Esboço Geológico da Terra
Por Joel Matias
Períodos
Geológicos
A perfuração
de poços, minas e pedreiras, facultou a observação dos terrenos estratificados,
o que permitiu à Geologia estudar a origem do globo terrestre como também dos
seres que o habitam.
As camadas,
variando de centímetros, até mais de cem metros, são geralmente homogêneas e
horizontais, distinguindo-se claramente umas das outras; formaram-se por
depósitos sucessivos até chegar à última camada de terra vegetal, derivada de
detritos orgânicos. As camadas inferiores denominam-se rochas, formadas de
areia, argila, marna, seixos rolados, ou grés, mármores, crés, calcários,
carvões de pedra, asfaltos, etc. A forma e consistência das camadas revelam sua
formação pela ação do fogo ou da água. As camadas formadas por depósitos
aquosos e que se encontram inclinadas ou verticais foram deslocadas, após a
solidificação, por convulsões do solo.
A ocorrência
de despojos fósseis de animais e vegetais dentro das camadas inferiores situam
sua existência naquela época. Tais fósseis resultaram petrificados, sem
alteração da forma (penetrados por matérias silicosas ou calcárias); outros
foram envolvidos por matérias em estado flácido, mantendo-se intactos, dentro
das mais duras pedras; outros finalmente deixaram somente marcas como a forma
de um pé com dedos e unhas, permitindo identificar o animal que as deixou.
O estudo das
camadas e dos fósseis permitiu estabelecer-se os períodos geológicos
principais: primário, de transição, secundário, terciário, diluviano,
pós-diluviano ou atual.
Estado
primitivo do globo
O
achatamento dos polos indica que o estado primitivo da Terra era de fluidez ou
flacidez por ação do calor. A cada 30 metros de profundidade a temperatura
aumenta de um grau, alcançando temperaturas em que toda a matéria conhecida se
funde. A espessura da crosta terrestre é comparável à da casca de uma laranja,
levando a concluir-se que no princípio a Terra era uma massa fluida
incandescente, que esfriou pouco a pouco da superfície para dentro,
conservando-se a matéria interior em estado de fusão. Durante o resfriamento a
matéria sofreu transformações, combinações várias, resultando a formação de uma
atmosfera densa, opaca, formada pela volatilização de metais como enxofre e
carbono o que não permitia a passagem dos raios solares.
Período
primário
Com o
progressivo resfriamento, houve solidificação da parte exterior da massa em
fusão, formando uma crosta uniforme e compacta constituída de granito, pedra
extremamente dura formada por feldspato, quartzo e mica. Ocorreram numerosas
fendas pelas quais a matéria efervescente extravasava.
Continuando
o resfriamento, ocorreu liquefação de vapor de metais em suspensão, causando
chuvas e lagos de enxofre e betume (ferro, cobre, chumbo e outros metais
fundidos), que, infiltrando-se pelas fissuras, deram origem aos veios e filões
metálicos. Várias misturas produziram os terrenos primitivos sobre a rocha
granítica, porém sem estratificação regular. Em seguida as águas, em ciclos de
vaporização e chuvas, acabaram por depositar-se no solo. Permaneciam os
elementos confundidos, desestabilizados, impossibilitando o surgimento de
qualquer forma de vida vegetal ou animal. Tal período poderia ter levado cerca
de um milhão de anos.
Período de
transição
Dada a
pequena espessura da crosta granítica, ocorriam intumescências, por onde
extravasava a lava interior. A superfície do globo era quase que totalmente
coberta por águas pouco profundas. A atmosfera, embora mantendo temperaturas
ardentes, foi sendo progressivamente liberta dos gases pesados, sendo o último
deles o ácido carbônico, por ação das chuvas copiosas e quentes, permitindo a
passagem dos primeiros raios de Sol.
Após
formarem-se os terrenos de sedimento, surgiram os primeiros seres vivos do
reino vegetal e animal. Primeiro surgiram os vegetais criptógamos,
acotiledôneos, monocotiledôneos (liquens, cogumelos, musgos, fetos e plantas
herbáceas). Quanto a árvores, somente as do gênero palmeira, cuja haste é
semelhante às das ervas. Surgiram então os primeiros animais marinhos
(polipeiros, raiados, zoófitos) de organização rudimentar, seguindo-se-lhes os
crustáceos e peixes de espécies atualmente extintas.
Predominando
ainda na atmosfera o ácido carbônico, favoreceu a formação de vasta vegetação
de plantas gigantescas, que em razão do deslocamento das águas, vieram a ser
cobertas por sedimentos terrosos, num ciclo de aniquilamento e renascimento,
formando, através dos séculos, camadas de grande espessura. Pela ação dos
gases, ácidos, sais, houve a fermentação daqueles vegetais soterrados,
convertendo-se em hulha ou carvão de pedra, que é encontrado em quase todas as
regiões do globo. Nesse período, em que a temperatura da Terra era uniforme,
pois o fogo central produzia calor muito superior ao dos raios solares os quais
eram enfraquecidos pela pesada atmosfera, ainda não havia gelo na Terra.
Período
secundário
Ao final do
período de transição, desapareceram os vegetais e animais, devido a ocorrências
de grandes subversões e erupções do solo, ou ainda por modificações na
atmosfera. O período secundário é caracterizado por numerosas camadas minerais
formadas no seio das águas, marcando diferentes épocas bem diferenciadas.
Modificações na atmosfera produziram vegetais menores que no período anterior,
surgindo as plantas de caule lenhoso e as árvores.
Quanto aos
animais, continuavam aquáticos passando a anfíbios, desenvolvendo-se no seio
dos mares animais de conchas, peixes com organização mais aperfeiçoada, os
cetáceos. Surgiram os répteis marinhos monstruosos como: ictiossauros,
plessiossauros, teleossauros (anfíbios), megalossauros, iguanodontes (terrestres),
pterodáctilos.
O grande
número de camadas atesta a longevidade desse período, onde se desenvolveu
consideravelmente a vida animal, pelas melhores condições da atmosfera,
permitindo que alguns vivessem na terra. Encerrado esse período, desapareceram
os grandes répteis aquáticos.
Período
terciário
Iniciou-se esse período com uma destruição quase total dos seres vivos.
Durante esta
fase, devido à maior espessura da crosta terrestre, a pressão interior
ocasionou erupções sucessivas em todos os pontos do globo, formando os picos e
cadeias de montanhas, planaltos e planícies, acomodando-se as águas nos locais
mais baixos, donde surgiram os continentes e cumes de montanhas formando ilhas.
As camadas de calcário encontradas no topo de montanhas comprovam a teoria
acima, pois em nenhuma época seria possível ao mar atingir tais altitudes.
Por ocasião
desses levantamentos e erupções ocorreram também rasgaduras do solo expondo o
granito que se encontra na sua periferia em certas regiões. Surgiram também os
vulcões que representam válvulas de segurança equilibrando a pressão interior.
Tais
levantamentos e abaixamentos do solo resultaram em constantes deslocamentos das
águas formando camadas irregulares através da superfície do globo, ao contrário
do que se observa nos períodos anteriores, onde as camadas são regulares.
Desde que se
acalmaram as revoluções iniciais, melhorando as condições ambientais,
reapareceram os vegetais e animais com organização mais apropriada a uma
atmosfera mais purificada. Os vegetais atingiram desenvolvimento estrutural
quase ao nível dos atuais.
Enquanto que
nos dois períodos anteriores as águas cobriam quase que a totalidade do globo,
favorecendo a existência de animais aquáticos e anfíbios, no terciário vários
continentes se formaram, aparecendo os animais terrestres. No período de
transição havia vegetação colossal, no secundário, répteis monstruosos, no
terciário surgiram os gigantescos mamíferos, tais como, elefantes,
rinocerontes, hipopótamos, paleotérios, dinotérios, mastodontes, mamutes, etc.
São desse período os pássaros e a maioria dos animais atuais.
Algumas
dessas espécies sobreviveram aos cataclismos posteriores. Outras, compostas de
animais antediluvianos, desapareceram ou foram substituídas por espécies menos
pesadas e menos maciças.
Período
diluviano
Caracterizou-se
pela ocorrência de dilúvio universal, onde uma imensidade de espécies foram
destruídas, as águas invadindo continentes e arrastando terras e rochedos,
derrubando florestas seculares, formando depósitos denominados terrenos
diluvianos. Deslocaram rochedos de granito das montanhas por centenas de Kms,
fazendo surgir nas planícies os blocos erráticos, surgindo também os aerólitos.
Ocorreu nessa época o súbito congelamento dos polos, atestado pela descoberta
de elefantes e mamutes congelados; caso o fenômeno tivesse sido gradual, tais
animais teriam tido tempo de se retirarem para regiões mais quentes.
Supõe-se que
tal cataclismo foi causado por uma brusca mudança de inclinação do eixo da
Terra, fazendo com que as águas se projetassem sobre as terras; alguns animais,
tentando escapar da fúria das águas, ocuparam cavernas e fendas em lugares
altos, onde sucumbiram entredevorando-se ou afogados, ocasionando grandes
quantidades de ossadas chamadas brechas ou cavernas ossosas.
Período
pós-diluviano ou atual – Nascimento do homem.
Após
restabelecido o equilíbrio – com a superfície mais estável, o ar mais puro, o
Sol espargindo um calor mais vivificador – ressurgiu a vida vegetal
proporcionando alimentação mais suculenta aos animais, menos ferozes e mais
sociáveis, de órgãos mais delicados. "Apareceu então o homem, último ser
da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali em diante, para o
progresso geral, progredindo ele próprio".
Não foram encontrados vestígios humanos nas camadas dos períodos primário e secundário, tanto que naqueles períodos não havia para o homem condições de vitalidade. Também não se encontrou seus vestígios no período antediluviano, pelo que se considera como característico da presença do homem o período pós-diluviano.
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