quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Obsessão - O que é, e como tratá-la



Por Marcos Paterra

Na doutrina ouvimos muito o termo “Obsessão”, e por conta disso por vezes rotulamos de obsidiados algumas pessoas com problemas, mas devemos levar atentar de que “obsessão”, segundo Allan Kardec, é o nome para o assédio extra físico que uma pessoa pode vir a sofrer. Para Kardec, estamos sempre rodeados e sendo intuídos por espíritos. Estes, de forma geral, podem ser classificados como “bons”, “maus” ou “neutros”. O termo obsessão é utilizado apenas para a influência do segundo caso, ou seja, dos “maus” espíritos.

“Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão, que é um dos eleitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter.”[1]

Normalmente se atribui o “rotulo” de obsidiado, àqueles que aparentam estar fora de si, os vulgarmente chamados de “loucos”, devemos separar a loucura patológica causada por lesões cerebrais das causadas por obsessões.

“Quem vê um louco vê um obsidiado, tanto que até hoje se tem confundido um com o outro. O mesmo olhar desvairado, a mesma apatia fisionômica, ora a excitação até a fúria, ora a prostração até ao indiferentismo, sempre a incoerência das ideias. Se um tem momentos lúcidos, o outro igualmente os tem; se um pode cair no idiotismo, o outro também.” [2]

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda, transitória da identidade com manutenção de consciência do meio ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença. Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

"Não confundamos a loucura patológica com a obsessão; esta não provém de lesão alguma cerebral, mas da subjugação que Espíritos malévolos exercem sobre certos indivíduos, e que, muitas vezes, têm as aparências da loucura propriamente dita.”.[3]

Sobre essa ótica, devemos levar em conta que mesmo os chamados “loucos”, sofreram ou sofrem de obsessões, Bezerra de Menezes comenta:

“Convém, porém, observar que, embora a loucura por obsessão não dependa de lesão cerebral, pode esta lesão vir a dar-se, por causa da obsessão.

Não é causa; mas pode vir a ser efeito.

A ação fluídica do obsessor sobre o cérebro, se não for removida a tempo, dará necessariamente em resultado o sofrimento orgânico daquela víscera, tanto mais profundo, quanto mais tempo estiver sob a influência deletéria daqueles fluidos”
Mais adiante complementa: “[...] a obsessão desprezada determina lesão orgânica do cérebro, donde a coexistência das duas causas da perturbação mental. ”[4]

Muitos podem perguntar o que teriam feito essas pessoas para sofrerem influencias de maus espíritos, e a resposta quem nos dá é J. Herculano Pires:

“Se voltassem os olhos para o passado, veriam que a História da Humanidade é suficiente para justificar todas as formas de obsessão e vampirismo que campeiam no planeta, desde as nações mais bárbaras às mais civilizadas.”[5]

Sobre esse aspecto Divaldo Franco em sua obra “Nos Bastidores da Obsessão” ditado pelo espírito de Manuel Philomeno de Miranda completa:

“As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se [...]”.[6]

O tratamento das vítimas de obsessão é longo e exige determinação tanto do paciente quanto dos médiuns que o tratam, sobre esse prisma voltamos a nos embasar no livro “ Nos Bastidores da Obsessão”:

“A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente.

Os tratamentos da obsessão, por conseguinte, são complexos, impondo alta dose de renúncia e abnegação àqueles que se oferecem e se dedicam a tal mister[...]”[7]

Finalizando devemos levar em conta a “ auto obsessão”, onde somos a causa de nosso desiquilíbrio mental.

A auto- obsessão é às viciações milenares que embrutecem o espírito, ora se deixa influenciar por impulsos primários, como a inveja, o egoísmo, a luxúria e o ciúme, ora se entrega a injustificáveis explosões coléricas, motivadas pelo cultivo prolongado da irritabilidade e da impaciência.

“A prece é um meio eficaz para curar a obsessão?

R: A prece é um poderoso socorro para todos os casos, mas sabei que não é suficiente murmurar algumas palavras para obter o que se deseja. Deus assiste aos que agem, e não aos que se limitam a pedir. Cumpre, portanto, que o obsedado faça, de seu lado, o que for necessário para destruir em si mesmo a causa que atrai os maus Espíritos.”[8]


Publicado em janeiro de 2012 pela RIE (Revista Internacional de Espiritismo)



[1] Allan Kardec, “A Gênese”, 14ª edição da FEB, capítulo 14. “Obsessões e Possessões”. ( Nota do Autor espiritual.)
[2] Trecho retirado do Cap. “Obsessão” do livro : “Loucura sob novo prisma” obra de Bezerra de Menezes
[3] Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos” .
[4] Trechos retirados do Cap. “Obsessão” do livro : “Loucura sob novo prisma” obra de Bezerra de Menezes.
[5] Trecho retirado do livro “Vampirismo” Cap. VIII- “Autovampirismo” de J. Herculano Pires; Ed. Paidéia, São Paulo/SP.
[6] Trecho retirado do livro “Nos Bastidores da Obsessão” Cap. “Examinando a Obsessão” obra de Divaldo Franco.
[7] Trecho retirado do livro “Nos Bastidores da Obsessão” Cap. “Examinando a Obsessão” obra de Divaldo Franco.
[8] Questão 479 do Livro dos Espíritos- Allan Kardec.

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