Por Maria Lúcia Garbini Gonçalves
“E Jesus lhe respondeu: Amar a
Deus, de todo o seu coração, de toda sua alma e com todo o seu entendimento” (grifo
nosso) (1)
Isso foi o primeiro ensinamento
que o Mestre pronunciou ao responder a um fariseu doutor da Lei que Lhe
perguntou qual era o mandamento maior. E sabemos que se Jesus falou “Este é o
maior e o primeiro mandamento” não seria por poucas razões.
A primeira impressão que uma
pessoa sempre tem ao debruçar-se seriamente sobre uma obra da Codificação
Espírita é sua lógica e bom senso.
Kardec (2) já nos sinaliza essa
característica em o Livro dos Espíritos: “Sua (do Espiritismo) força está na
sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso. Na antiguidade ele era
objeto de estudos misteriosos, cuidadosamente ocultos ao vulgo. Hoje não tem
segredos para ninguém: fala uma linguagem clara, sem ambiguidades; nada há nele
de místico, nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações.”
Na época que Jesus reafirmou o
primeiro mandamento que Moisés havia recebido, as palavras eram recebidas por
mentes moldadas pelos limites da cultura e evolução da época. Hoje, devido ao
progresso da humanidade nas diversas áreas do conhecimento, como a ciência, a
filosofia, a psicologia, conseguimos entender mais cada ensinamento que Jesus
nos deixou, de maneira mais precisa, principalmente após a Codificação
Espírita.
No mandamento maior, quando o
Mestre nos aconselha amar a Deus de toda a nossa alma e entendimento, Ele
estava nos recomendando uma fé raciocinada, tal qual o Espiritismo prega.
Mais tarde, no Evangelho Segundo o
Espiritismo, Kardec define que “Fé inabalável só é a que pode encarar a razão,
face a face, em todas as épocas da humanidade”.
Ou seja, Jesus estava mostrando
que amar a Deus é algo muito lógico e que não fere a nossa razão, tanto que a
ciência nunca esteve tão perto de aceitar Deus como agora, com os avanços que
estão acontecendo.
Kardec, induzido pelos Espíritos
Superiores, quando recebeu e compilou o primeiro livro da Codificação Espírita,
O Livro dos Espíritos, a sua primeira pergunta aos Espíritos foi “O que é
Deus?”. Não perguntou “Quem era Deus”, como se Deus fosse um senhor de barbas
brancas e muito severo sentado lá no céu, com as falhas humanas. E a resposta à
pergunta foi “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as
coisas”. Ou seja, uma inteligência infinita, que gerou a matéria, que por sua
vez, arranjou-se de tal modo a formar planetas e universos físicos, que em
bilhões, trilhões, ou mais de anos, na
mais espetacular harmonia química e biológica gerou diferentes vidas adaptadas
a viver em diferentes planetas, recebendo a proteção e cuidado de espíritos de
outras dimensões, mais antigos na hierarquia de mundos também criados pelo
mesmo pai, simples e ignorantes como nós, que progrediram e conseguiram evoluir
em inteligência e espírito. Tudo isso no mais maravilhoso encadeamento de causa
e consequência; de uma coisa gerando outra na mais perfeita lógica e
encadeamento.
Tudo isso gerado pelo amor
infinito do Pai. A nós cabe despertar os nossos sentidos para nos conectarmos
ao Pai e a todos os espíritos do bem pela oração, pelo bem que praticamos.
Sentimos a brisa fresca no nosso
rosto, pois sentimos o calor ou o frio, então mesmo sem enxergá-la sabemos que
ela existe. Assim é sentir Deus, vislumbrando a natureza, os animais, o céu, os
astros, as pessoas, cada uma com suas características e personalidade, mas que são
irmãos com a mesma sede de amor e filhos do mesmo Pai. Isso é amar a Deus em todo o nosso entendimento.
Sentimos uma dor no coração quando
vemos uma criança passando fome e queremos ajudá-la. Isso é amar a Deus. Ao ajudar qualquer ser
neste universo, de qualquer reino, estaremos amando a Deus.
Diante das vicissitudes da vida,
se somos persistentes e vamos à luta para a solução, e não desistimos, então as
sincronicidades da vida acontecem e tudo dá certo, dentro das nossas
necessidades. É Deus em nossa vida nos ensinando a lutar e não desistir. É a
força interna que o nosso entendimento nos impele a aceitar, pois necessitamos
dela “como o nosso pão de cada dia”.
Esta é a nossa melhor encarnação,
isso ilustra a Lei do Progresso, criada por Deus. Quem quer o nosso progresso,
só pode nos amar, então o nosso entendimento é retribuir esse amor.
A Lei de Ação e Reação é
inevitável, através dela aprendemos a nos amar e amar ao próximo, e esse
entendimento, nos leva fatalmente a amar a Deus sobre todas as coisas. Porque
se fizermos, ou pensarmos algo ruim a respeito de nosso irmão, recolheremos os
efeitos nocivos dos maus pensamentos em nosso organismo, e a vida logo nos
ensina que as energias boas e ruins voltam ao emissor. Então a lógica é que
devemos nos controlar, e ao fazer isso estaremos fazendo uma caridade ao
próximo, e assim, amando a Deus com o consentimento de nossa razão.
Tudo na vida é lógica e razão.
Estamos imersos em Deus.
Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11, item 1; e
(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Conclusão, item VI.
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