sábado, 7 de fevereiro de 2015

Pedagogia para um Futuro de Paz



É provável que uma parte significativa dos conflitos que chegam aos tribunais, ou aos campos de guerra, possa ser solucionada através de acordos, consensos e cedências recíprocas, desde que as pessoas estejam preparadas e disponíveis para o exercício de uma nova pedagogia (não cognitiva) e de uma nova justiça (não punitiva), justamente através de um relacionamento leal, responsavelmente crítico e generosamente tolerante.

Reconhecendo-se a autoinsuficiência para solucionar as situações conflituosas, ou para contribuir para um mundo mais pacífico, tal circunstância não invalida, pelo contrário, estimula para o dever de dar um singelo contributo para a minimização de tão grave problema e, nesse sentido, se aponta e defende uma estratégia assente na educação-formação das pessoas, do berço ao túmulo, isto é, ao longo de toda a vida.

Democratizar a política para uma cidadania universal é uma tarefa que responsabiliza os cidadãos em geral e os políticos em particular. Aceita, institucionalizada e implementada a cidadania universal entre todas as nações congregadas na ONU – Organização das Nações Unidas, acredita-se que no decorrer do presente século seja possível atenuar muitos conflitos, eliminar outros e pacificar um pouco mais o mundo.

Educar e formar os cidadãos, qualquer que seja a idade e estatuto, para desenvolverem hábitos de relações humanas sadias, sinceras, leais, cúmplices e recíprocas é uma tarefa que se impõe lançar nas famílias, nas escolas, nas Igrejas, nas demais instituições, nas associações e empresas, em todas as comunidades e na sociedade global em geral, porque qualquer processo que vise reconciliar pessoas, instituições e nações só poderá concluir-se com êxito se os intervenientes souberem relacionar-se de igual para igual.

Quaisquer que sejam as técnicas para a comunicação e relacionamento interpessoais, elas serão ineficazes se as relações humanas, antes de todas as outras: profissionais, comerciais, políticas, religiosas, entre outras, não assentarem em princípios de transparência, de verdade e de respeito pelo outro.

Impossibilitado de vencer o drama pelos recursos materiais de que dispõe, o homem crente volta-se, esperançadamente, para os valores religiosos, nos quais busca a explicação para as situações que desconhece e o atormentam e também para encontrar as soluções para os conflitos que ele próprio cria, alimenta, mas nem sempre sabe e/ou quer resolver.

O grande conflito, porém, continua entre a vida e a morte, porque nascer, viver e morrer é o percurso natural de todo o ser humano, tal como dos outros seres que habitam o mundo conhecido. O homem crente acredita em certos valores religiosos, muitos creem, esperançadamente, numa nova vida, renascendo depois da morte física.

A educação religiosa é, por tudo isso, uma das dimensões a não ignorar, eventualmente, nem sequer a mais determinante, na construção de pessoas que se pretendam íntegras, que possuam a liberdade de se autodeterminar, com responsabilidade e generosidade, para com os seus semelhantes.

A preocupação por uma educação e formação integrais deve ser uma constante em todos aqueles que, de alguma forma e a um qualquer nível social, têm responsabilidades em preparar um futuro de equidade, de conforto, de paz, amor e felicidade.

O mundo, cada vez mais profanizado, precisa de Deus; os homens não podem viver e não conseguem resolver todos os problemas à margem da Bondade e Sabedoria Divinas, contudo, sem radicalismos, sem fanatismos; a humanidade será reduzida à sua mais brutal animalidade se continuar a rejeitar Deus.

O caminho seguro, que poderá conduzir à pacificação do mundo, tem de passar por Deus, e muitos seres humanos sabem que não há outra alternativa. Excluir Deus do processo de pacificação é prosseguir o caminho para a destruição total da humanidade. Nunca como hoje se sentiu tanto esta necessidade de se recorrer aos Valores Supremos.

O caminho para a pacificação da humanidade deve ser percorrido com competência, seja nas relações interpessoais, profissionais, sociais, religiosas, na celebração dos acordos a que se chegar na implementação das medidas consensualizadas e na avaliação dos resultados dos projetos de pacificação.

Os intervenientes devem estar de espírito aberto, acionar os mecanismos de empatia sincera, serem competentes na realização das tarefas, por mais simples e, aparentemente, menos importantes, que possam parecer, manifestarem-se verdadeira e moderadamente otimistas. Os valores imprescritíveis da Solidariedade, da Lealdade, da Verdade, da Confiabilidade, da Abertura, da Gratidão, da Reciprocidade, que conduzem a uma Amizade pura e inegociável, devem, de ora em diante, ser os caminhos da concórdia e felicidade humanas.

Uma pedagogia mista – cognitiva, otimista, não cognitiva –, assente na Fé, onde a teoria, a prática e a esperança sejam os principais eixos que contribuam para uma formação sólida dos alunos, dos formandos – entendidos nos dois sentidos: ora aprendendo, ora ensinando –, auxiliará na busca de soluções para uma humanidade menos conflituosa.

Se cada indivíduo construir, coerentemente, o seu próprio círculo, ou a sua auréola de bem-estar, de valores, princípios e boas práticas, certamente que os círculos que com ele se interpenetram vão se beneficiar destas características.

A sabedoria e a prudência, alicerçadas na Fé em Deus, são seguramente a chave para muitos conflitos, os quais podem ser resolvidos com aquelas virtudes – sabedoria e prudência –, mantendo a Fé inabalável em Deus e na Sua misericórdia, generosidade e compreensão.


Diamantino L. Rodrigues de Bártolo

Um comentário:

ayrton disse...

Nosso problema maior não é a escassez de água, mas as bases de nossa EDUCAÇÃO que nos mantêm ignorantes diante das questões mais simples e importantes das leis que regulam a natureza e a vida. Somos "diamantes brutos" e precisamos ser lapidados tanto pela dor quanto pelo aprendizado e pelo conhecimento para, ao acordarmos de nosso sono secular; aprendermos, em fim a viver melhor e mais sabiamente...

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