Ao invés de constituir-se
privilégio de que desfrutam alguns indivíduos, a mediunidade é vigoroso
instrumento de trabalho, que deve ser utilizado com probidade e elevação, a fim
de que lobrigue o mister a que se destina.
Possuindo finalidades específicas,
quais demonstrar a imortalidade do Espírito, contribuir terapeuticamente para a
saúde espiritual, desvelar a realidade do mundo extrafísico, lenir exulcerações
morais, consolar corações e iluminar mentes, a mediunidade representa valioso
contributo da vida, auxiliando os transeuntes da jornada carnal, para que
encontrem o rumo da felicidade.
Utilizada com equilíbrio, conforme
as sadias diretrizes propostas pelo Espiritismo, faculta o desenvolvimento
ético-moral do ser e da sociedade na qual ele se encontra, promovendo o
progresso intelectual e filosófico com vistas à aquisição de um sentido
libertador dos miasmas e atavismos ancestrais que permanecem dificultando a
ascensão humana.
Por consequência, o exercício da
mediunidade convida à reflexão e ao espírito de serviço em favor das demais
pessoas.
Constituindo recurso
auto-iluminativo, impõe disciplinas austeras e comportamentos severos em
relação ao seu uso e à aplicação das suas energias.
É natural, portanto, que não deva
ser utilizada com leviandade ou para divertimento dos frívolos.
Certamente, quando mal
direcionada, permanece facultando o comércio inferior com as Entidades
perversas e mistificadoras, do mesmo teor moral daquele que a possui.
Aplicada condignamente, produz
estados de êxtase superior, não impedindo, todavia, que o seu instrumento
experimente aflição, expurgando os erros dantanho e os delitos que ficaram na
retaguarda, pesando negativamente no seu processo de elevação.
Assim sendo, o martírio que
acompanha alguns medianeiros abnegados, faz-se-lhes bênção de inapreciável
significado, graças ao qual, se engrandecem e se iluminam.
Isenta de qualificação moral, a
faculdade em si mesma se identifica com as faixas vibratórias nas quais
sincroniza a mente do seu portador.
Colocada a serviço de Jesus,
aureola-se de peregrina luz que espanca as sombras do primarismo e aponta o
porto que deve ser alcançado.
Santo Antão, nos primórdios do
Cristianismo, meditando no monte Pispir, em pleno deserto, era perseguido por
Espíritos malévolos que tentavam desorientá-lo.
Hildegarda de Bingen, a
extraordinária mística alemã, embora refugiada no monastério para manter-se em
perfeita identificação com Jesus e Sua doutrina, não conseguiu eximir-se às
ações doentias dos desencarnados em profunda perturbação.
Santo Antônio de Pádua, seráfico e
sacrificado, era visitado pelos inimigos espirituais do Cristo que tentavam
molestá-lo e atormentá-lo.
Ermance Dufaux, a abnegada médium de Joanna d’Arc e de São Luiz de França, que tanto cooperou com o eminente mestre Allan Kardec, sofreu apodos e foi tida como psicopata.
O ministério mediúnico é sempre
acompanhado de testemunhos e de sacrifícios.
Não foram poucos aqueles que a
impiedade e o fanatismo religioso levaram à fogueira, à infâmia, ao suplício
impenitente, negando-lhes o direito a qualquer defesa.
O martírio, de uma ou de outra
forma, sempre tem assinalado o labor de todo aquele que se entrega ao Mestre
crucificado, Médium que também o foi de Deus.
Bendizes as dores que te alcançam
e dilaceram as fibras da alma.
Não apenas aquelas que são
impostas pela insensibilidade humana ou gratuita perseguição de outros.
Mas, aos estados íntimos que te
amarguram e desorientam.
Alegra-te com a oportunidade de
crescer interiormente, enquanto auxilias a quantos se te acercam.
O sarçal e os pedrouços do teu
caminho após percorridos, abrir-se-ão em flores e atapetarão o solo por onde
passarão outros pés, após os haveres transformado pela tua bondade e compaixão.
Não te recalcitres contra o
aguilhão da dor, dificultando a própria liberdade.
Utiliza-te das tuas forças
mediúnicas para gerar simpatia, recuperar vidas e resgatar danosos
comportamentos, adquirindo alegria de viver por todo o bem que possas fazer, ou
por facultar aos Benfeitores da Humanidade as realizações dignificantes por teu
intermédio.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco