quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A Oração segundo o Espiritismo


A oração é uma Força em nossa Vida e pode tornar melhor a Humanidade



Por Thiago Bernardes


A principal obra da doutrina espírita dedica um capítulo especial à lei de adoração e à prece, definindo esta como um legítimo ato de adoração ao Criador da vida, o qual tem para nós, seres humanos, uma importância muito grande e bem superior à que geralmente imaginamos. “Orar a Deus – ensina o Espiritismo – é pensar n’Ele; é aproximar-se d’Ele; é pôr-se em comunicação com Ele.” (“O Livro dos Espíritos”, item 659.)

Ensinada por Jesus e pelos Espíritos Superiores, a prece é uma manifestação da alma em busca da Presença Divina ou de seus prepostos; é uma conversa com o Criador ou com seus emissários e, por isso, deve ser despida de todo e qualquer formalismo.

A prece não pode ser paga, porque “é um ato de caridade, um lance do coração". A prece deve ser secreta, não precisa ser longa e deve ser antecedida do ato do perdão. A prece deve ser espontânea, objetiva, robusta de sentimentos elevados, que precisam ser cultivados sempre, porque não aparecem como por encanto só nos momentos de oração.

Requisitos da prece - A forma da prece nada vale, mas sim o conteúdo. A atitude daquele que ora é íntima, eminentemente espiritual. Atitudes convencionais, posição externa e rituais são vestes dispensáveis ao ato de orar. Pela força do pensamento, após estarmos concentrados, procuramos traduzir nossa vontade com o melhor dos nossos sentimentos por uma prece, que não deve ser formulada segundo um esquema pré-fabricado. A prece deve traduzir o que realmente estamos sentindo, pensando e querendo naquele momento, de uma forma precisa, sem que isso constitua uma repetição de termos que, na maioria das vezes, são ininteligíveis para quem os profere.

A prece deve ser o primeiro ato no nosso retorno às atividades de cada dia e, por isso, precisa ser cultivada diariamente. O Espírito de Monod assim o recomenda expressamente em lição constantes do capítulo 27, item 22, de "O Evangelho segundo o Espiritismo".

O exemplo da prece do fariseu e a do publicano, narrado no Evangelho, é expressivo e mostra que a humildade e a sinceridade são requisitos fundamentais na oração. O outro requisito essencial é o esquecimento e o perdão que devemos conceder aos que nos tenham prejudicado. Jesus recomenda reconciliar-nos com os adversários, antes de orarmos.

Mecanismo e tipos de prece - O mecanismo da prece é este: estamos engolfados no fluido universal que ocupa o espaço. Esse fluido, que é o veículo do pensamento, recebe a impulsão da vontade. Quando o pensamento é dirigido a um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de um encarnado a um desencarnado, ou vice-versa, estabelece-se uma corrente fluídica que liga um e outro. É dessa maneira que os Espíritos podem ouvir-nos o apelo e transmitir, pelas vias do pensamento, sua resposta.

Como se sabe e a experiência comprova, os Espíritos podem não apenas ler, mas, de certa forma, ouvir nossos pensamentos. Não é preciso dizer que, com relação aos desencarnados, é vã toda tentativa de iludi-los, porque o que nos vai na alma não lhes pode ser ocultado.

Três coisas podemos fazer por meio da prece: louvar, pedir e agradecer (O Livro dos Espíritos, item 659). Louvar é reconhecer e enaltecer a Deus por tudo o que Ele criou. Significa aceitar com alegria tudo o que nos rodeia, que, no tocante à participação do Senhor em nossa vida, é sempre justo, equilibrado e perfeito.

Exemplo de prece de louvor é o Salmo 23 de Davi:

"O Senhor é o meu Pastor,
Nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos,
Guia-me mansamente
A águas mui tranqüilas.
Refrigera minh'alma,
Guia-me nas veredas da justiça
Por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse
Pelo vale das sombras da morte,
Não temeria mal algum
Porque Tu estás comigo...
A tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas-me o banquete do amor.
Na presença dos meus inimigos,
Unges de perfume a minha cabeça..."

A prece nas reuniões espíritas - Allan Kardec nos ensina: "É, sem dúvida, não apenas útil, porém necessário rogar, através de uma invocação especial, por uma espécie de prece, o concurso dos bons Espíritos. Essa prática predispõe ao recolhimento, condição especial a toda a reunião séria" ("Viagem Espírita em 1862", cap. XI, pág. 144).

No início e no término das reuniões espíritas fazemos a prece para que o ambiente espiritual seja favorável e tenhamos a presença de Espíritos elevados, que a prece atrai, o que será uma garantia de proteção contra o mal. No decurso da sessão mediúnica, a oração será utilizada em benefício dos companheiros e dos Espíritos, pelo potencial de forças fluídicas que a prece consegue aglutinar.

A prece, contudo, será sempre mais poderosa se partir de uma alma elevada, de um Espírito de conduta ilibada, de uma criatura de bons sentimentos. Há pessoas que, por haverem conseguido libertar-se das paixões animalizantes e dos interesses egoísticos da Terra, fazem de sua vida uma prece permanente. A prece nelas é cultivada com naturalidade e eficiência extraordinária, enquanto que nós temos ainda que nos esforçar para que nossa rogativa atinja o objetivo colimado.

Despojados da ignorância e da perturbação que o mal engendra em nós, iremos aos poucos descobrindo que pela prece muita coisa pode ser conseguida em nosso benefício espiritual e das pessoas que nos cercam. Entenderemos então que a prece é uma manifestação espontânea e pura da alma, e não apenas uma repetição formal de termos alinhados convencionalmente, como se fosse uma fórmula mágica para afastar o sofrimento e os problemas.

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