A mensagem viva e perene do Evangelho teria que ser grafada na mente e no sentimento do homem. Por isso Jesus nada escreveu.
A palavra e o conceito fixados na pedra, no papiro ou no couro se tornariam rígidas formas que matariam o conteúdo do ensinamento, por perderem a flexibilidade de atualizarem-se através dos tempos, sendo sempre novos em cada época.
Leis e determinações, pensamentos e ensinos que deveriam superar os conteúdos das suas épocas e preservarem a solidez de que se revestiam, foram sempre insculpidos no ser humano que, a seu turno, nos fixariam noutro ser, com a força da emoção de que se fizesse mensageiro.
O magnetismo de cada pessoa contribuiria para manter a vitalidade e a força da mensagem.
De Moisés, com o Decálogo, a Jesus, com a revolução da Boa Nova, o verbo divino penetrou o homem e soprou-lhe o alento arrebatador para a preservação do pensamento revelador.
De Jesus, nomeando os homens como suas "cartas-vivas", conforme o conceito paulino — seu mensageiro-mor —, até Allan Kardec, ouvindo a revelação expressiva e transcrevendo-a para o mundo, a notícia é a mesma, a força de expressão é sempre igual.
Se algum atentado se esboça, contrariando a legitimidade do ensinamento evangélico, os Espíritos assumem a posição segura de informantes e, mediante o telefônio da mediunidade, esclarecem, orientam conforme as fontes autênticas donde brota a sabedoria libertadora.
Ainda nos dias da efervescente "Igreja do Caminho", em que as informações se faziam boca-a-boca, anotando-se os primeiros rascunhos, os menestréis da palavra de luz doavam-se ao martírio, a fim de selarem com a vida a autenticidade da Boa Nova, prosseguindo no exemplo de Estêvão. . .
Seguindo-lhes as pegadas e profundamente mimetizados pelo odor da vivência apostólica, Paulo e Barnabé, Pedro e Silas saem a notificar à Humanidade a era auspiciosa que se inicia, tombando em holocausto e honra pela felicidade de confirmarem com a vida a excelência da doutrina.
Desde então, mártires e santos fizeram-se mensageiros diretos do Homem da Cruz, libertando os homens das paixões inferiores nas quais se crucificam.
Toda uma epopeia de heróis da fé se impôs à História até o momento em que o filho de Pedro Bernardone escreveu no Livro da Natureza, qual o fizera seu Senhor, o poema de amor e de bem-aventurancas que ecoaria doravante pelos séculos porvindouros.
Nenhum outro homem que melhor sentisse e mais claramente vivesse o amor de Jesus entre os seres da mãe natura e em relação a ela própria.
A sua presença marcará fortemente a Humanidade, a partir de então, e quem o conheça, amá-lo-á, amando a Jesus, o amor essencial da sua vida. . .
Mudaram-se os tempos, modificaram-se as técnicas, diminuiu a fé. . .
Quando, no entanto, naqueles dias tombava a fé e a mensagem se apagava no coração e na mente humana, então interessada em guerras e nos espólios das guerras, em escravidão e prazer, veio Francisco e provou que eram tempos apostólicos aqueles, heróicos, insuperáveis. . .
Enquanto haja rapina e dor, dominação arbitrária e ódio, guerra e ambição desvairada, alucinação sexual e crime, serão tempos apostólicos, sejam quais forem os tempos, necessitando da ação das "cartas-vivas" de Jesus.
A ciência de hoje, no seu afã de auxiliar o homem, não dispensa os missionários da abnegação no seu ministério renovador e vital.
A filosofia existencial, no seu esforço por encontrar metodologias de felicidade, não exclui os missionários do amor, dando amplitude aos seus conceitos.
A fé raciocinada, no seu conteúdo e sistemática de libertação de consciências, requisita os heróis do amor para colimar os seus objetivos relevantes.
São estes, também, dias de apostolado e de dedicação.
Cada homem é chamado à vivência daquilo em que crê para não ser consumido na voragem da neurose.
A autenticidade é impositivo da hora, a realização é força do momento.
Viver Jesus, a fim de encontrar-se, é medida de segurança legítima.
Oferecê-lO aos outros homens, instar para que Ele seja conhecido, na Sua grandeza verdadeira, e vivê-lO em toda a pujança, constituem o desafio que se devem impor os que são as cartas- vivas destes dias apostólicos de renovação do mundo, com urgência e alegria. Amanhã já será outro dia...
Aura Celeste
Mensagem psicografada por Divaldo Pereira Franco em Assis, Itália.
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