domingo, 29 de setembro de 2024

A Primavera e a renovação

 


Por Altamirando Carneiro

A primavera tem seus efeitos. As árvores cobrem-se de vestes novas, botões de promissoras flores e deliciosos frutos. Sente-se um suave perfume no ar. Há alegria em tudo, nesta estação do ano.

Deus como que premiou o homem, na Terra, com essa renovação, E quanto mais árduo for o inverno, mais belo é o renascer da primavera.

Primavera é renovação de vida e de esperanças. Em cada flor que nasce; em cada fruto que amadurece; em cada espécie, animal e vegetal.

Oxalá a renovação da primavera possa se estender à renovação da conduta moral do homem.

Parece que a criatura humana é cada vez mais indiferente à dor, à miséria, à fome, ao abandono. Por que tanto sofrimento, tanto desprezo aos direitos humanos? Os Espíritos nos advertem de que os tempos são chegados, dos expurgos em massa, para o crescimento espiritual das criaturas.

Sentimo-nos tristes em nos acreditarmos partícipes de tudo isso, por não termos meios de abrandar tanta dor e abandono. Sentimo-nos pequenos demais, em meio a uma luta tão atroz e desumana.

Ao vermos as flores que se renovam a cada ano em novas esperanças de vida, rogamos ao Pai amantíssimo que derrame a sua luz e dê esperanças aos exilados do mundo.

"Senhor Deus dos desgraçados!", como diria Castro Alves. Te rogamos misericórdia para estas criaturas; rogamos-te que todas as flores da primavera que envolvem nosso Planeta e especialmente nosso amado Brasil sejam transformadas em pétalas de luz para esses seres. Que os germes do respeito humano renovem os corações duros dos grandes líderes e transformem seu autoritarismo em amor e piedade para os seus irmãos.

Senhor Deus dos Desgraçados! Recolhe também de nossos corações todo amor que encontrares e envolve todos os sofredores, que da vida possuem mais a semente da esperança, para o fim de seus martírios e o fim de seu inferno de provações.

Se dos invernos mais duros nascem os mais saborosos frutos, em misericórdia, então, te pedimos: Pai, acalenta com teu amor todos os seres em sofrimento, para que nossa linda primavera se reverta em primavera de amor, no coração de todas as criaturas. Com flores de amor, de piedade, de misericórdia, de caridade e, acima de tudo, com rosas de fraternidade.

 

sábado, 21 de setembro de 2024

A primavera dos sentimentos


 

A primavera é uma estação que costuma alegrar e inspirar grande número de pessoas. Poucos lhe são indiferentes.

É lembrada como a estação das flores, pois essas costumam ser exuberantes nessa época, alegrando nossos olhos com um espetáculo de cores.

O ar se enche do aroma das flores e nos provoca sensações de bem-estar, não raro nos trazendo boas lembranças de outras primaveras, pois o sentido do olfato tem uma forte ligação com a memória.

Os pássaros iniciam a época de seu acasalamento e, a cantar, convidam um parceiro para dar continuidade à sua espécie, perpetuando a vida.

No ar, o pólen das flores busca espécimes similares para que o espetáculo visual tenha continuidade.

Sem dúvida é uma estação na qual há uma verdadeira explosão de vida na natureza!

E nós, seres humanos nos contagiamos com tal exuberância. As novas temperaturas convidam a sair, ao contrário do frequente ensimesmamento do inverno.

Cuidamos de nossos jardins, podamos nossas árvores para que seus brotos sejam mais fortes e esperamos.

Mas, não raro, passadas as primeiras semanas, as cores da natureza já não chamam mais nossa atenção pois deixam de constituir novidade.

Voltamos à rotina. É necessário que um novo inverno nos faça desejar novamente a primavera.

Assim também nos comportamos em nossas relações afetivas. Quando conhecemos alguém que desperte em nós o amor, sentimos, inicialmente, uma imensa alegria, e passamos a nos comportar de maneira diferente.

Tal qual na primavera, nossos sentimentos parecem flores a se abrir. Nossas atitudes em relação à pessoa amada são delicadas.

Nossa voz possui um tom de ternura tal qual o canto de um pássaro.

Quando amamos, emitimos pensamentos que modificam nossa fisionomia, estampando em nossa face um sorriso constante. Da mesma forma que o perfume das flores nos atrai, os pensamentos nobres atraem pessoas à nossa volta.

Ao emitirmos bons pensamentos modificamos a energia que nos rodeia. A energia na qual nosso corpo está imerso.

Não é à toa que a ciência tem demonstrado que quem ama mantém a saúde, atrasa o envelhecimento de suas células, e vive mais.

No entanto, frequentemente, deixamos o tempo transformar o sentimento em algo rotineiro, esquecemo-nos de adubá-lo e de regá-lo, pois já não nos é mais uma novidade.

Permitimos o calor das discussões e, depois delas, o esfriamento da distância e da desatenção.

Então, tal qual em relação às estações, aguardamos por uma nova primavera embora não nos esforcemos por ela, esquecidos de que somos plenamente responsáveis por nossos sentimentos.

O amor verdadeiro é sólido, dá abrigo e segurança qual frondosa árvore sob a qual nos abrigamos. As intempéries não mais a vergam.

Mas essa árvore foi um dia uma semente que germinou em solo fértil, que foi regada pelas chuvas, que se enraizou progressivamente até se tornar sólida e bela.

Lembremos sempre que o amor não prescinde de cuidados, de pequenas atenções, de carinho, pois se amamos mas não exteriorizamos este sentimento, de forma equilibrada e constante, algum dia ele poderá ser esquecido.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Quem oferece flores

 


Quem oferece flores está sempre perfumado.

A frase é uma das muitas adaptações já sofridas por um possível provérbio chinês antigo.

Em outra versão lê-se que um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores.

Na essência dessa ideia está o ensino de que somos nós os maiores beneficiados por uma boa ação praticada, por uma doação, por um gesto de carinho.

Quem recebe as flores poderá se perfumar ou não, se encantar ou não, ficar agradecido ou dar pouca importância.

Porém, quem oferece o ramalhete já está perfumado.

Não temos controle sobre a reação do outro. Não sabemos se irá aproveitar bem, se saberá dar o verdadeiro valor àquilo que fizemos ou dissemos.

Mas, ao tomar a decisão de colher as rosas já estamos nos encharcando de sua essência delicada e bela.

Depois, transportando-as e permanecendo em sua companhia por um tempo, presenteamos nossos próprios olhos e pensamentos com imagens floridas.

Por vezes nos preocupamos em demasia em como o outro irá receber, se saberá valorizar, se saberá agradecer, e acabamos intranquilizando a alma.

A alma de quem oferece florescências não precisa se angustiar, pois já está mergulhada no bem, inundada de amor, do verdadeiro amor, aquele que não espera retorno nem reconhecimento.

É claro que sempre torcemos pelo sorriso no rosto de quem recebeu nosso presente, como se ele fosse a confirmação de que nossa ação foi nobre.

Porém, a confirmação maior está em nossa consciência, que sempre nos avisa, que sempre nos sinaliza quando estamos no caminho dos sentimentos nobres.

Aí está o pouco de perfume que permanece em nossas mãos.

Sempre saímos ganhando quando nos doamos, quando nos preocupamos com o outro. Essa é uma das grandes bênçãos da caridade – ela nos preenche.

Igualmente, se pensarmos pelo lado negativo, das ações maléficas, imaginemos mãos cheias de lama, prontas para atirar no outro.

Quem atira a lama já está coberto dela. É o primeiro que se suja e se prejudica e, mesmo que a jogue longe, mirando em algo ou alguém, sempre permanecerá com as mãos lamacentas.

Isso nos leva a entender que sempre temos a escolha: de estar com as mãos perfumadas ou cheias de lama.

*   *   *

Ofereço-lhe as flores de minh ‘alma,

Colhidas aqui e ali, nos campos que percorri,

Nas vidas que vivi, durante este tempo em que já sou eu.

Ofereço-lhe meus sorrisos e minha arte,

A arte de misturar as palavras multicolores, como flores, fazendo um jardim,

Ofereço-lhe meu tempo mais precioso, pois tempo que se passa junto é muito maior do que aquele que se passa só,

Ofereço-lhe companhia, não de quem pensa igual, mas de quem pensa ao lado, ouve, respeita e entende outros tipos de pensares.

Ofereço-lhe o que há de melhor em mim... E o mais curioso é que não me esvazio. Não, ao fazer isso, sinto-me ainda maior.

Redação do Momento Espírita.

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