Pensador, advogado, empresário, escritor e radialista.
Nasceu em Borrazópolis, Paraná, em 1937. Filho de dona Joana, paulista e pai paranaense, Zacarias.
Todos tiveram na juventude uma figura especial, que influenciou e transmitiu afeto e sabedoria. Alguém que mostrou dimensões mais profundas e ajudou a escolher caminhos com liberdade. Para o escritor Lourival Lopes, foi o avô paterno, José Martins da Silva. José era mineiro nascido em Cambuí, que, após breve parada no interior de São Paulo, firmou residência em Borrazópolis, arrabalde de Arapoti no Paraná. José era iletrado, nunca leu um livro. Apesar disso, por ser médium espírita, receitava remédios oralmente para uma vasta população que o procurava. Lourival foi profundo observador do avô que, mesmo sem saber ler, tinha ampla cultura geral atribuída a seu mundo espiritual. “A casa de meu avô vivia cheia de gente, apesar de não possuir estradas de acesso”. Dedicava-se a “aliviar a aflição das pessoas tomadas pelos maus espíritos, fazendo uma espécie de exorcismo”. Por isso era combatido por médicos e padres que não se conformavam com suas atividades mediúnicas.
Lourival herdou do avô o espírito caridoso para com o próximo. Nunca deixou alguém que o procurou sem auxílio, seja ele um amigo ou mesmo desconhecidos. Quando alguém solicita algo, corre para resolver.
Quando menino, não gostava de ler, apenas brincava muito, mesmo sem salientar-se nas brincadeiras. Seu irmão único, o Oliveira, esse sim era bom nas traquinagens. Enquanto ganhava bolinhas de gude nos jogos, Lourival perdia todas ao se aventurar a jogar.
No início da adolescência, Lourival desandou a ler. O pai comentava que ele gostava de corrigir o português das pessoas, ensinando-as a falar direito.
Cursou o ginásio em regime interno. Era o Colégio Cristo Rei, em Jacarezinho, escola tradicional pertencente a padres alemães. A disciplina era rígida e ele até pensou em seguir a carreira pastoral. Mais tarde, ao conhecer dona Vera, sua futura esposa, desistiu definitivamente da ideia.
Lourival Lopes acredita que a morte não é o fim de tudo. É uma passagem para outra dimensão. “A pessoa paga suas maldades numa outra esfera da existência. Mas não pense que fica por isso mesmo, muito pelo contrário, o ajuste de contas inicia aqui”.
Para ele, existem seres bem mais inteligentes que nós em outros lugares do universo. Vivem num plano praticamente mental.
“Na vida, quem vive desligado da materialidade, vive melhor”. Filosofa que as pessoas estão calcando as vidas numa felicidade futura e incerta. Lourival ensina que isto é uma insanidade que está se propagando indiscriminadamente. “Vivendo no futuro, esquecem de viver o presente.”
Em 1980, criou o seu próprio serviço voluntário, com a finalidade semelhante ao CVV, acrescentando a filosofia de que o plantonista deveria não somente ouvir, mas dialogar abertamente com quem consulta o serviço. Chamou-o de CEO – Central de Paz e Otimismo.
Numa sala de um edifício no Setor Comercial Sul de Brasília, funciona a CEO – Central de Paz e Otimismo, entidade por ele criada. Reformada, conta com antessala destinada a dois plantonistas e pequena biblioteca com livros de Chico Xavier, Divaldo Franco e outros espíritas.
Na sala principal, mais uma mesa de plantonista. Um aparelho telefônico, um recipiente de madeira contendo os 14 livrinhos de autoria própria, uma caneta e um bloco de papel para anotações completam os apetrechos. Há ainda em um canto deste segundo ambiente, uma mesa de reuniões, quatro cadeiras e um arquivo de aço. As paredes pintadas de azul transmitem tranquilidade ao local. O outro ambiente é composto de cozinha e banheiro onde são guardadas outras vinte cadeiras, empilhadas, que servem para acomodar os plantonistas nas confraternizações.
Lourival tem cinco filhos. Na gráfica trabalham dois deles e duas netas. A sala onde atende é de mobília simples. Sua mesa é antiga, bem usada. De frente à escrivaninha, há uma poltrona de vime e uma cadeira tipo “do papai”. Logo na entrada da sala, uma mesa de reuniões estilo de jantar com oito cadeiras. O ambiente lembra o de uma casa de família, o que caracteriza o estilo de vida deste homem que não usa roupa da moda. Veste calça e camisa social de mangas curtas. Sapatos pretos completam o aspecto sóbrio, mas jovial.
“Nas segundas, em torno de nove horas, meus filhos e eu fazemos uma prece para que tenhamos a semana plena de harmonia e paz”. Nas orações, Lourival fala diretamente com Deus. Agradece, pede, clama, pergunta, fala, dialoga. Termina com um sorriso. “Somos bons amigos, Ele tem me ajudado muito, aliás, sempre me ajudou, dá-me mais do que mereço.”
Além de ensinar os caminhos do bem por meio dos livros que escreve, Lourival pratica os ensinamentos em casa com os filhos e netos.
Para os filhos, sempre passou a palavra da resignação a Deus, “o Ser Superior” e a crença de que lá na frente as coisas entrarão nos eixos.
Lourival segue a doutrina espírita e a esposa, é católica. A diferença os une ainda mais, ela pratica catolicismo, frequenta a missa todo domingo e ele o espiritismo. Já comemoraram as bodas de ouro. Apesar das núpcias terem acontecido em Borrazópolis, a festa aconteceu entre seus filhos e netos nascidos na capital que os acolheu, Brasília.
Recarrega as baterias em Caldas Novas, Goiás, onde mantém duas casas simples conjugadas, com mobília modesta. Muitas camas e colchões demonstram que recebe muitas visitas, “não somente de familiares, mas também de amigos que me procuram”. Brasília representa uma carga muito grande de trabalho para este homem que já passou dos 70 anos. “Aqui (refere-se a Caldas Novas) recupero minhas energias e esfrio a cabeça do stress”.
Os livros de Lourival Lopes não tratam do mundo espírita, mesmo sendo praticante da doutrina. São destinados a promover o crescimento do mundo interior das pessoas, valorizando as situações do cotidiano. Defende que os sofrimentos são “parte de um crescimento pessoal para alcançar a paz e a harmonia com a vida e as pessoas.”
O público que “está acima do horizonte”, quer ler algo que lhe dê esperança. Num mundo que se despedaça em insanidades, descrenças, violências, desvios de conduta, desesperanças, há um público ávido a se agarrar em algo que chame à razão, talvez a fé. O que ainda existe nas lembranças do comportamento de pais e avós, há muito esquecido. Quer se apegar a valores que, mesmo não sendo palpáveis, sabe que lhe farão bem e acenarão para novos horizontes. Os livros de Lourival Lopes podem representar a luz de um Caminho Seguro de esperança e paz interior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário