Três Corações e fomos levados para um hotel. Ali, travámos conhecimento com o único passageiro que conosco pernoitou: era filho daquele Estado, homem de meia-idade e muito inteligente, com quem conversámos durante algum tempo discutindo as religiões e que declarou por fim estar convencido de que a ciência do Espiritismo tinha de melhorar a Humanidade.
A nossa hospedeira, pelo contrário, era muito católica, contudo, uma virtuosa e excelente senhora de mais de sessenta anos mas, apesar disso, muito activa: fazia sozinha todo o serviço do hotel.
Com a sua actividade e trabalho, conseguiu tornar-se dona de vários prédios, embora fosse muito caridosa.
Nobres Damas, vejam quão certo é o provérbio “Deus ajuda a quem trabalha”. Que bom exemplo para tantos rapazes, homens, e mulheres, que não querem trabalhar… Esta senhora começou por ser criada de quarto nesta mesma cidade.
No dia 19, às sete horas da manhã, partimos para a cidade de Varginha, onde nos esperavam os espíritas daquela povoação, os quais nos fizeram uma honrosa recepção, a qual ficará eternamente gravada no nosso coração.
Da estação fomos acompanhados pelos nossos amigos até à casa de um bondoso confrade, que nos ofereceu o maior conforto e que foi extremamente afectuoso durante a nossa estadia naquela bonita cidade, onde ficámos nove dias.
Sabei nobres Damas, que Deus quis que um casal de fervorosos católicos, fosse a causa de uma das maiores alegrias da nossa vida, porque desde a nossa infância desejámos viver, ainda que fosse só por quinze dias, como aconteceu, no meio daqueles nossos bons irmãos, pois constantemente ouvíamos dizer que os mineiros eram o povo mais hospitaleiro do Brasil. Assim pois, tivemos oportunidade de pessoalmente reconhecer a realidade deste facto.
Nesta nossa viagem, vimos muitos milagres feitos pelos mensageiros de Deus, que dão assistência a todos os seus irmãos.
Já há muitos dias que tínhamos sido convidados pelos nossos bons confrades da cidade de Taubaté, para fazermos umas conferências espíritas naquela cidade. Como tivemos que ir ao Estado de Minas, escrevemos aos confrades de Taubaté avisando-os que iríamos até lá de passagem, para darmos uma conferência no domingo, dia 17 de Janeiro.
No rápido das nove e meia da manhã, chegámos a esta cidade. Na estação, tínhamos muitos irmãos à nossa espera. Ao meio dia assistimos a uma sessão espírita que nos agradou muito e na qual trabalharam três bons médiuns sonâmbulos. O nosso irmão Malheiros presidiu a reunião e a boa impressão que estávamos a sentir, ficava com certeza a dever-se a estarmos a ver a encarnação do verdadeiro espírita, na pessoa do ex-presidente da mais antiga sociedade espírita do Estado de São Paulo, que foi fundada na cidade de Santos e que se chama “Anjo da Guarda” – uma das bem orientadas desta República.
Depois da sessão, levaram-nos a casa de um nosso irmão, que estava em estado desesperado. Os nossos irmãos tinham-lhe dito que tivesse fé em Deus, que em breve seria enviado um irmão, para ser o seu instrumento e que, se fosse da vontade de Deus, os seus sofrimentos poderiam acabar.
Sabei, nobres Damas, que aquele pai de família estava deitado há meses e que nem sequer conseguia mexer o corpo. Chegámos e dirigimos-lhe palavras de ânimo; ele sentou-se no leito e conversou conosco durante muito tempo; finalmente, acabou por dizer que se encontrava tão bem disposto que podia acompanhar-nos à cidade (que ficava a mais de um quilómetro). O corpo deste irmão parecia-se muito ao de um esqueleto; no entanto, levantou-se da cama e foi até à cozinha, e tencionava acompanhar-nos – ao que nos opusemos.
Pensais, nobres Damas, que temos a pretensão de julgar que é a nossa pessoa ou a nossa presença que produz factos deste género? Nunca. Quanto a nós, é a fé, tanto do sofredor como das pessoas que o rodeiam, que produz o milagre.
À noite, perante um numeroso auditório, fizemos a nossa conferência. Na segunda-feira de manhã, fomos ver uma idosa irmã, paralítica, que sofria muito, mas depois de muito a aconselhar e de lhe fazer uns passes, disse-nos que se encontrava muito animada, sentindo a cabeça muito leve e o coração muito satisfeito.
Era hora de ir para a estação, a fim de embarcar no comboio que ia para Cruzeiro. Depois de uma longa viagem de caminho de ferro, chegámos à cidade de Três Corações e fomos levados para um hotel. Ali, travámos conhecimento com o único passageiro que conosco pernoitou: era filho daquele Estado, homem de meia-idade e muito inteligente, com quem conversámos durante algum tempo discutindo as religiões e que declarou por fim estar convencido de que a ciência do Espiritismo tinha de melhorar a Humanidade.
A nossa hospedeira, pelo contrário, era muito católica, contudo, uma virtuosa e excelente senhora de mais de sessenta anos mas, apesar disso, muito activa: fazia sozinha todo o serviço do hotel.
Com a sua actividade e trabalho, conseguiu tornar-se dona de vários prédios, embora fosse muito caridosa.
Nobres Damas, vejam quão certo é o provérbio “Deus ajuda a quem trabalha”. Que bom exemplo para tantos rapazes, homens, e mulheres, que não querem trabalhar… Esta senhora começou por ser criada de quarto nesta mesma cidade.
No dia 19, às sete horas da manhã, partimos para a cidade de Varginha, onde nos esperavam os espíritas daquela povoação, os quais nos fizeram uma honrosa recepção, a qual ficará eternamente gravada no nosso coração.
Da estação fomos acompanhados pelos nossos amigos até à casa de um bondoso confrade, que nos ofereceu o maior conforto e que foi extremamente afectuoso durante a nossa estadia naquela bonita cidade, onde ficámos nove dias.
Batuíra, 29/02/1904”
*Essa coluna, que foi publicada entre 1904 a 1909, dedicou-se na época a defesa do Espiritismo e a do próprio autor contra uma série de injúrias que a Igreja e os católicos caluniosamente lhes imputavam.
* “Nobres Damas da Caridade, referia-se as Damas da Caridade da Diocese de São Paulo”.
* “Nobres Damas da Caridade, referia-se as Damas da Caridade da Diocese de São Paulo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário