A prece faz a conexão com o plano espiritual
A Doutrina Espírita ensina que a prece é um importante instrumento de conexão com o plano espiritual. No entanto, para compreender o poder e a eficácia da prece, é essencial mergulhar no significado mais profundo e no propósito deste ato de fé.
A prece, no Espiritismo, vai além de um simples pedido ou ato ritualista; ela é um diálogo com a Espiritualidade Maior.
Quando feita com convicção e sentimento genuíno, a prece tem o poder de elevar o espírito, promover a introspecção e trazer a serenidade necessária para enfrentar os desafios da vida material.
Os pilares para a eficácia da prece
A verdadeira eficácia da prece repousa em dois pilares: a fé e a convicção.
Ou seja, é preciso crer firmemente na força superior a quem dirigimos a nossa oração e ter a certeza de que o pedido formulado alinha-se ao bem maior. A oração, assim, transcende a simples esperança, tornando-se um reconhecimento da soberania divina e da ordem que rege o universo.
Além da fé e da convicção, o merecimento também é elemento fundamental quando falamos em eficácia da prece.
O Espiritismo esclarece que somente é concedido o que está em harmonia com as leis divinas e que contribui para o nosso crescimento espiritual. Essa compreensão nos leva a refletir sobre a natureza de nossos pedidos e a aceitar que, por vezes, o que desejamos pode não ser o melhor para nós, ou não ser o momento adequado.
A oração é um veículo para a expressão da alma
Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, através de um meticuloso trabalho de compilação das instruções de elevadas entidades espirituais, oferece em “O Evangelho Segundo o Espiritismo“, um capítulo inteiro dedicado à oração. No Capítulo XXVII – “Pedi e obtereis”, encontramos orientações preciosas sobre como otimizarmos as nossas preces para que elas alcancem uma maior ressonância com o mundo espiritual.
A prece, conforme explicam os Espíritos de luz, é um chamamento que permite ao homem entrar em contato com o universo espiritual através do poder do pensamento. Seja para expressar gratidão, pedir auxílio ou simplesmente louvar o Criador, ela é um veículo para a expressão da alma.
Na questão 659, de “O Livro dos Espíritos”, por Allan Kardec, temos: “Pela prece pode-se propor três coisas: louvar, pedir e agradecer”.
Quando direcionamos o pensamento pela oração, uma corrente fluídica se forma, tornando então possível a comunicação e transmissão das intenções. Contudo, a força dessa conexão é proporcional à intensidade do pensamento e da vontade de quem ora.
Os Espíritos captam as preces independentemente de onde estejam, demonstrando que o universo espiritual está sempre acessível. Eles também usam essa rede fluídica para transmitir inspirações e estabelecer comunicações entre os seres, encarnados ou não.
O ato de orar permite receber o apoio de entidades benevolentes
É pelo ato de orar que é possível receber o apoio de entidades benevolentes que nos influenciam positivamente, fornecendo-nos intuições e inspirações necessárias para o enfrentamento das adversidades da vida.
Os benfeitores espirituais sublinham que, ao orarmos, somos envolvidos por uma “força moral” capaz de nos auxiliar a enfrentar obstáculos e nos reencaminhar para um comportamento mais alinhado aos preceitos do bem.
E eles salientam a importância da responsabilidade individual. Assim, se alguém compromete a própria saúde por meio de excessos, não pode simplesmente esperar que a oração reverta as consequências de seus atos sem um comprometimento pessoal com a mudança de hábitos.
Deus nos outorgou o livre-arbítrio como parte essencial de nossa experiência humana. Através dele, carregamos a responsabilidade pelos atos que praticamos e pelo mérito inerente à seleção entre o bem e o mal.
Nós frequentemente buscamos conselhos e direcionamentos superiores; contudo, a execução e as decisões permanecem como uma prerrogativa nossa. Ou seja, está em nossas mãos, apoiados pela sabedoria superior, o poder de escolher caminhos e arcar com as respectivas consequências dessas escolhas.
A prece é um suporte, mas não um passe de mágica que dispensa o esforço próprio na jornada de evolução ou um meio para evadir-nos das leis universais. Ela não tem o condão de desviar os infortúnios automaticamente.
Ao solicitarmos auxílio, é importante manter a consciência de que o suporte espiritual está sempre à disposição, mas não para poupar-nos do aprendizado necessário, e sim para nos orientar a trilhar um caminho de maior lucidez e virtude.
A Doutrina Espírita nos ensina que, ao pedirmos com fé, seremos atendidos no que concerne à iluminação para fazer escolhas sábias e morais, tal como assegurado pelas palavras: “Pedi e obtereis”.
O poder e a eficácia da prece não dependem da eloquência nem de sua duração
A eficácia da prece, assim como o poder que dela emana, não depende da eloquência nem de sua duração. O que define o seu verdadeiro valor são a pureza da intenção e a firmeza da fé de quem ora.
A oração autêntica, aquela que agrada a Deus e possui um mérito indiscutível, emerge do coração virtuoso. Em contraste, as orações de uma pessoa imersa em vícios e desprovida de benevolência se assemelham a meras declamações vazias. No coração que não pratica a caridade, as palavras da oração não alcançam a esfera espiritual necessária para que sejam ouvidas.
As elevadas entidades de luz também esclarecem que a oração espontânea e sincera não está confinada ao tempo ou espaço. Seja individual ou em grupo, a prece elevada por corações unidos por um propósito comum ganha uma força adicional. A congregação de intenções puras em um ato de oração conjunta eleva a potência da prece, fortalecendo seu alcance, poder e eficácia.
A prece é um diálogo sincero com Deus
A prece, portanto, deve ser uma expressão de nossas mais sinceras intenções e compreensões. Quando as palavras são desprovidas de compreensão e sentimento, elas perdem seu significado espiritual. Cada palavra proferida deve ser um reflexo do espírito, um sinal de humildade e sinceridade.
Mesmo nas orações prontas, é fundamental que haja uma conexão espiritual com as palavras enunciadas. Deus não apenas escuta, mas vê a sinceridade contida no íntimo de cada um. O Criador percebe a verdadeira intenção por trás das palavras, discernindo a autenticidade do pensamento e a pureza do coração.
A verdadeira prece, aquela impregnada de poder e eficácia, é aquela imbuída de boas intenções, humildade, fé inabalável e, acima de tudo, compreensão. É dessa forma que entramos em uma comunicação efetiva e abençoada com Deus.
Por José Batista de Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário