segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Poder do Pensamento


O Pensamento como gerador de Patologias



Uma entrevista com o Dr. Tácito Sgorlon* concedida ao jornal Folha Espírita, onde ele fala do pensamento, tema da palestra proferida na "Medinesp" - Congresso da Associação Médico-Espírita ocorrida em junho de 2007.


Folha Espírita – Há muito já se sabe da importância dos pensamentos na vida das pessoas. É muito difundido, por exemplo, o valor dos pensamentos positivos para atrair o bem e a prosperidade. Mas por que nos últimos tempos isso tem sido muito mais difundido?

Tácito Sgorlon – Se formos avaliar como um todo, fala-se tudo muito negativamente. A mídia traz notícias negativas em excesso. Violência traz violência.

Então, pode-se imaginar a carga mental negativa vivida hoje pelo nosso planeta. Mas começam a surgir núcleos para combater o que está acontecendo, assim como discussões sobre coisas espirituais e os problemas pelos quais as pessoas estão passando. Nunca se viu tantos indivíduos com problemas como hoje e isso os faz buscar algo mais. É o sofrimento para o progresso.

As pessoas tendem a pensar que, se estão bem de dinheiro, não há necessidade de se buscar nada mais. Porque estar bem é estar bem materialmente, pelo menos na visão de uma boa parte delas. Mas não somos seres materiais. Somos seres espirituais numa vivência material. E as pessoas começam a ter percepção disso. Daí a avalanche de livros de auto-ajuda. Como sabemos, a maioria das doenças atuais tem fundo mental decorrente de desajuste desta ou de outra encarnação.

*FE – Essa avalanche de obras de auto-ajuda realmente ajuda ou é apenas um amontoado de páginas?

Sgorlon – Fazer palestras não traz evolução para ninguém, escrever livros, idem. Temos de tomar cuidado com alguns desses livros que estão saindo. Não adianta escrever livro bonito e ter atitudes ruins. Em muitos livros percebemos que o autor está mais preocupado com quanto vai gerar de lucro do que instruir para mudar a consciência da humanidade. Temos o exemplo de Chico Xavier, que escreveu 439 livros e exemplificou o que neles havia. O que você acha que seria das obras do Chico se ele fumasse, ingerisse bebidas alcoólicas freqüentemente e tivesse desencarnado através do suicídio? Qual a credibilidade que teria o seu trabalho? Alguém iria ler algum livro e acreditar que aquilo que está escrito é verdadeiro? Por isso as nossas atitudes e ações são soberanas às nossas palavras.

FE – Qual o valor da palavra?

Sgorlon – A palavra é o reflexo do nosso ser, daí a sua importância. A palavra falada impregna a energia decorrente de quem a emite. O pensamento é energia. Com a lei do progresso sempre atuante, as pessoas começam a questionar o que somos e qual a nossa função perante a vida. Assim, com essa reflexão, iniciam a mudança do pensamento com relação ao intrapessoal e interpessoal. Falam de amor, paz, trabalho, harmonia, honestidade e dão receitas de como deve ser a vida. As pessoas estão começando a buscar isso, porém só buscar não adianta, é necessário praticar. O Espiritismo está se disseminando com base sólida. Sem milagre, mitos ou dogmas. As explicações são incontestáveis. No entanto só ler livros espíritas não traz evolução para ninguém e nem torna a pessoa espírita. Mas a prática sim. Por que será que Jesus é tão respeitado? Tanto para encarnados quanto para desencarnados? Porque tudo o que ele falou ele fez. Ele demonstrou. Se não tivéssemos os exemplos... Ele veio e exemplificou tudo. Kardec orienta que fora da caridade não há salvação. O que é caridade? Caridade é o amor em prática. Foi o que o Cristo exerceu.

FE – Onde são fabricados os pensamentos?

Sgorlon – Quem dá essa despolarização no neurônio é o espírito. O pensamento evoluiu e trouxe a inteligência, que trouxe a responsabilidade através do livre-arbítrio. Você tem o poder de decidir o que é certo e o que é errado. Nós temos esse poder de discernir o bem do mal, o amor do rancor.

FE – Existe uma química específica do pensamento nocivo?

Sgorlon – No pensamento, não só negativo quanto positivo, estamos vivenciando uma idéia. Quando estou na matéria, eu posso enganar. Posso dizer uma coisa e pensar outra. No mundo espiritual isso não é possível. Quando falamos coisas boas, atraímos coisas boas também. Se pensamos algo ruim, estamos vivenciando essa história, desencadeando uma área cerebral, igual ao momento em que nós participamos dessa história. Desencadeamos, então, uma cascata hormonal de estresse. Agora, o que muda é o tempo. Esse tempo que decorreu da história até você pensar nela hoje. Porque você pode pensar de uma forma mais harmônica ou até de uma forma mais revoltada sobre uma situação anterior. Você pode relembrar uma história e ter mais mágoa, relembrando, ou ter uma sensação mais caridosa. Quanto menos você tocar em assuntos de uma história ruim que ocorreu no passado, mais difícil se torna você relembrar essa história. Você desloca a informação ruim para uma área mais remota do cérebro. Por isso temos de parar de falar em coisas ruins. Se as relembramos, a informação volta para uma área mais fácil do cérebro. Devemos esquecer as coisas ruins, filtrar as informações e pensar nas idéias boas, pois a freqüência de onda de um pensamento positivo é muito maior do que a de um negativo, gerando uma vibração mais harmônica naquele que o emitiu.

FE – O bom pensamento pode reverter doenças?

Sgorlon – Como estamos na matéria, quando a doença chega está nela também. Nossa onda mental e nossas atitudes têm a ver com nossas doenças. Às vezes elas são um “cutucão” para nos avisar que devemos mudar uma conduta, por exemplo. O pensamento positivo altera nosso perispírito (que tem plasticidade) em direção à cura real e, a partir daí, vai refletir no corpo somático para a cura da doença física. Além disso, o pensamento atua diretamente nas nossas células para uma melhor resposta terapêutica.

FE – Algum remédio pode mudar nosso pensamento?

Sgorlon – Não. Temos de evitar falar em coisas ruins. Mudar nossa perspectiva mental. Se uma pessoa estiver falando mal de alguém, não devemos ouvir. Não devemos também ver coisas ruins, porque elas podem ficar registradas no nosso cérebro. O importante é filtrar aquilo que é bom. Isso leva tempo, dedicação e esforço, mas todo mundo chega lá!

FE – Quando Jesus realizava curas, muitas vezes dizia: “Vai, a tua fé te salvou.” Podemos dizer que os chamados milagres estão ligados ao poder do pensamento?

Sgorlon – Como espírita, não uso a palavra milagre. Tudo tem explicação. As curas de Jesus são curas físico-químicas sim! Tudo depende do ser. E ele dava força para as pessoas, dizendo que a fé as tinha curado, ou seja, ele promovia a autocura. Ele não curou todos, pois a cura depende do médico e do paciente.


(*) Tácito Sgorlon é otorrinolaringologista e cirurgião da Cabeça e Pescoço, além de presidente da Associação Médico-Espírita de Ribeirão Preto.



(*) Folha Espírita

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