Por Maurício Curi*
A simplicidade, amados amigos, é bem mais do que a ilusória expressão superficial das aparências. Em sua essência, a simplicidade também não significa o simulacro do despojamento ou a falta de recursos materiais.
Com respeito à verdade, a simplicidade é virtude espiritual. Provém do coração do ser imortal como conquista preciosa do seu périplo evolutivo.
Ao contrário da limitada compreensão de nossa humanidade terrestre, sitiada por conflitos na carne, a simplicidade nada tem a ver com a posse efêmera dos recursos materiais.
A simplicidade é o processo de leveza dos sentimentos na exteriorização dos pensamentos em harmonia com as reais necessidades do Espírito.
A simplicidade faz parte da base do sentimento sublime da humildade.
A simplicidade foca na aquisição laboriosa no bem dos tesouros morais que apontam para as vivências em regime de paz, de alegria, de benevolência, de indulgência, de amparo e serviço constantes.
A simplicidade impele-nos a usufruir sem deixarmo-nos possuir por nada e ninguém.
A simplicidade espera, não se cansa, apresenta-se sempre com a esperança de partilhar e doar-se sem limites, incondicionalmente.
A simplicidade está nos corações que já alcançaram amplo entendimento do que é transitório e do que é permanente.
A caminho da simplicidade autêntica, das ações de misericórdia e de condutas justas, experimentamos os júbilos da divina comunhão que se estabelece entre o nosso coração e os corações que conosco partilham as trilhas evolutivas.
Estas nossas relações em trânsito iluminativo, em experiências de aprendizado e de resgates para a purificação íntima são redimidas pela experiência, pela dor, pela ciência de bem viver quando conduzidas com serenidade e simplicidade amorosas.
Tenhamos a coragem de alijarmo-nos do fardo dos sentimentos aviltados, das emoções descontroladas pela ânsia patológica de mais ter e mais possuir recursos perecíveis. É preciso despirmo-nos da indumentária e dos instrumentos bélicos de nosso arcabouço íntimo utilizados, até então, nas lutas asselvajadas que nos têm agrilhoado às desesperações de toda as ordens.
A pacificação interna é pré-requisito para aquisição de virtudes, tais como a simplicidade e a humildade que não se expressam sem o despertar da consciência.
A educação e a gestão dos impulsos desgovernados caracterizam-se pela disciplina de nossas potências da alma com a alegria de nos desfazermos de tudo o que não merece ser acumulado nas entranhas de nossos universos íntimos.
Ao sentirmos a leveza experimentando a pureza e a sinceridade nas novas relações, a simplicidade se estabelecerá espontânea em nosso modo de sentir, em nossa maneira de ser.
Simplicidade, serviço e caridade. Eis o nosso roteiro de redenção!
* Coordenador do Departamento de Assistência Espiritual do GEABL e palestrante espírita.
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