domingo, 26 de junho de 2016

A Poesia nosso Cotidiano



Por Altamirando Carneiro

O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Editora Positivo) registra o termo poesia como a arte de escrever em versos; composição poética de pequena extensão; entusiasmo criador; inspiração; aquilo que desperta o sentimento do belo; o que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas; encanto, graça, atrativo; poesia pura: corrente da poesia moderna à expressão de sentimentos individuais e ao material anedótico.

E no livro Cântico dos Cânticos – volume I (Edições CELD), Yvonne A. Pereira explica: “A poesia é uma das mais belas artes que honram a cultura humana. Ela tem servido e exaltado os feitos e as ações mais nobres que os homens têm conseguido realizar.

O Evangelho, a religião, o amor, a caridade, o heroísmo, o civismo, a dor, a virtude, a beleza, a alegria, a natureza, a própria ideia de Deus etc. sempre serviram de temas para a consagração dos verdadeiros poetas, os quais souberam sentir e interpretar as impressões que tais sentimentos produzem na alma humana.

O verdadeiro poeta é um Espírito dotado de sensibilidade superior, sensibilidade desenvolvida, certamente, por dons especiais, através de múltiplas etapas reencarnatórias ou mesmo através de seguidos aprendizados na vida espiritual.

É uma alma cujas vibrações se harmonizam com as vibrações das esferas espirituais superiores, onde a Arte pura mantém o seu domínio”.

A poesia sempre foi uma expressão artística marcante e atravessou o tempo com a sua marca inconfundível. Nos tempos medievais, a maioria dos Senhores Feudais e seus súditos consideravam os artistas, entre eles os poetas, uma classe especial. Os Bardos e suas equipes iam de castelo em castelo, levando aos Senhores Feudais a música instrumental ou cantada e a declamação de poesias.

Tempos depois, não mais nos Feudos e sim nos Reinos mais extensos, os Reis continuaram a patrocinar as artes. Os textos eram escritos em forma de poemas. Os diálogos não eram falados, mas recitados, ou seja, declamados dramaticamente.

Nos nossos tempos, ao produzir essas peças, atores e atrizes devem possuir grande talento para transformar os textos poéticos em linguagem normal.

No Brasil do século 16, o primeiro século da colonização, José de Anchieta escreveu, com seu bastão, 4.072 versos a Maria nas águas de Iperoig, atual Ubatuba (SP).

A poesia brasileira passou por vários períodos: Barroco, Arcadismo, Romantismo, Simbolismo, Modernismo, Pós-Modernismo, Concretismo.

Salve a poesia, que está presente na nossa vida desde o nosso nascimento, quando as mães cantarolam, alegres e esperançosas, uma agradável canção de ninar: “Nana filhinho, do meu coração...”; e segue pela vida nos acompanhando, em todas as expressões de sentimento do nosso viver diário.

Tudo é poesia na Criação Divina. Como diz o escritor Sholem Asch, no capítulo inicial de sua notável obra intitulada Maria, “Repete-se a Gênese do mundo em cada amanhecer, e contemplar a Terra na sua luta para fugir do vazio impenetrável das sombras é presenciar o espetáculo da Criação”. É tudo um hino de amor, pois, sendo Deus amor, é com amor e poesia que Ele imprime a sua marca em toda a Sua obra.

E a poesia segue adiante na obra de Sholem Asch, quando ele diz, no parágrafo seguinte, que “O véu da noite pairava sobre as cristas dos montes, porém, a abóboda celeste em que se espelhava indefinível brilho espalhava em redor a claridade de suas estrelas, emprestando no ar leve transparência. Na límpida escuridão do vale pequeninas casas de aldeolas adormecidas se aninhavam umas contra as outras, protegidas de ambos os lados por frondosos ciprestes e oliveiras. Nos morros, podiam-se distinguir as folhas das plantas estremecerem a uma gota de orvalho, balançando ao sopro de doce aragem como em muda oração e irradiando de si o brilho com que as aquinhoaram as primeiras horas da Gênese”.

Enfim, tudo o que Deus faz e que nos rodeia é beleza, é perfeição. E é assim que devemos viver a vida. Aliás, a poesia nos acompanha em todos os instantes, pois ela está presente num fato comum, que muitos não percebem: a música que nos envolve. Quem não cantarolou e ainda cantarola os versos de Carinhoso, de Fascinação, e chegando mais aos nossos tempos, os versos de Tocando em Frente, de Planeta Água e outras belas canções? E letra de uma canção que a toda hora nos vem à lembrança, o que é? É uma poesia musicada.

A poesia está aí, e ela veio para ficar. E podemos assegurar: dia virá em que a poesia fará parte de todas as manifestações artísticas e os poetas serão aplaudidos de pé, nos mais modestos aos mais aristocráticos dos auditórios.

Por isso, Alfred de Musset (Espírito), na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 23 de novembro de 1860, tendo como médium a senhorita Eugénie, disse que “A poesia é o bálsamo que se aplica sobre as chagas. A poesia foi dada ao homem como o maná celeste”. E mais, quase uma profecia: “A Arte pagã é o verme: a Arte cristã, o casulo; a Arte espírita será a borboleta”.

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