Por Eder Andrade
Desde a antiguidade, alguns homens
acreditam na vida após a morte. Mesmo sem saber explicar ao certo como ocorria
esse processo, acreditavam na teoria da metempsicose e mais tarde na
transmigração da alma, em fenômeno que representa a transferência da alma de um
corpo para outro. O termo reencarnação é algo bem mais recente, provavelmente
início da Idade Moderna.
A crença na sobrevivência do
princípio inteligente à morte do corpo físico foi o primeiro passo para a
teoria de uma Vida Futura, onde a alma que havia se manifestado em um corpo
poderia renascer, ou retornar em outro corpo.
Em alguns povos, sacerdotes e pitonisas,
portadores de uma mediunidade mais ostensiva, conseguiam perceber a presença
dos espíritos, sustentando a teoria da imortalidade e a transmigração da alma.
Os povos primitivos veneravam os
ancestrais e acreditavam que a morte do corpo físico não fazia desaparecer o
princípio inteligente, a personalidade que animava e dava vida àquele corpo.
O termo metempsicose é encontrado
desde Pitágoras e Platão. Acredita-se que Pitágoras aprendeu seu significado
com os egípcios, que por sua vez aprenderam com os indianos. Platão e os
indianos não acreditavam na metempsicose, porém utilizavam o termo na ausência
de outro como sinônimo de reencarnação.
A teoria da transmigração da alma,
como um sinônimo para metempsicose, vai ajudar a entender séculos mais tarde a
ideia de reencarnação.
Por intermédio dos iniciados,
feiticeiros, xamãs ou druidas, a cultura da transmigração da alma, passa a
fazer sentido nas antigas interpretações bíblicas da possibilidade de um
retorno em uma nova vida para completar uma missão, saldar um compromisso ou
até reparar um erro cometido.
Podemos nos lembrar das palavras
de Jesus, quando disse:
“...Ninguém pode ver o Reino de
Deus, se não nascer de novo". (João 3:1)
“Disse-lhe então Pilatos: “És, pois, rei”? -
Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a este mundo
senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence à verdade escuta a
minha voz”. (João, 18:33, 36 e 37.)
Acerca dessa passagem bíblica, que
encontramos no livro O Evangelho segundo o Espiritismo 1, temos a explicação do
Espírito da Verdade de que Jesus, conversando com Pilatos, se referia à
reencarnação, assim como à possibilidade de uma nova existência corpórea,
conhecimento que estava muito além da compreensão do governador da província
romana da Judeia.
Jesus sabia que era difícil falar
da Boa Nova, da Vida Futura ou de reencarnação para corações endurecidos e
apegados aos valores materiais de um mundo transitório, por esse motivo
prometeu aos seus discípulos e seguidores que enviaria o Espírito da Verdade,
trazendo O Consolador Prometido, que explicaria tudo aquilo que ele não teve
condições de explicar e muito mais, porém seria necessário que os homens
orassem, solicitando a Deus o envio desse Consolador ao longo dos tempos.
Quando Allan Kardec recebe do
Espírito da Verdade, a Terceira Revelação que era O Consolador Prometido,
consegue, como havia antecipado Jesus aos seus discípulos e seguidores,
explicar de forma mais detalhada a Boa Nova, dando condições de todos
compreenderem melhor o sentido da reencarnação e o seu verdadeiro fundamento,
como encontramos em O Livro dos Espíritos 2, em que lemos: “Deus lhes impõe a
encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para
outros, missão”2.
O Estudo Sistematizado da Doutrina
Espírita ou ESDE, utilizando o livro O Céu e o Inferno 3, procura relacionar o
código penal da vida futura de forma a facilitar o conhecimento dos itens, em
particular do item 16o, quando estabelece: “O arrependimento, conquanto seja o
primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação
e a reparação”3. Um processo de reeducação emocional para o espírito, através
do estudo e da prática do amor ao próximo.
O conhecimento da Doutrina
Espírita, aliado a uma fé raciocinada, são elementos que nos ajudam a
compreender que: “Esse dogma pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do
Cristo, pelo que foi colocado num dos primeiros lugares à frente desta obra. É
que ele tem de ser o ponto de mira de todos os homens; só ele justifica as
anomalias da vida terrena e se mostra de acordo com a Justiça de Deus”1.
A missão de Jesus através das curas, do ensinamento e dos preceitos morais era despertar nos corações dos homens o sentimento altruísta em relação ao próximo, despertando que a vida não se limitava ao mundo material. Somos espíritos imortais ocupando um corpo de carne em uma experiência reencarnatória, com o objetivo de evoluir, progredir e alcançar a perfeição.
Referência:
1)
Kardec, Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo; Cap. II – 2. A vida
futura; FEB.
2)
______, ____; O Livro dos Espíritos; 2a parte; Cap. II - Objetivo da
reencarnação (Per. 132); FEB.
3)
______, ____; O Céu e o Inferno; 1a parte, Cap. VII - Código penal da
vida futura (16o item); FEB.
4) Wikipédia (A enciclopédia livre)
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