quarta-feira, 18 de junho de 2014

Necessário o Perdão, tanto quanto a Misericórdia


“... Pelo perdão vos aproximais da Divindade, porque a clemência é irmã do poder.”
(Adolpho, bispo de Alger - O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, item 11)

Joanna de Ângelis, Espírito, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro “Celeiro de Bênçãos”, comenta que guardando mágoas, e na Terra são muitas as dificuldades que surgem, produzindo mal-estar, padeceremos sob imundície e conduziremos fluidos deletérios, ao passo que, se perdoarmos, prosseguiremos em clima de renovação superior e em labor otimista.

O perdão, diz ela, sempre é mais útil a quem o concede. Se perdoarmos, esquecendo a ofensa e ajudando o malfeitor, conseguiremos a comunhão com o Mestre inexcedível, que embora incompreendido, traído, abandonado, martirizado e pregado em duas traves, que eram símbolos da infâmia justiçada, perdoou os que o esqueceram e prossegue até hoje amando-os, qual faz conosco.

O perdão ainda é uma das grandes necessidades do Espírito. Feliz aquele que pode dizer que nunca precisou perdoar, por não se sentir ofendido. O orgulho ainda é causador de mágoas, ressentimentos. Joanna de Ângelis, com sabedoria, diz que carregar mágoa é carregar lixo mental.

Numa reunião mediúnica, quando os Espíritos se comunicam com os homens, através dos chamados médiuns, um Espírito comovido, em se referindo à necessidade do perdão, contou-nos uma história que transcreveremos ao leitor. Disse ele: “Quando desencarnei, fui parar num lugar de profunda escuridão. Não via nada. Escuridão completa. Ali fiquei, desesperado, por um tempo que não sei precisar, até que um dia, não suportando mais, clamei a Deus por misericórdia, orei com toda a minha emoção pedindo a Ele que me enviasse uma luz, ao menos um pequeno fio de luz que me ajudasse a sair daquela escuridão. Quando terminei a prece, encantado vi, no meio daquela escuridão total, um fio de luz se desenhando no chão.

Comecei a acompanhar aquele fio, esperançoso. Andei, andei. O fio se movia, andei por não sei quanto tempo. Um dia, cheguei diante de um portal. O fio passava por baixo dele e ele estava um pouco entreaberto. Pude ver do outro lado uma intensa claridade e seres luminosos a acenar.

Enchi-me de alegria e, quando ia passar, o portal se fechou. Tudo ficou escuro de novo. Desesperado, bati, chutei, querendo abri-lo e nada. Bati e gritei até não ter mais forças. Chorando, angustiado, gritei perguntando como fazer para aquela porta se abrir, pedi novamente socorro a Deus. Quando terminei, letras luminosas se formaram sobre a porta e eu pude ler: perdoe. ‘Mas perdoar o quê’, eu me perguntei.

Pesquisei na profundidade de meu ser, busquei nos refolhos de minha memória, voltei ao passado, investiguei em mim, na ânsia de sair do escuro.
Como perdoar? Somente quando compreendi que aqueles que me magoaram um dia também caminharam na escuridão, como eu me encontrava, provocada pela ignorância do amor ao próximo, conseguindo me apiedar e desculpá-los, senti minha angústia desaparecer.

Naquele momento a porta se abriu e eu consegui passar, sair da escuridão para a claridade. O perdão, meus amigos, é sempre necessário, por isso eu lhes peço que sempre procurem perdoar, não guardem mágoas”.

Dito isso, despediu-se o Espírito, emocionado.

Muitas criaturas estão em dor, por carregarem em seus sentimentos o peso da lembrança. Perdoar é lembrar sem mágoas. Uma boa memória não esquece o fato, não é preciso esquecer o fato, necessário é esquecer a ofensa, ou seja, lembrar sem sofrer, compreender a atitude do outro, como uma atitude de desespero provocada por um sofrimento não curado.

Quem provoca dor está em dor, não sabe elevar-se no amor, esquece a divina comunhão com Deus através da prece.

Um senhor de 83 anos, vendo pela televisão a violência simultânea em tantos lugares do planeta, agressões de todo tipo, explosões de cólera, guerras fratricidas em tantos lugares, voltou-se para nós, aflito, e comentou: “A Terra enlouqueceu!”

São momentos difíceis, sim, aflitivos esses. Necessário nos colocarmos em fortaleza mental e nos guiarmos pelo amado mestre Jesus, que nos pedia que amássemos uns aos outros. Não nos deixemos perturbar, continuemos nossa trajetória de paz nesta encarnação, perdoando constantemente, cheios de misericórdia para com as dores alheias, compreendendo que o mal é transitório e que a nossa destinação como Espíritos é rumo à felicidade na medida em que aprendermos a verdadeiramente amar.

Guardemos conosco algumas orientações de Jesus referentes ao perdão:

Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque eles próprios obterão misericórdia...

Se perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso pai celestial vos perdoará também vossos pecados...

Se vosso irmão pecou contra vós, ide lhe exibir sua falta em particular, entre vós e ele; se ele vos escuta, tereis ganhado o vosso irmão...

Amai-vos uns aos outros como eu vos amei...


Jane Martins Vilela

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