quarta-feira, 3 de julho de 2024

Alma do Amor

 


Alma do Amor, cansada, erma e fremente,

Arrastando o grilhão das próprias dores,

Sustenta a luz da fé por onde fores,

Torturada, ferida, descontente...

 

Nebulosas, estrelas, mundos, flores

Rasgam, vibrando, excelso trilho à frente...

Tudo sonha, buscando o lume ardente

Do eterno amor de todos os amores!

 

Alma, de pés sangrando senda afora,

Humilha-te, padece, chora, chora,

Mas bendize o teu santo cativeiro...

 

Não esperes ninguém para ajudar-te,

Ama apenas, que Deus, por toda a parte,

É o sol do amor para o Universo inteiro.

Cruz e Souza*

(*) Filho de pais escravos, João da Cruz e Souza é a figura mais expressiva do Simbolismo no Brasil. (Nasceu em Desterro, hoje Florianópolis-SC em 24-11-1861/19-03-1898).

Do livro Antologia dos Imortais, de Espíritos diversos, por Chico Xavier e Waldo Vieira.

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