O ano era 2002, o Brasil comemorava a conquista do pentacampeonato da Copa do Mundo de futebol e ele partia para a pátria espiritual, deixando-nos nesse dia um misto de alegria e saudades, mas, muito mais que isso, ele nos deixava a esperança de um mundo melhor e a certeza de que o amor é a maior de todas as nossas conquistas.
O texto a seguir, de autoria de Carlos A. Bacceli, é um resumo do que foi publicado na edição de agosto da Revista Literária Candeia e descreve o desenlace de Chico Xavier em sua casa e o seu sepultamento.
Carlos Pereira
A DESPEDIDA DE CHICO XAVIER
No último 30 de junho, domingo, por volta das 19:30 h, vítima de parada cardíaca, o médium Chico Xavier desencarna tranqüilamente em sua casa. Após ter solicitado a uma auxiliar que lhe fizessem a barba, o que aconteceria apenas na segunda – feira, ele se acomodou em seu leito e, dizendo que “não ficaria mais”, postou as duas mãos em atitude de prece e, simplesmente, parou de respirar.
Logo que recebemos a notícia do desenlace, o que ocorreu por volta das 20:00 h, telefonemas de todo o Brasil começaram a chover pedindo – nos a confirmação da notícia que, tantas vezes, havia sido boato. No entanto, dessa vez a notícia era verídica e, aos 92 de idade, às vésperas de completar 75 anos de mediunidade, Chico deixara o corpo com invejável serenidade e lucidez.
Segundo estimativas da polícia, cerca de 2500 pessoas desfilaram a cada hora diante de esquife, no qual o corpo inerte era tocado pela maioria dos que não continham o pranto e a emoção. Durante 48 horas, dois dias portanto, pessoas de todos os cultos religiosos, homens, mulheres e crianças, provenientes de vários Estados, renderam – lhe merecido tributo.
De fato, Chico pertencia ao povo – ao povo de maneira geral e não somente aos espíritas, muitos dos quais não puderam ainda atinar com o alcance de sua tarefa missionária.
Pela televisão, um pai, conduzindo o filho pela mão, ao aproximar – se do caixão do médium, pegou o menino no colo e disse – lhe: “Este é Chico Xavier, o nosso tio Chico... Não se esqueça, meu filho!...”
A Prefeitura decretou feriado na segunda – feira e, pelo menos em Uberaba, a alegria pela conquista do pentacampeonato pela seleção brasileira de futebol, no mesmo dia 30 de junho, em campo da Coréia e do Japão, foi superada pela tristeza da desencarnação de Chico Xavier.
O cortejo fúnebre foi um dos maiores que já se viu e, se Chico tivesse desencarnado, por exemplo, em São Paulo, o féretro teria sido tão concorrido quanto o do piloto Ayrton Senna, sepultado como herói nacional. Coberto com a bandeira do Brasil, o corpo foi levado em carro aberto pelo Corpo de Bombeiros e enterrado no cemitério São João Batista, com honras militares. Além de ter decretado feriado na segunda – feira e luto oficial por três dias, a Prefeitura Municipal requisitou helicóptero da Polícia Rodoviária Federal para que, durante o trajeto, pétalas de rosas fossem lançadas para atapetar o caminho daquele que, no desempenho da tarefa missionária, não hesitou em pisar em espinhos...
Carlos A. Baccelli
Uberaba - MG
(Leia na edição de agosto da Revista Literária Candeia o artigo de Carlos A. Baccelli na íntegra.)
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