Por Felinto Elízio Duarte Campelo
O Natal – o aniversário de Jesus – está chegando. Sente-se
no ar um misto de alegria, de emoção, de esperança, de fé
Não estamos trazendo para vocês, propriamente, uma mensagem.
Chamar de mensagem seria força de expressão. São apenas algumas palavras,
pobres, descoloridas, alinhavadas à guisa de mensagem natalina, para não fugir
do compromisso assumido, lembrando o magnífico evento da vinda de Jesus à
Terra.
Simples e despretensiosa como nós próprios, sem valor e
qualificação literária, enfocando esparsas citações de cunho doutrinário, o seu
conteúdo, entretanto, está cheio de sentimento.
Sincera, foi ditada pelo coração, escrita com a emoção que a
festa natalina inspira, será transmitida sem os arroubos oratórios, mas
dirigida a vocês com muito amor e como uma pálida expressão do muito que nos
vai n’alma e não sabemos traduzir em palavras.
Os potentados e conquistadores se sucederam na Terra.
Dominadores e cruéis, escravizaram homens, esmagaram nações, alcançando, pelas
armas, as glórias efêmeras do mundo, e deixando em seu rastro a morte, a dor, o
desespero, o ódio.
O Egito, sábio, poderoso e dominador, viu-se derrotado e
ocupado pelos persas.
A Assíria empenhou-se em guerra com a Babilônia e a seguir
foi tragada pelo Império dos Caldeus.
Nabucodonosor atacou e arrasou a cidade de Nínive, para
depois desaparecer.
Esparta e Atenas, da velha e gloriosa Grécia de tantos e
importantes filósofos, agrediam-se mutuamente em sanguinolentas batalhas
fratricidas.
Roma, tirânica e invencível por muitos séculos, assistiu ao
seu império esboroar-se.
Ainda criança, Jesus confundiu e maravilhou os doutores da
lei
Os déspotas vieram, implantaram o regime da violência, da
ambição, do orgulho, passaram num turbilhão de desencantos, foram vencidos,
caíram no esquecimento. Os historiadores registram suas façanhas, a humanidade
não mais se lembra deles.
Jesus, porém, teve como berço um punhado de palhas, como
maternidade uma estrebaria, humildes pastores e bandos de animais foram os seus
primeiros companheiros.
Quando do seu nascimento, hora maior da humanidade, os hinos
de guerra foram substituídos por cânticos abençoados saudando a chegada
libertadora do Embaixador Celeste.
Ainda criança, no Templo, Jesus confundiu e maravilhou os
doutores da lei.
Feito jovem, no lar, trabalhou como simples carpinteiro,
exemplificando que em toda realização não podemos dispensar o esforço próprio.
Já adulto, amando, perdoando, curando, consolando,
ensinando, o Mestre revogou todas as legislações opressivas e impiedosas e
promulgou a lei do amor, do perdão e da caridade.
Em sua peregrinação terrena, pregando aos homens a nova
doutrina de fraternidade, fez do seu Evangelho um MANUAL DE CONDUTA HUMANA,
para orientação dos nossos passos pelas sendas da vida; compôs um POEMA DE
AMOR, que enternece e leva os corações renovados a vibrarem em uníssono com o
Criador; doou-nos uma FONTE PERENE DE ESPERANÇAS, quando dos seus lábios
brotaram, com inesquecível ternura, judiciosos ensinamentos.
Sede, pois, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celestial
Em seu código de ética, Jesus registrou:
“Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de
toda a vossa alma e de todo o vosso entendimento. Este é o primeiro e o maior
mandamento. E o segundo, semelhante ao primeiro, é: amareis o vosso próximo com
o a vós mesmos. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.”
“Aprendestes o que foi dito: Amareis o vosso próximo e
odiareis os vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos;
fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim
de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus. Sede, pois, perfeitos, como
perfeito é o vosso Pai Celestial.”
“Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que,
afetadamente, oram em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos
pelos homens. Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, fechada a
porta, orai ao Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto,
vos dará a recompensa.”
“Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus.”
“Tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede
como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão.”
“Não julgueis, a fim de não serdes julgados; porquanto
sereis julgados conforme houverdes julgado os outros.”
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra
Continuemos buscando conhecer, agora, o Evangelho em sua
feição poética, recordando o Sermão da Montanha, hino de exaltação aos humildes
e sofredores, e de louvor aos bons e justos:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o
reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque
eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a
Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados
filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da
justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos
céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Quanta poesia também nas palavras de Jesus, contidas em
Marcos, cap. X: “Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais,
porquanto o reino dos céus é para os que a eles se assemelham”.
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” – afirmou Jesus
Foi Jesus também um inspirado trovador, como podemos
comprovar no cap. VI de Mateus:
“Observai os pássaros do céu: não semeiam, não ceifam, nada
guardam em celeiros; mas vosso Pai Celestial os alimenta.”
“Observai como crescem os lírios dos campos: não trabalham
nem fiam, entretanto, eu vos declaro que nem Salomão, em toda a sua glória,
jamais se vestiu como um deles.”
Rememoremos, outrossim, o Evangelho como manancial
inesgotável de consolações para o presente e de certeza num futuro melhor:
“Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste
mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos
judeus. Mas o meu reino ainda não é aqui.”
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também
em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já vo-lo
teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e
vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que
onde eu estiver, também aí estejais.”
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai,
senão por mim.”
“Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao
Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente
convosco.”
“Em verdade, em verdade, vos digo: Se o homem não renascer
da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus.”
“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e
sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei
comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas
almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.”
“Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se
vos abrirá; porquanto quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bate à
porta, ela abrir-se-á.”
Jesus é verdadeiramente o divisor do tempo
Jesus foi o exemplo maior de amor, de bondade, de
simplicidade; foi meigo, doce e compassivo, austero e disciplinador, sem jamais
empregar a violência.
Tolerante, compreendeu e relevou todas as fraquezas humanas.
Enérgico, usou de sua força e superioridade moral, para
exprobrar os mercadores do templo e expulsar Espíritos obsessores, perversos e
ignorantes, que subjugavam criaturas infelizes.
Por efeito de sua magna importância, Jesus é verdadeiramente
o divisor do tempo. A História Universal identifica as eras como antes de
Cristo e depois de Cristo.
Ainda hoje, vinte séculos decorridos, o Enviado Celeste
reina soberano no coração da cristandade.
Como ocorreu há dois mil anos, preciso se faz que Jesus
nasça em cada um de nós. Nasça como uma criancinha risonha, bela, sadia, que
nos comova e encante com seu sorriso inocente, que nos leve a sonhar. Uma
criança que não estacione no tempo, cresça e se torne adolescente lúcido,
pronto para esclarecer e corrigir os vaidosos que se julgam detentores da
verdade, tal qual aconteceu no templo em Jerusalém.
Um adolescente que alcance a juventude, compenetrado dos
seus deveres, dotado de nobres predicados, trabalhador, honesto, equilibrado,
mensageiro da concórdia.
Um jovem que atinja a idade adulta, fortalecido na fé,
alimentado de amor, aureolado pela luz interior, que faça da caridade a virtude
principal da sua vida.
Cada alma é um mundo onde Jesus – o Cristo Bendito de Deus –
deve nascer e crescer. Façamos com que neste Natal Ele renasça em nós e, como
carpinteiro que foi, venha esculpir em nosso coração um altar de reverência ao
Pai.
O Natal – o aniversário de Jesus – está chegando. Sente-se
no ar um misto de alegria, de emoção, de esperança, de fé. A mesma alegria que
naturalmente nos visita nas festividades mundanas. A grande emoção que nos
envolve quando das confraternizações entre colegas, amigos, confrades e
familiares. A renovada esperança de vermos dias melhores na virada de página do
calendário do tempo. A abençoada fé, qual lírio virgíneo, que se desabrocha
iluminada e se eleva em prece de louvor ao Divino aniversariante.
É imperioso que diariamente Jesus renasça entre nós
Repete-se, amiúde, ser o Natal o momento de reflexão, de
análise do que foi feito, como foi feito, do que ficou por fazer.
Certo, o Natal nos enseja uma profunda reflexão sobre o que
nos sucedeu no transcorrer do ano, nos leva a reconsiderar atitudes, nos induz
a relevar faltas alheias e ofensas recebidas, nos encoraja a reconciliar com os
adversários esquecendo mágoas, perdoando incondicionalmente e sem limite. O
Natal inspira amor.
Não basta, porém, analisar ocorrências e refletir acerca de
atitudes apenas na época natalina. É imprescindível que esse trabalho seja
feito sempre, e mais: é imperioso que diariamente Jesus renasça entre nós.
Quando de fato o homem aprender a sublime mensagem do
Evangelho e tiver o Mestre presente no relicário do coração, estará sepultado o
passado de desacertos, desaparecerão as mágoas, sumirão os rancores, os ódios
serão aplacados, as contendas esquecidas. Haverá paz na Terra.
Teremos então, todos os dias, um novo NATAL, o aniversário
de Jesus.
Feliz Natal para todos os que gozam de saúde; para os que
desfrutam de uma situação financeira estável; para os que foram premiados com
uma família equilibrada.
Feliz Natal para os que são torturados por enfermidades
incuráveis; para os que padecem fome e frio, experimentando privações e extrema
pobreza; para os que convivem com familiares problemáticos. Para esses nossos
irmãos, que o Natal traga a esperança de uma nova vida livre dos tormentos que
hoje lhes martirizam a alma.
Que ao refletirmos sobre o Natal de Cristo, sobre o que
significa a presença de Jesus na Terra, possamos tentar, mesmo que timidamente,
começar a nossa renovação interior.
FELIZ NATAL!