Por Glaucia Savin
Todos já ouvimos que a felicidade não
é uma condição dos mundos de expiação e provas, como a Terra. E, de fato, não é mesmo,
em razão da situação moral e mental de cada um de nós, - espíritos que a
habitamos.
Mas isto não deve nos deixar acomodados.
Não podemos pensar que por estarmos aqui, não podemos ou não merecemos experimentar
a felicidade.
Ao nos distanciarmos do ideal de
felicidade por considerá-lo como algo inatingível, imerecido ou distante de
nós, estamos nos conformando com um destino infeliz. Não é isto que o Espiritismo
nos ensina em relação à evolução do espírito imortal.
Herdamos das religiões
tradicionais uma espécie de valorização do sofrimento. Aprendemos no passado
que o “sofrimento liberta”. Isto gerou até mesmo uma certa (e equivocada) valorização
do sofrimento como algo positivo.
A verdade é que o sofrimento pode ser
um instrumento para o nosso aperfeiçoamento, mas ele em si mesmo, não promove
mudança. Não adianta sofrer sem aprendizado porque daí o sofrimento não acaba. O
sofrimento funciona quando ele é aquele cutucão que nos faz sair da zona de
conforto e nos faz buscar uma ação. Mas sofrer por sofrer, só traz mais dor.
Joanna de Ângelis, no livro
Encontro com a Paz e a Saúde, nos sugere diante da dor ou do sofrimento, substituir
o conformismo pela resignação ativa. A compreensão ativa implica o
reconhecimento da dor como um obstáculo ou uma lição a ser enfrentada. Temos
que entender o que a vida está tentando nos ensinar. Ao vencermos o desafio,
experimentamos a alegria da vitória sobre nós mesmos.
Outra condição que nos enche o coração
de alegria é a prática do bem. Nada é mais recompensador do que o bem.
Um estudo do Dr. Martin Seligman, em
1960, com o sugestivo título de “Filantropia versus Diversão” mostrou que fazer
o bem nos deixa mais felizes. O professor dividiu seus alunos de psicologia em
dois grupos. O primeiro deveria praticar atividades prazerosas, como assistir a
um filme. O segundo deveria se engajar em ações filantrópicas, e um dos
exemplos foi o de servir refeições para pessoas carentes.
Quando as emoções e sensações experimentadas
pelos dois grupos foram avaliadas, constatou-se que os estudantes engajados em
ações filantrópicas tiveram um aumento de bem-estar muito mais duradouro do que
os demais. Este bem-estar está relacionado com a avaliação cognitiva e
emocional que a pessoa faz sobre sua vida.
Ajudar ao próximo aumenta a paciência e a tolerância, diminui a perspectiva dos nossos próprios problemas e libera hormônios que estão relacionados a ações positivas. Isto faz com que nos sintamos mais leves ao doar um pouco do nosso tempo, do nosso conhecimento, dos bens que possuímos a quem realmente precisa. Por isso, quando praticamos o bem temos a impressão de estarmos cheios de amor e de uma alegria que parece querer transbordar.
Ao experimentarmos a felicidade verdadeira
que é aquela que advém das nossas conquistas mais íntimas e, portanto, não fugaz,
começamos a construir em nosso universo mental as bases da felicidade
duradoura.
Joanna, desta vez, em O Despertar
do Espírito, nos fala do “sentido ético da existência” que nos acompanha desde
o primeiro momento da nossa criação. No momento em que passamos a viver sob os
valores da ética do espírito e não mais conduzidos unicamente pela matéria, impulsionamos
nosso processo de amadurecimento e encontramos a verdadeira felicidade.
Aprendemos também, que o espírito
se demora mais nos degraus inferiores, mas quando adquire a consciência das
suas responsabilidades, a evolução ganha impulso. Os momentos de felicidade se
multiplicam pela satisfação consigo mesmo e um novo mundo se abre para cada um
de nós, aqui mesmo nesta existência.
A felicidade deve ser buscada a
cada momento, em cada atitude e não pode ser vista como um objetivo distante. A
felicidade está dentro de cada um de nós e, por isto mesmo, está mais próxima
do que poderíamos supor.
Não podemos postergar a busca da
felicidade para a próxima encarnação. Ela deve nos acompanhar no dia-a-dia, por
meio das atitudes éticas e do nosso comprometimento com a nossa evolução. Se
não começarmos agora, estaremos adiando o encontro conosco mesmos e com o
potencial de alegria com que podemos encher as nossas vidas.
A felicidade pode não ser a condição deste mundo, mas certamente ela começa aqui.
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