sábado, 3 de janeiro de 2009



Serenidade



Em uma cidade do interior, havia um homem que não se irritava e não discutia com ninguém.

Sempre encontrava uma saída cordial, não feria ninguém, nem se aborrecia com as pessoas.

Morava em modesta pensão, onde era admirado e querido.

Para testá-lo, seus companheiros combinaram levá-lo à irritação e à discussão numa determinada noite em que levariam a um jantar.

Trataram todos os detalhes com a garçonete que seria a responsável a mesa reservada para a ocasião. Assim que iniciou o jantar, como entrada foi servida uma saborosa sopa, da qual o homem gostava muito.

A garçonete chegou próxima a ele, pela esquerda, e ele, prontamente, levou seu prato para aquele lado, a fim de facilitar a tarefa de servir.

Mas ela serviu todos os demais, e, quando chegou a vez dele, foi para outra mesa.
Ele esperou, calmamente e em silêncio, que ela voltasse. Quando ela se aproximou outra vez, agora pela direita, para recolher o prato, ele levou outra vez seu prato na direção da jovem, que novamente se distanciou, ignorando-o.

Após servir todos os demais, passou rente a ele, acintosamente, com a sopeira fumegante, exalando saboroso aroma como quem havia concluído a tarefa e retornou à cozinha.

Naquele momento não se ouvia qualquer ruído. todos o observavam discretamente, para ver sua reação.

Educadamente ele chamou a garçonete, que se voltou, fingindo impaciência e disse-lhe:

- O que o senhor deseja?

Ao que ele respondeu, naturalmente:

- A senhora não me serviu a sopa.

Novamente ela retrucou, para provocá-lo, desmentindo-o:

- Servir, sim senhor!

Ele olhou para ela, olhou para o prato vazio e limpo e ficou pensativo por alguns segundos...
Todos pensaram que ele iria brigar... suspense e silêncio total.

Mas o homem surpreendeu a todos, ponderando tranquilamente:
- A senhorita serviu sim, mas eu aceito um pouco mais!


"Em toda história da humanidade, as guerras jamais conquistaram a paz . Somente o diálogo e o desprendimento foram capazes de promover a paz e a harmonia entre as pessoas."


Texto do livro Parábolas Eternas
Legrand

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