terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Tipos de obsessão

 


Kardec, em “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, trata das obsessões, das fascinações e das subjugações, trazendo informações importantes.

Possessão

Para Kardec, possessão seria sinônimo de subjugação, porquanto outrora o nome possessão era o império exercido por maus Espíritos, quando a influência deles ia até à aberração das faculdades da vítima.

Por dois motivos Kardec não adotou esse termo: porque implica na crença de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal, enquanto que não há senão seres mais ou menos imperfeitos, os quais todos podem melhorar-se; e porque implica igualmente a ideia do apoderamento de um corpo por um Espírito estranho, de uma espécie de coabitação, ao passo que o que há é apenas constrangimento.

A palavra subjugação exprime perfeitamente a ideia. Assim, não há possessos, no sentido vulgar do termo, há somente obsidiados, subjugados e fascinados.

Um Espírito não pode tomar temporariamente o invólucro corporal de uma pessoa viva, isto é, introduzir-se num corpo animado e obrar em lugar do outro que se acha encarnado neste corpo.

O Espírito não entra em um corpo. Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, por isso que este terá que permanecer ligado ao seu corpo até ao termo fixado para sua existência material.

Por outro lado, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de a sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada. Mas, para tanto, é preciso o consentimento daquele que sofre a ação, sem o que não se efetua. Isso ocorre devido à fraqueza do ser, ou por desejá-la.

O termo “possesso” só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se com relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.

Obsessão

A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.

A obsessão é a ação persistente ou domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. É praticada pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.

Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Para tanto, é preciso distinguir conforme resultem do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz.

Um dos caracteres distintivos dos maus Espíritos é a imposição; eles dão ordens e querem ser obedecidos; os bons nunca se impõem; dão conselhos, e, se não são atendidos, retiram-se. Resulta daí que a impressão que em nós produzem os maus Espíritos é sempre penosa, fatigante e muitas vezes desagradável.

Na obsessão simples, ocorre um grau de constrangimento que se limita a perturbar a vontade, a emoção e o psiquismo do paciente obsidiado. O Espírito inferior incomoda o indivíduo, mas não domina em profundidade o seu psiquismo. É ação inoportuna e desagradável, em que um Espírito se agarra à pessoa com tenacidade, causando mal-estar generalizado.

Alguém que tenha o sono perturbado por pesadelos, pode estar sendo vítima de uma obsessão simples. Se, no entanto, os efeitos provocados por esses sonhos ruins permanecem, significativa parte do dia, incomodando o enfermo, o caso pode ser classificado como uma subjugação moral.

Fascinação

É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento, na mente do obsidiado (ideias fixas, imagens hipnotizantes, mágoas, fantasias, etc.). Nessa situação, o obsessor é ardiloso e hipócrita, simulando falsa virtude.

O fascinado não acredita que o esteja enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo.

Da fascinação, não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem.

Graças à ilusão que dela decorre, o Espírito conduz o indivíduo de quem ele chegou a apoderar-se, como faria com um cego, e pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se fossem a única expressão da verdade. Ainda mais, pode levá-lo a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas.

Compreende-se facilmente toda a diferença que existe entre a obsessão simples e a fascinação; compreende-se também que os Espíritos que produzem esses dois efeitos devem diferir de caráter.

Na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela se impacienta por desembaraçar-se.

Na segunda, a coisa é muito diversa. Para chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude.

Os grandes termos – caridade, humildade, amor de Deus – lhe servem como que de carta de crédito, porém, através de tudo isso, deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber. Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme são as pessoas que veem claro. Daí o consistir a sua tática, quase sempre, em inspirar ao seu intérprete o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos. Por esse meio, evitando toda contradição, fica certo de ter razão sempre.

Subjugação

A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. O paciente fica sob um verdadeiro jugo.

A subjugação pode ser moral ou corporal.

No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é uma como fascinação.

No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. Vai, às vezes, mais longe a subjugação corporal; pode levar aos mais ridículos atos.

Nos casos de subjugação, a obsessão pode levar a uma espécie de loucura cuja causa se desconhece, mas que não tem relação alguma com a loucura orgânica propriamente dita.

Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são subjugados, que precisariam de um tratamento moral, enquanto que com os tratamentos corporais os tornamos verdadeiros loucos.

As enfermidades mentais produzidas pela obsessão fazem compreender que um bando de Espíritos malfazejos pode lançar-se sobre certo número de indivíduos, deles se apoderar e produzir uma espécie de epidemia moral.

A ignorância, a fraqueza das faculdades e a ausência de cultura intelectual, naturalmente, facultam-lhes maior influência. É por isso que eles prejudicam, de preferência, certas classes, embora as pessoas inteligentes e instruídas nem sempre estejam isentas.

Na atualidade, os processos obsessivos apresentam características de uma epidemia, podendo ser controlada ou neutralizada somente pela força do bem.

Estamos cercados por inúmeros Espíritos perturbados, encarnados e desencarnados, que buscam nos influenciar de todas as formas.

Impossível desconhecer as dificuldades e os problemas a que estamos sujeitos pela influência dos companheiros apresados nas teias de revolta e desequilíbrio.

Entretanto, se a bondade do Senhor os encaminha, é que partilhamos com eles o mesmo quinhão de débito a resgatar ou de serviço a desenvolver.

Se nos trazem sensações de tristeza ou de angústia, é que ainda temos os corações, quais os deles, arraigados à sombra de Espírito.

Recebamo-los na trilha do respeito, quando não nos seja possível acolhê-los no portal da alegria. E comecemos a obra do reajuste, acendendo no íntimo a chama da prece; ela clareará nossas almas e interpretá-los-emos tais quais são: nossos companheiros de caminhada e obreiros indispensáveis da vida.

 

Fonte: https://juancarlosespiritismo.blog/

Bibliografia:

 

BÍBLIA SAGRADA.

CAMPOS, Humberto de (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Boa Nova. 37ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.

DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 32ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.

KARDEC, Allan; coordenação de Cláudio Damasceno Ferreira Junior. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 4ª Edição. Porto Alegre/RS: Edições Besouro Box, 2011.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 92ª Edição. Rio de Janeiro/RJ: Federação Espírita Brasileira, 2011.

KARDEC, Allan; Tradução de Salvador Gentile. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição. Catanduva/SP: Boa Nova Editora, 2013.

MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito), na psicografia Manoel Divaldo Pereira Franco. Nos bastidores da obsessão. 13ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.

NOBRE, Marlene. A Obsessão e suas Máscaras – Dra. Marlene Nobre. https://www.youtube.com/watch?v=wvVLTSy3ykg. Publicado em 14 de novembro de 2016. Acessado em 10 de janeiro de 2019.

ROCHA, Cecília (organizadora). Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar – Tomo Único. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2014.

SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão: profilaxia e terapêutica espíritas. 3ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

 

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