domingo, 12 de agosto de 2018

Pai - Uma Missão Divina


Por Guilhermina Batista Cruz

"A paternidade e a maternidade, dignamente vividas no mundo, constituem sacerdócio dos mais altos para o Espírito reencarnado na Terra, pois através dela a regeneração e o progresso se efetuam com segurança e clareza". (Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz)

.... Quando falamos em família, referimo-nos quase sempre ao núcleo formado pelo pai, mãe e filhos, mas, sabemos que família é muito mais que isso, é muito mais do que apenas simples laços de parentesco, já que os verdadeiros laços de família não são somente os de sangue, mas sim, os estabelecidos nas afeições sinceras que se perpetuam entre os Espíritos afins.

Segundo o que nos dizem os Espíritos: “Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque o Espírito existia antes da formação do corpo; não foi o pai que criou o Espírito do filho, ele não fez senão fornecer-lhe um envoltório corporal, mas deve ajudar o seu desenvolvimento intelectual e moral, para fazê-lo progredir”(O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo XIV). .... Focamos aqui a figura paterna, tão essencial na construção dos valores morais que nortearão o caminho de seus filhos. A figura do pai tem uma importância fundamental na vida de todos nós. Ele é um dos pilares na construção da família, primeiro e importante núcleo, onde, pelas portas da reencarnação, o espírito reinicia sua caminhada. A própria palavra pai tem uma sonoridade toda especial e nos remete a carinho, segurança, colo. Ele é nossa referência de vida para tudo. Quando somos crianças o maior herói é sempre o nosso pai. É ele que sempre está a postos para nos livrar dos perigos, com sua presença amiga, dando-nos segurança e proteção.

A maior missão de um Pai é o compromisso que ele assume de conduzir seus filhos para a aquisição de valores importantes, como respeito, honestidade, dignidade, humildade e amor, além de outros mais, essenciais a sua evolução. Ele deve procurar levar seu filho, em sua missão norteadora, a valorizar o essencial para seu crescimento moral e espiritual, ensinando, educando e colocando limites, para que, no futuro, eles se transformem em seres humanos melhores e contribuam com valores éticos para o mundo.

A questão da colocação de limites é importantíssima, pois, muitas vezes, eles são imprescindíveis na recondução dos espíritos recalcitrantes, sob sua responsabilidade, ao aprendizado de novos valores, e na extirpação dos vícios nocivos, que os impedem de seguir adiante em sua escalada evolutiva. A paternidade, assim como a maternidade, é uma missão divina. Conscientizar-se dessa importante missão é um passo para a aquisição dos valores imperecíveis que enriquecerão sua jornada evolutiva.

Em resposta ao questionamento de Kardec: A paternidade pode ser considerada como missão? Os espíritos assim elucidam: Sem dúvida que é uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o homem pensa, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização fraca e delicada, que o torna propício a todas as impressões.

No entanto, há muitos que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a falir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.

Na questão 583 do Livro dos Espíritos, Kardec ainda indaga:” Os pais são responsáveis pelo transviamento de um filho que envereda pelo caminho do mal, apesar dos cuidados que lhe dispensaram?” e os Espíritos lhe respondem: “Não; porém, quanto piores forem as disposições do filho, tanto mais pesada é a tarefa e tanto maior o mérito dos pais, se conseguirem desviá-lo do mau caminho. ”

A melhor doação que um pai pode dar a seu filho, não são os bens materiais, nem a vida confortável e cheia de prazeres vazios, com a oferta de tudo o que seu poder aquisitivo pode comprar para a satisfação material dele. Não é afastar os problemas de sua vida, mas sim, dar-lhes condições de superá-los com coragem. O mais importante é estar presente, orientando, educando e reprimindo as tendências negativas que eles trazem de vidas anteriores. São os ensinamentos de valores como humildade, honestidade, solidariedade, respeito, e, da maior lição que Jesus nos deixou, que é o amor ao próximo. O não na hora certa, mostrando-lhe que ele não pode tudo, que precisa aprender que seu direito acaba onde começa o do próximo. A crítica construtiva, o carinho, mesmo na correção dos vícios. E o mais importante de tudo o exemplo de honestidade e dignidade.

E como nos fala Santo Agostinho: Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso.

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