A prece é o fio invisível que liga o coração humano à misericórdia divina. No capítulo XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec nos revela a profundidade desse recurso espiritual, não como um ritual vazio, mas como um ato de comunhão, cura e transformação. Quando voltamos nosso olhar para os espíritos endurecidos — aqueles que, presos ao ódio, à ignorância ou ao sofrimento, se tornam agentes da obsessão — a prece se revela como um bálsamo poderoso, capaz de romper as correntes da dor e da vingança.
O que são espíritos endurecidos?
Espíritos endurecidos são almas que, mesmo após a desencarnação, permanecem ligadas a sentimentos inferiores. Muitas vezes, são movidos por ressentimentos, desejos de domínio ou vingança. Por não compreenderem a realidade espiritual ou por se recusarem a aceitar o amor divino, tornam-se obsessores — influenciando negativamente encarnados, provocando desequilíbrios físicos, emocionais e espirituais.
A força da prece diante da obsessão
A obsessão, em suas diversas formas (simples, fascinação ou subjugação), é um fenômeno que exige mais do que conhecimento doutrinário: exige caridade ativa. E a prece é uma das mais sublimes expressões dessa caridade. Quando oramos por um espírito obsessor, não estamos apenas pedindo libertação para nós mesmos, mas oferecendo luz àquele que ainda caminha nas sombras.
A prece sincera, feita com fé e amor, tem o poder de:
Abrandar o espírito endurecido, tocando-lhe o coração com vibrações de paz.
Criar uma barreira fluídica que protege o encarnado das influências negativas.
Atrair o auxílio dos bons espíritos, que podem intervir em nome da justiça e da misericórdia.
Despertar no obsessor o desejo de mudança, iniciando seu processo de regeneração.
O papel do encarnado: paciência, fé e reforma íntima
É fundamental compreender que a obsessão não ocorre por acaso. Muitas vezes, ela está ligada a débitos do passado, a atitudes atuais ou à sintonia vibratória que mantemos. Por isso, além da prece, é necessário cultivar:
A vigilância moral, evitando pensamentos e atitudes que alimentem a influência obsessiva.
A reforma íntima, buscando o autoconhecimento e a prática do bem.
A perseverança na fé, confiando na justiça divina e no amparo dos espíritos superiores.
A prece como ponte de reconciliação
Quando oramos por nossos obsessores, estamos, na verdade, estendendo-lhes a mão. É um gesto de reconciliação espiritual que pode levar anos, mas que jamais é em vão. Cada oração é uma semente lançada no solo árido do sofrimento, e com o tempo, pode florescer em arrependimento, aprendizado e libertação.
Como nos ensina o Evangelho: “A prece é um poderoso meio de auxílio contra a obsessão; mas não basta repetir palavras, é preciso orar com o coração.”
Por Carlos Pereira


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