Por Carla Silvério Barbosa
Estamos no mês de dezembro, época
do ano que tradicionalmente “respira” os ares do natal e das festividades de
final de ano.
Contudo, muitos comemoram esta
data sem sequer imaginar as suas origens e o seu real significado, que vai
muito mais além do que trocar presentes e compartilhar a ceia na madrugada do
dia 24 para o dia 25.
Afinal, o que é o natal?
Como surgiu essa data festiva na
humanidade?
O natal como o conhecemos nos dias
atuais tem sua origem no paganismo do Século II D.C., por volta de 274 D.C.,
quando o então imperador romano Aureliano determinou que se comemorasse o
início do solstício de inverno com homenagens ao Deus-Sol Natalis Solis Invicti
(Deus-Sol Invicto)".
O Cristianismo incorporou essa
festividade pagã e a transformou na comemoração do nascimento de Jesus de
Nazaré, considerado pelos cristãos até os dias atuais como o “Sol”, filho de
Deus, a encarnação da justiça divina, personificação da “luz do mundo"".
Sabe-se que historicamente não há
nenhuma comprovação de que Jesus de Nazaré tenha nascido numa noite de 25 de
dezembro, até mesmo porque, à época de seu nascimento sequer existia o
calendário e o sistema de datas utilizados hoje.
O decreto de que o nascimento de
Jesus de Nazaré seria comemorado pelos cristãos no dia 25 de dezembro somente
veio a ser estabelecido durante o papado de Julio I, no Século III D.C. e
considerado feriado no Império Romano apenas com o Imperador Justiniano, no ano
de 529 D.C.
A Igreja Católica, no princípio do
Cristianismo, percebeu que teria que usar de artifícios para cristianizar o
povo romano, que até então era praticante do paganismo politeísta (religião
oficial do Império Romano até 380 D.C., quando Teodósio I instituiu o Édito de
Tessalônica, decretando a partir daí o Cristianismo como religião oficial
de todo império) e usou de datas e divindades pagãs como ponto de partida para
a introdução da nova doutrina que surgia naquele povo, a exemplo da figura de
Jesus de Nazaré no lugar do Deus-Sol Invicto, e tantas outras incorporações da
cultura pagã usada pelo Cristianismo primitivo como forma de se aproximar dos
novos fiéis e conquistar a sua simpatia.
Desde a idade média até os dias
atuais, o Cristianismo passou por diversas modificações e adaptações ao longo
dos séculos, e com ele, transformou-se também o significado do Natal em meio à
humanidade.
Com o tempo surgiu a figura do
presépio (inventado por Francisco de Assis), a árvore de natal (inventada por
Martinho Lutero), papai noel (ou São Nicolau, bispo turco do Século IV que
viveu em Mira, onde atualmente é a Turquia e que no seus aniversário dava
presentes para as crianças locais), trenó com henas voadoras, presentes de
natal (que remonta aos três reis magos que foram até Jesus de Nazaré em seu
nascimento para lhes presentear) e toda a simbologia natalina da atualidade.
Em meio a toda a movimentação
comercial e publicitária que hoje toma conta do natal e de toda a sua
simbologia, muitos se perguntam qual seria o verdadeiro sentido do natal.
O natal não é apenas um dia
festivo em que compartilhamos o jantar com familiares e amigos e trocamos presentes.
Vai muito mais além!
Numa data em que lembramos e
festejamos o nascimento de Jesus de Nazaré, nosso maior exemplo e grande
governador espiritual do orbe terrestre devemos ter em mente o verdadeiro
sentido do natal, revivendo em nossos corações as valiosas lições morais
deixadas pelo Mestre enquanto esteve reencarnado no meio dos homens.
E o Espiritismo, comemora o natal?
Para a Doutrina Espírita, o natal
é o momento de profunda reflexão, de ponderação de nossa conduta tanto vista
intimamente como para com os demais, a respeito da mensagem que Jesus nos
deixou e que até hoje temos dificuldade em entende-la e vivenciá-la.
Assim como ocorre em todo o mundo
cristão do ocidente, todo dia 25 de dezembro é comemorado o nascimento de
Jesus, e para o Espíritas não poderia ser diferente, haja vista que o
Espiritismo é doutrina cristã, fundada por Jesus e apenas codificada por Allan
Kardec.
Jesus de Nazaré, como dito, é
considerado o grande Sol da humanidade e não por acaso foi escolhido o dia 25
de dezembro como marco para sua festividade natalícia.
Como grande Sol da humanidade, ele
nos guia pelo caminho reto da porta estreia, rumo à depuração de nossas faltas
e falhas, em direção à elevação máxima do Espírito.
Nas palavras ensinadas pelo
próprio Jesus o “caminho, a verdade e a vida” (Jo 14:6, BÍBLIA SAGRADA).
Como ensina Emmanuel:
As comemorações do Natal
conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento
preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas,
fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos.
A Manjedoura foi o Caminho. A exemplificação era a Verdade. O Calvário
constituía a Vida. Sem o Caminho, o homem terrestre não atingirá os tesouros da
Verdade e da Vida.
Jesus desde o seu reencarne na
Terra vem deixando valiosas lições à humanidade, por meio de palavras e por
suas exemplares ações tomadas em meio aos homens distanciados da senda do bem
pelos equívocos cometidos nas existências desajustadas e obscurecidas pela
ignorância.
Na obra A Caminho da Luz Emmanuel nos ensina que a passagem de Jesus de Nazaré pelo planeta Terra foi um
marco para a maioridade espiritual da humanidade terrestre: “Começava a era
definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que Jesus,
com a sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor
a todos os corações”.
Na época de natal, a solidariedade
emerge no meio social e muitos aproveitam a data para realização de atos
concretos de caridade, a exemplo do que Jesus nos ensinou.
Contudo, não podemos nos esquecer
de que a caridade não deve ficar restrita tão somente à época natalina. A
caridade, a exemplo de Jesus, deve fazer parte naturalmente do cotidiano dos
homens.
Jesus nos exorta que fora da
caridade não há salvação! A Doutrina Espírita tem nas festividades
natalinas um poderoso reforço de reavivamento desta valiosa lição para toda a
humanidade.
Entretanto, é de fundamental
importância a compreensão do significado correto da caridade ensinada por
Jesus, que vai muito além dos bens materiais.
A caridade ensinada por Jesus deve
ter origem no seio familiar, ensinada de pais para filhos (Q. 208, L.E), na
formação do caráter de seres humanos de bem conforme nos direciona o Evangelho
Segundo o Espiritismo (Cap. XVII, item “3"), ensinando já às crianças
a importância conjunta da elevação moral do ser humano e do trabalho de cada um
para a melhoria de todos, tanto espiritual quanto do ponto de vista material.
Jesus, como Espírito de mais alto
gabarito que é veio até o orbe terrestre para ensinar aos homens o amor
verdadeiramente, mostrar o caminho da verdadeira felicidade que nada tem de
material, mas sim decorrente justamente do desapego das coisas do mundo
grosseiro em que nos encontramos reencarnados e ao mesmo tempo, conquista de
elevação espiritual pela prática do amor e caridade por vivenciados.
A Doutrina Espírita nos orienta e
refletirmos o momento do natal com esperança no amanhã, no desenvolvimento de
uma consciência humana sintonizada com a mensagem do Grande Mestre Jesus.
O nascimento ocorrido na
manjedoura há mais de dois mil anos trouxe à humanidade a mais alta esperança a
se ter e mais inequívoca comprovação da grandiosidade do Criador e de seu amor,
justiça e misericórdia infinitos.
Em Jesus personificou-se o maior
exemplo de purificação máxima do Espírito, com ele recebemos a boa nova do Pai
de que somos perfectíveis e após traçarmos a nossa marcha evolutiva chegaremos
à elevação de Espíritos Puros, tal qual conquistada ao longos das multimilenárias
existências por Jesus.
Ao olharmos o Grande Mestre
percebemos o quanto já percorremos e nos depuramos com a prova amorosa do
Criador de que, cientes do percurso que ainda nos resta, nosso destino final é
inevitavelmente a perfeição, à sua imagem e semelhança.
O amor em sua mais pura essência
que encontramos ao olharmos para a manjedoura, nos mostra Jesus que deve (e é
perfeitamente possível) reverberar em todos os seres da criação, principalmente
no coração dos homens.
A celebração do Natal para a Doutrina
Espírita é a aclamação do amor de Deus por todos, concretizado no exercício da
caridade para consigo (por meio da reforma íntima) e com o próximo por cada um
de nós.
Este é o verdadeiro significado do
natal para todo cristão, em especial para todo bom espírita.
Que sejamos a exemplo de Jesus, luz no mundo, não apenas no Natal mas em todos os dias do ano.
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