sexta-feira, 29 de março de 2013

A Força da Oração


Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes. (Marcos, cap. XI, v. 24. In: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, it. 5.)

O jornal Correio Brasiliense, em 24 de outubro de 2004,publicou uma página inteira do caderno BRASIL sobre o poder da oração. Segundo o jornalista Ulisses Campbell, da equipe desse periódico, o professor de Imunologia Carlos Eduardo Tosta, da Faculdade de Medicina (FMD) da Universidade de Brasília (UnB), fez uma pesquisa com o objetivo de constatar se as orações feitas a distância em benefício de alguém poderiam, cientificamente, ter sua eficácia comprovada.

O trabalho envolveu 52 alunos estudantes de Medicina da própria UnB e vários grupos de pessoas de diversas religiões que fazem orações em benefício alheio. Os alunos foram divididos em dois grupos de 26 pares, cada par composto de pessoas com a mesma idade, que não se conheciam.

Antes de receberem as orações, os alunos passaram por uma avaliação clínica e psicológica e, em seguida, fizeram teste sanguíneo para verificar sua defesa orgânica. Finalmente, a foto 3×4 de cada aluno foi entregue pelo pesquisador aos grupos de intercessores para que orassem diariamente por esses estudantes, de quem ficaram sabendo apenas o primeiro nome. Mas apenas um aluno de cada par teve a foto e o nome conhecido pelos rezadores; o outro não recebeu qualquer prece.

Após três anos, foi feita a comparação entre os exames clínicos de todos os estudantes e verificou-se que o grupo de alunos que não receberam orações não teve qualquer alteração em suas células de defesa, enquanto o grupo beneficiado pelas preces ficou com o sistema imunológico mais resistente.

A conclusão do pesquisador, que se considera “transreligioso”1, foi a de que “as preces têm efeito positivo na saúde”.

Segundo o autor do artigo, outros estudos feitos no exterior já haviam comprovado, e publicado em revistas científicas, os efeitos benéficos da prece sobre a saúde das pessoas enfermas. Afirma ainda que:

O maior estudo envolvendo religiosidade foi feito em 1988, na Califórnia, com quase 400 pacientes internados na unidade de tratamento intensivo (UTI) cardiológica de um hospital público. Metade desses pacientes receberam preces; a outra parte, não. Cada paciente tinha entre três e sete intercessores e seus médicos não ficaram sabendo. Dez meses depois, ficou comprovado que os pacientes que receberam orações passaram a necessitar cada vez menos de ajuda de aparelhos para respirar. Até os edemas nos pulmões diminuíram.

Na avaliação do Dr. Tosta, citada pelo jornalista, “o médico aprende na universidade que nós somos um corpo que eventualmente adoece e que precisa de tratamento.

Acontece que temos uma dimensão mental que vai além disso.

Temos ansiedade, depressão e psicose (…). Além disso, temos a dimensão espiritual, que está sujeita a doenças causadas por sentimentos como inveja, raiva, ciúme e rancor.

A Medicina ainda dá pouca importância a isso”.

Entretanto, podemos constatar que é grande o número de médicos, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais da saúde que comparecem aos Centros Espíritas e aos templos religiosos para não somente manifestar sua fé no poder divino, como também estudar os efeitos da oração no auxílio ao tratamento médico.

Nessa reportagem, a Sra. Helena Dias Mousinho, que participa de um grupo de mulheres que oram em favor de pacientes internados na UTI do Hospital de Base do Distrito Federal, afirma que “o centro que frequento, na L2 norte, é cheio de médicos”.O mesmo podemos dizer com relação ao que vimos constatando, ao longo de quaseduas décadas como monitor do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), na Federação Espírita Brasileira.Entre os seus participantes, bom número deles é de médicos e outros profissionais da saúde.

Ao concluir seu artigo, o jornalista Campbell informa que o Dr. Tosta sugere a inclusão no currículo de Medicina da “disciplina espiritualidade”, na qual os estudantes aprendam sobre o poder da oração.

E termina com a seguinte frase do Imunologista: “Todas as religiões têm prece. Até os budistas, que não acreditam em Deus, têm suas preces.”

Aí está uma interessante e oportuna proposta. Mas de nossa parte, temos a convicção de que, independentemente desses estudos, a prática cotidiana da oração é uma verdadeira fonte de revigoramento de nossas energias mentais e de nossas forças, para aceitarmos a vontade de Deus.

Afirma Kardec que, da máxima citada abaixo do título deste artigo, não é lógico deduzir que basta pedir para obter, mas não é justo julgar que Deus não atende a toda oração a Ele feita. A prece proferida com todo tipo de propósito, em particular o da aquisição de bens materiais, realmente só será atendida quando tivermos merecimento para obter o que pedimos. Entretanto, lembra o Codificador da Doutrina Espírita que a coragem, a paciência e a resignação serão sempre concedidas por Deus a quem lhas pedir com confiança, assim como os meios de libertar-se por si mesmo das dificuldades,proporcionando-lhe, nesse caso, o mérito da ação.

A oração pode beneficiar àquele que ora ou àquele por quem se ora. Pode ser feita para pedir, louvar ou agradecer a Deus um benefício, pois nada ocorre sem a vontade dEle, ainda que oremos recorrendo a Espíritos intermediários.

Nesse capítulo XXVII, item 10, de O Evangelho segundo o Espiritismo, explica ainda Allan Kardec a forma de transmissão do pensamento através do fluido universal, no qual se inserem todos os seres, encarnados e desencarnados, sendo tal fluido veículo do pensamento e se estendendo ao infinito.

Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que relações se estabelecem a distância entre encarnados. (Kardec, op. cit.)


O Codificador conclui então que, se tal explicação torna compreensíveis os efeitos da prece, o “juiz supremo em todas as coisas” é Deus, sob cuja vontade e poder se subordinam os efeitos da oração.

As preces feitas com sentimento puro em benefício próprio ou de outrem serão sempre ouvidas, independentemente da religião de quem as faça. É muito importante orarmos de forma clara, concisa e simples, pois muito mais que as fórmulas preconcebidas e o grande número de palavras, as vibrações de nossa alma, a humildade e a submissão à vontade dessa Inteligência Suprema que rege todas as coisas – DEUS – é que proporcionarão à nossa oração o poder de cura e de superação de nossas provas.

Potencializadas pelo Amor, nossas energias em benefício do próximo modificarão para melhor os fluidos deletérios de suas enfermidades, proporcionando-lhes até mesmo a cura de suas doenças físicas.

No entanto, nunca é demais lembrar o alerta de Jesus: “Vaie não peques mais.” Se o convalescente não se ajudar renovando sua mente com pensamentos elevados, evitando atitudes de impaciência, raiva e outras manifestações do desequilíbrio mental, fatalmente recairá no estado patológico anterior ou mesmo em outros mais graves.

Pela oração, entramos em comunhão direta com as potências divinas e, consoante as palavras de Jesus, removeremos as montanhas de nossas limitações, de nossas fraquezas e enfermidades. Por ela, enfim,receberemos e transmitiremos ao nosso próximo as vibrações elevadas do Amor Divino. Assim, seremos capazes de, nos transformando, contribuir na transformação do Mundo, pois já se disse que orar é semelhante a arar. E sendo arada a metáfora do trabalho, quando trabalhamos emitindo as nossas energias mentais em benefício alheio, pela oração, associados aos emissários divinos,exercitamos o Amor, essa força maravilhosa sem a qual nada se consegue de bom.

1Na definição dada pelo Dr. Tosta e citada pelo jornalista, “transreligiosa” é a pessoa que aceita o que os “grandes mestres religiosos ensinam sem rótulos que definam se uma religião é melhor do que a outra”.

Fonte: Revista Reformador – Fev./2005

Autor: Jorge Leite de Oliveira

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