CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA
Por Joel
Matias
“O
ESPIRITISMO é uma verdadeira revelação, pois dá a conhecer: o mundo invisível
que nos cerca; as Leis que regem suas relações com o mundo visível; o destino
do homem depois da morte.”
Tem caráter
de revelação divina por ter origem nos ensinamentos dos ESPÍRITOS SUPERIORES.
Participa do
caráter de revelação científica por ser seu ensino acessível a todos os homens,
não de maneira passiva, mas sendo-lhes recomendado o exame, pesquisa,
raciocínio, respeitando-lhes o livre-arbítrio. Não pretende ser completa nem
imposta à fé cega.
A revelação
espírita é portanto: de origem divina, de iniciativa dos espíritos, sendo a sua
elaboração fruto do trabalho do homem.
Utiliza o
método experimental, observando fatos novos inexplicados pelas leis conhecidas,
comparando, analisando-os; dirigindo-se dos efeitos para as CAUSAS, chega à LEI
que os rege. Através do processo DEDUTIVO chega às suas consequências buscando
as aplicações úteis.
Observando
os fatos concluiu pela existência dos espíritos, deduzindo da mesma forma todos
os demais princípios, não partindo, portanto, de nenhuma teoria preconcebida.
Um exemplo:
Observou-se várias manifestações de espíritos que não tinham conhecimento de
seu estado de desencarnados, o que permitiu deduzir tratar-se de uma fase da
vida do espírito pouco adiantado moralmente, peculiar a certos gêneros de
morte, podendo durar de horas a anos. Pois bem, os espíritos superiores não
revelaram tais fatos; permitiram tais manifestações submetendo-as à observação
a fim de deduzir-se a regra.
O objeto da
CIÊNCIA é o estudo das leis do princípio material, assim como o objeto do
ESPIRITISMO é o conhecimento do princípio espiritual. Como os dois princípios
reagem um sobre o outro, o ESPIRITISMO e a CIÊNCIA completam-se reciprocamente.
A Ciência evoluiu
ao longo dos séculos, tendo abandonado os quatro princípios constitutivos da
matéria (terra, água, fogo, ar), concebendo um único elemento gerador. O
Espiritismo demonstrou-lhe a existência acrescentando a ele o elemento
espiritual.
Assim como a
Alquimia gerou a Química, a Astrologia gerou a Astronomia, o ESPIRITISMO,
através da experimentação, observação, demonstrando as leis que regem o mundo
espiritual, seguiu-se à magia e feitiçaria, as quais, embora aceitassem a
manifestação dos espíritos, misturavam crenças esdrúxulas, por desconhecerem as
verdadeiras leis das manifestações.
A primeira
grande revelação veio com MOISÉS:
– Um DEUS ÚNICO, Soberano Senhor e Orientador de tudo que existe.
– Promulgou a Lei do Sinai;
– Lançou as
bases da verdadeira FÉ.
Entretanto o DEUS revelado era cruel, implacável, vingativo, injusto, pois, era tido por ferir o filho pela culpa dos pais, ordenava guerras, escravizando os povos, matando mulheres e crianças.
Com JESÚS
CRISTO veio a segunda revelação, exemplificando um DEUS clemente, soberanamente
justo, bom e misericordioso. Revelou que a verdadeira pátria não é deste mundo,
mas no REINO CELESTIAL, onde os humildes serão elevados e os orgulhosos serão
humilhados. Ensinou a necessidade do PERDÃO e da CARIDADE para que sejamos
perdoados, retribuir o mal com o BEM.
Com Moisés
os homens aprenderam a TEMER A DEUS, enquanto que através de Cristo foram
levados a AMAR A DEUS.
Cristo
ensinava por meio de parábolas, pois, o povo da época não tinha condições de
entendê-lo completamente. Prometeu a vinda do Espírito de Verdade – “que
restabelecerá todas as coisas e vo-las explicará todas”.
O
ESPIRITISMO é a terceira revelação, o Consolador prometido por Jesus,
acrescentando à ideia da vida futura, a existência do mundo invisível, definiu
os laços que unem a alma ao corpo, desvendou os mistérios do nascimento e da
morte. Demonstra a Lei do Progresso manifestada através da Reencarnação dos
espíritos até atingir a Perfeição.
O sofrimento
passa a ser visto como mola do progresso, quando do mau uso do livre-arbítrio.
Todos têm as mesmas oportunidades de progredir através do trabalho. Os
“demônios” são espíritos imperfeitos que no futuro se transformarão em “anjos”:
espíritos puros. “TODOS OS SERES SÃO CRIADOS SIMPLES E IGNORANTES E GRAVITAM
PARA UM FIM COMUM QUE É A PERFEIÇÃO”.
É a grande
Lei de Unidade que rege o Universo.
Pela lei de
Causa e Efeito constata-se que a desdita é resultado da prática do mal.
Entretanto, o sofrimento cessa com o arrependimento e a reparação, inexistindo,
portanto, o “sofrimento eterno – o inferno” conceitos estes contrários à
suprema Bondade e Justiça divinas.
A
pluralidade das existências foi ensinada por Cristo e demonstrada pelo
Espiritismo, explicando as aparentes anomalias da vida, mortes prematuras,
diferenças sociais, mentais e intelectuais; justifica os laços de família,
mostrando a inutilidade dos preconceitos de raças castas, posição social, etc,
incentivando o exercício da fraternidade universal.
O princípio
da sobrevivência da alma dá ao homem a certeza de que, mais que uma máquina
organizada sem responsabilidade, tem um destino maior – a perfeição.
A
preexistência da alma concilia a doutrina do pecado original com a Justiça
Divina, na medida em que cada espírito é responsabilizado pelas suas faltas e
não as de outrem, podendo em cada existência redimir-se e progredir,
despojando-se de suas imperfeições.
O
Espiritismo Experimental demonstrou a existência do perispírito, citado por São
Paulo como corpo espiritual, invólucro fluídico inseparável da alma e um dos
elementos constitutivos do ser humano.
O estudo das
propriedades do perispírito, dos fluídos espirituais e atributos fisiológicos
da alma explica fenômenos como:
– Vista
dupla, visão à distância, sonambulismo, catalepsia e letargia, presciência,
pressentimentos, aparições, transfigurações, transmissão do pensamento,
obsessões, curas instantâneas, etc.
Demonstra
que ocorrem segundo leis naturais, podendo ser reproduzidos, fazendo desmoronar
o império do maravilhoso e sobrenatural.
O
Espiritismo veio confirmar, explicar e desenvolver os ensinamentos de Cristo,
elucidando os pontos obscuros existentes no Evangelho; pregando a moral cristã
e demonstrando que até aos últimos minutos de vida o homem pode crescer em
inteligência e moral, confirma a promessa de Cristo: é o Consolador dos
aflitos, o Espírito de Verdade.
Foram, a
primeira e segunda revelação, personificadas por Moisés e Cristo, enquanto que
a terceira surgiu simultaneamente por todos os pontos da Terra, sendo,
portanto, coletiva. Kardec, na humildade própria aos espíritos elevados,
atribui a si o papel de coordenador dos ensinos dos espíritos. É o CODIFICADOR
da doutrina espírita.
Tendo
surgido em uma época de maior madureza intelectual, em que a aceitação ocorre
após estudo e exame dos fatos, a terceira revelação fez-se parcialmente, por
partes, em pontos diversos do planeta, de modo que a coordenação e seleção de
todos os assuntos parciais constituiu a doutrina espírita. Não decorreu, assim,
de um sistema preconcebido, tendo os princípios sido apresentados somente após
passarem pelo crivo da razão e de todas as comprovações.
As
publicações espíritas desempenham a função de elo de ligação de ideias e
experiências entre os pontos mais distantes, condensando metodicamente o ensino
universal nas várias línguas do globo.
Enquanto a
ciência em geral necessitou de vários anos, mesmo séculos, para atingir maior
grau de desenvolvimento, bastou ao Espiritismo poucos anos para se constituir
em doutrina, isto em virtude da multidão de espíritos que, pela Vontade Divina,
manifestaram-se simultaneamente trazendo as várias partes da doutrina que,
reunidas, compuseram o todo.
Assim cada
espírito, com maior ou menor grau de conhecimentos, contribuiu com uma pedra
para a construção do edifício, solidariamente, de modo que o Espiritismo
emergiu da coletividade dos trabalhos, comprovados uns pelos outros.
A revelação
espírita progride juntamente com a ciência, assimilando novas descobertas, de
modo que jamais ficará obsoleta.
Muito embora
exista no homem a voz da consciência, que nem sempre é observada, permite Deus
que de tempos em tempos os missionários insistam na prática dos preceitos
morais. Sócrates e Platão já ensinavam a moral pregada posteriormente por
Cristo. Assim também os espíritos voltam a reprisar os conceitos da moral
cristã fazendo- se ouvir em todos os recantos, pobres e ricos, do globo. Tornam
conhecidos, ainda, os princípios que relacionam os encarnados e desencarnados,
a natureza origem e futuro da alma, demonstrando que a solidariedade, caridade
e fraternidade representam uma necessidade social muito mais do que um dever.
A autoridade
da revelação espírita vem do fato de que os espíritos se limitam a pôr o homem
no caminho das deduções que ele mesmo pode tirar observando os fatos. Assim
tanto espíritos elevados como também os menos adiantados colaboram no trabalho
de deduzir as leis que regem os fatos. Usando a lógica e o bom-senso pode o
estudioso beneficiar-se de todos os gêneros de manifestações, tendo em conta
que os espíritos superiores se abstêm de revelar tudo o que o homem, com
trabalho próprio, possa descobrir.
Permitiu
Deus que assim fosse a fim de que uma multidão de espíritos desencarnados se
manifestassem em vários pontos do planeta e viessem convencer os vivos das
realidades espirituais, pois, difícil e demorada seria a aceitação global se a
revelação se fizesse por apenas um espírito, encarnado ou não, mesmo que fosse
um Moisés ou um Sócrates.
Deve-se
levar em conta que, pelo fato de desencarnar, o espírito não passa a categoria
de sábio. Entretanto, livre das limitações da matéria, pode ver as coisas de modo
mais elevado, compreendendo seus erros, reformando conceitos falsos ou
inexatos. De acordo com o desenvolvimento atingido, pode, portanto, melhor
aconselhar o encarnado. Com relação ao futuro da alma após a morte, tanto os
espíritos elevados como os de menos luzes podem auxiliar na elucidação, tendo
em vista relatarem suas próprias experiências.
Pode-se
comparar a revelação espírita a um navio que, partindo para um país distante,
tenha naufragado, tendo-se notícia de se terem afogado todos os passageiros,
levando o luto a seus familiares. Entretanto, tendo conseguido os tripulantes
aportar em uma ilha ensolarada, lá permaneceram em vida ditosa. Posteriormente
outro navio os encontrou e levou notícia aos familiares de que estavam bem.
Embora não pudessem ver-se, permutavam demonstrações de afeto à distância,
podendo inclusive corresponder-se.
Assim, como
o segundo navio, o Espiritismo é a boa-nova que revela a sobrevivência dos
entes queridos aos quais nos reuniremos um dia.
Resumindo,
os espíritos vieram nos esclarecer que:
– O nada não
existe; clareiam o caminho dos homens quanto ao futuro, demonstrando que a vida
terrena é passageira; mostrando a natureza do sofrimento, fazem-nos ver a
justiça de Deus; o bem é uma necessidade, a fraternidade longe de ser uma
teoria, funda-se numa lei da Natureza.
– Se tudo
acabasse com a vida o egoísmo reinaria; com a certeza no porvir os espaços
infinitos se povoam não havendo vazio nem solidão, todos os seres unidos pela
solidariedade.
– É o reino
da caridade; “UM POR TODOS E TODOS POR UM”.
– Quando do
desencarne de um ente querido em vez de doloroso adeus, passa-se a dizer “até
breve”.
Obs: síntese do estudo original do autor.
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