Por Rafaela Paes – Letra Espírita
O item V da Conclusão de O Livro dos Espíritos traz
em suas palavras explicações acerca do futuro do Espiritismo, que muito se
coaduna com a ideia a ser brevemente trabalhada por meio desse artigo.
“Aqueles que dizem que as crenças espíritas ameaçam
invadir o mundo, proclamam-lhe, com isso, a força, porque uma ideia sem
fundamento e despida de lógica não poderia tornar-se universal. Portanto, se o
Espiritismo se implanta por toda a parte, se faz adeptos sobretudo nas classes
esclarecidas, assim que cada um o reconhece, é porque tem um fundo de verdade.
Contra essa tendência todos os esforços dos seus detratores serão vãos, e o que
o prova é que o ridículo com o qual procuram cobri-lo, longe de deter-lhe o
impulso, parece lhe ter dado uma nova vida. Esse resultado justifica plenamente
o que, muitas vezes, nos disseram os Espíritos: ‘Não vos inquieteis com a oposição,
tudo o que se fizer contra vós tornará para vós, e vossos maiores adversários
servirão à vossa causa, sem o querer. Contra a vontade de Deus a má vontade dos
homens não prevalecerá’.
Pelo Espiritismo, a Humanidade deve entrar numa
fase nova, a do progresso moral, que é a sua consequência inevitável.
Portanto, cessar de vos espantar da rapidez com a
qual se propagam as ideias espíritas; a sua causa está na satisfação que elas
proporcionam a todos os que nela se aprofundam, e que nelas veem outra coisa
mais do que um fútil passatempo. Ora, como cada um quer a felicidade antes de
tudo, não é de admirar que se interesse por uma ideia que o torna feliz.
O desenvolvimento dessas ideias apresenta três
períodos distintos: o primeiro é o da curiosidade provocada pela estranheza dos
fenômenos que se produzem; o segundo, o do raciocínio e da filosofia, e o
terceiro o da aplicação e das consequências. O período de curiosidade passou. A
curiosidade não tem senão um tempo e, uma vez satisfeita, muda de objeto para passar
a um outro. O mesmo não sucede com aquele que recorre ao pensamento sério e ao
julgamento. Começado o segundo período, o terceiro o seguirá inevitavelmente. O
Espiritismo tem progredido, sobretudo, depois que foi melhor compreendido em
sua essência íntima, depois que se lhe viu a importância, porque toca o ponto
mais sensível do homem: o da sua felicidade, mesmo neste mundo. Nisso está a
causa da sua propagação, o segredo a força que o fará triunfar. Ele torna
felizes aqueles que o compreendem, até que sua influência se estenda sobre as
massas. Mesmo aquele que não teve nenhum testemunho material de manifestação,
diz: além desses fenômenos, há a filosofia que me explica o que NENHUMA outra
me havia explicado; nela encontro, só pelo raciocínio, uma demonstração
racional de problemas que interessam muitíssimo ao meu futuro; ela me
proporciona a calma, a segurança e a confiança; me livra do tormento da
incerteza: ao lado dela, a questão dos fatos materiais é uma questão
secundária. Vós todos, que o atacais, quereis um meio de o combater com
sucesso? Eis aqui: Substituí-o por qualquer coisa melhor; encontrai uma solução
MAIS FILOSÓFICA a todas as questões que ele resolve; daí ao homem uma OUTRA
CERTEZA que o torne mais feliz e compreendei bem a importância dessa palavra
certeza, porque o homem não aceita como certo senão o que lhe parece lógico.
Não vos contenteis em dizer que isso não é assim, pois é muito fácil. Provai,
não por uma negação, mas por fatos, que isso não é, jamais foi e não PODE ser.
Se não o é, dizei, sobretudo, o que haveria em seu lugar. Provai, enfim, que as
consequências do Espiritismo não são de tornar os homens melhores e, portanto,
mais felizes, pela prática da mais pura moral evangélica, moral que se
glorifica muito, mas que se pratica pouco. Quando houverdes feito isso, tereis
o direito de ataca-lo. O Espiritismo é forte porque ele se apoia sobre as bases
da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras como consequências
naturais da vida terrena, e que nada, no quadro que ele oferece do futuro, pode
ser negado pela mais exigente razão. Vós, cuja doutrina total consiste na
negação do futuro, que compensação ofereceis para os sofrimentos deste mundo?
Vós vos apoiais sobre a incredulidade, ele se apoia sobre a confiança em Deus.
Enquanto ele convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira
fraternidade, vós lhes ofereceis o NADA por perspectiva e o EGOÍSMO por
consolação. Ele explica tudo, vós não explicais nada. Ele prova pelos fatos e
vós não provais nada. Como quereis que se hesite entre as duas doutrinas”?
Como exercitar a mencionada segunda fase do
Espiritismo? ESTUDANDO!
E como estudamos? Por meio dos livros.
E a que nos levará o estudo? À terceira fase, de
aplicação e consequências, culminando no progresso e evolução moral de cada um
de nós.
É importante a literatura espírita? Muito. Já disse
o Espírito de Verdade: “Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento.
Instruí-vos, eis o segundo” (Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Cap. VI, item 5).
Pode ser o Pentateuco de Kardec, podem ser romances
espíritas, livros doutrinários dos mais diversos, a gama é enorme. Não importa
como, o que importa é que se leia, que se faça uso da riqueza contida nesses
livros, que se permita que eles invadam nosso ser com seus ensinamentos,
melhorando-nos e nos auxiliando sempre pelos caminhos e percalços da vida.
Espíritas, instruí-vos!
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