domingo, 25 de agosto de 2013

O novo Papa e Francisco de Assis


Depoimentos de diversos religiosos sobre o novo Papa. A Missão de Francisco de Assis. As advertências de Jesus à Igreja

Os representantes das mais variadas religiões entrevistados pela jornalista Paula Autran, de O Globo, sobre a visita do Papa Francisco ao Brasil, deram os seguintes depoimentos publicados no caderno Jornada Mundial da Juventude, de 27.07.2013, na matéria com a manchete – “Um Amigo de Fé – Simpatia e simplicidade de Pontífice argentino conquistam brasileiros até de outras religiões”:

Espiritismo – “Para o Vice-Presidente da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso, Gerson Simões Monteiro, ele está seguindo os passos de Francisco de Assis e do próprio Cristo, pois, segundo Jesus, ‘os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem’. E esta é a mensagem que o Papa está trazendo: de entendimento e fraternidade, uma aura de paz e uma mensagem de esperança, neste momento difícil, principalmente para a nossa cidade do Rio de Janeiro. Segundo nossa visão, ele é um médium de Francisco de Assis, por seus gestos de humildade. Que ele venha de novo em 2017!”

Judaísmo – O Cônsul honorário de Israel no Rio, Osias Wurman, vê o Pontífice como peça fundamental para uma parceria entre as três religiões abraâmicas: judaísmo, islamismo e catolicismo. “– Para nós, judeus, ele é uma peça fundamental, pois representa 1,2 bilhão de cristãos. Francisco é, indiscutivelmente, carismático. Acho que vai superar em popularidade o Papa João Paulo II. E não é de hoje que ele tem boas relações com o judaísmo. Quando era cardeal, ele escreveu com o rabino Abraham Skorka, seu amigo de longa data, o livro Sobre o Céu e a Terra, que aborda vários aspectos em comum da fé — avaliou Wurman. — Fiquei emocionado com o que vi em Copacabana na quinta-feira.”

Islamismo – Já o sheik muçulmano, Jihad Hassan Hammadeh, relembra Bento XVI para falar de Francisco. “— O ser humano gosta de valores como atenção, simplicidade, simpatia e humildade. Eles abrem as portas dos corações das pessoas. Estes valores diferenciam o Papa Francisco de seu antecessor. Seu sorriso, suas demonstrações de preocupação e afeição. Isto também é importante no diálogo entre as religiões. Afinal, as pessoas mais frias só recebem. As pessoas que são assim dão e recebem, tornando mais fáceis o diálogo e os acordos — disse ele, lembrando que o fato de o Papa ser latino também faz a diferença. — Ele me cumprimentou de uma forma não protocolar quando estivemos juntos.”

Construa a minha Igreja - Ao assistir pela Televisão à eleição do novo Papa, e a sua escolha em adotar como patrono da sua missão Francisco de Assis, lembrei-me de que, quando Jesus apareceu para Francisco de Assis pedindo: “Francisco, construa a minha Igreja”, ele entendeu literalmente que se tratava da construção de novos edifícios para as igrejas.

Porém, ao lermos o capítulo 18, Os Abusos do Poder Religioso, da obra A Caminho da luz, ditada ao médium Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, podemos perceber o verdadeiro significado da mensagem do Cristo a Francisco de Assis, naquela oportunidade. Era muito mais a construção do edifício espiritual da Igreja.

As advertências de Jesus – Segundo Emmanuel, “antes da vinda de Francisco de Assis, as exortações do Alto não se faziam sentir tão-somente no seio das ordens religiosas, onde penitentes humildes proporcionavam aos seus orgulhosos superiores eclesiásticos as mais santas lições da piedade cristã. Também na sociedade civil as sementes de luz deixavam entrever os mais esperançosos rebentos de compreensão e de sabedoria, acerca do Evangelho e dos exemplos do Cristo. Neste caso, está Pedro de Vaux, que, embora sendo um homem de negócios, em Lião, desligou-se de todos os laços que o prendiam às riquezas humanas, despojando-se de todos os bens em favor dos pobres e necessitados, comovido com a leitura da exemplificação de Jesus no seu Evangelho de amor e redenção.

Pedro de Vaux, esse homem extraordinário, a quem fora cometida a missão de instrumento da vontade do Senhor, mandou traduzir os livros sagrados para leitura pública e, junto de outros companheiros que passaram à História com o nome de valdenses, iniciou amplo movimento de pregações evangélicas, à maneira dos tempos apostólicos”.

Francisco de Assis – Diz ainda o benfeitor espiritual Emmanuel, no capítulo 18 de A Caminho da luz, que “os apelos do Alto continuaram a solicitar a atenção da Igreja romana em todas as direções. As chamadas heresias brotavam por toda parte onde houvesse consciências livres e corações sinceros, mas as autoridades do Catolicismo nunca se mostraram dispostas a receber semelhantes exortações. Havia terminado, em 1229, a guerra contra os hereges, cujos embates atravessaram o espaço de vinte anos, quando alguns chefes da Igreja consideraram a oportunidade da fundação do tribunal da penitência, cujos projetos de há muito preocupavam o pensamento do Vaticano.

Mascarar-se-ia o cometimento com o pretexto da necessidade de unificação religiosa, mas a realidade é que a instituição desejava dilatar o seu vasto domínio sobre as consciências.

Todavia, se a Inquisição preocupou longamente as autoridades da Igreja, antes da sua fundação, o negro projeto preocupava igualmente o Espaço, onde se aprestaram providências e medidas de renovação educativa. Por isso, um dos maiores apóstolos de Jesus desceu à carne com o nome de Francisco de Assis. Seu grande e luminoso Espírito resplandeceu próximo de Roma, nas regiões da Úmbria desolada. Sua atividade reformista verificou-se sem os atritos próprios da palavra, porque o seu sacerdócio foi o exemplo na pobreza e na mais absoluta humildade. A Igreja, todavia, não entendeu que a lição lhe dizia respeito e, ainda uma vez, não aceitou as dádivas de Jesus”.

Vale lembrar que a Inquisição perdurou cerca de seiscentos anos!

Os franciscanos – Para entendermos a extensão da missão de Francisco de Assis, Emmanuel tece ainda o seguinte comentário: “O esforço poderoso do missionário, todavia, se não conseguiu mudar a corrente de ambições dos papas romanos, deixou traços fulgurantes da sua passagem pelo planeta. Seu exemplo de simplicidade e de amor, de singeleza e de fé, contagiou numerosas criaturas, que se entregaram ao santo mister de regenerar almas para Jesus. A ordem dos Franciscanos chegou a congregar mais de duzentos mil missionários e seguidores do grande inspirado. Eles repeliam qualquer auxílio pecuniário, para aceitar tão-somente os alimentos mais pobres e mais grosseiros, e a característica que mais os destacava das outras comunidades religiosas era o seu alheamento dos mosteiros. Em vez de repousarem à sombra dos claustros, na tranquilidade e na meditação, esses Espíritos abnegados reconheciam que a melhor oração, para Deus, é a do trabalho construtivo, no aperfeiçoamento do mundo e dos corações”.

Conclusão – Em entrevista concedida ao jornal O Globo, manifestei o meu entendimento de que “segundo a nossa visão, ele é um médium de Francisco de Assis”. O que pretendi dizer é que, na minha opinião, o Papa terá uma missão semelhante à de Francisco de Assis, ou seja, a missão de despertar a Igreja em momento decisivo para a humanidade, haja vista o processo em que o planeta está ingressando que o levará a uma nova ordem de valores espirituais. A humildade e a proximidade com o povo são fundamentais para que as instituições religiosas cumpram sua missão, de despertar a espiritualidade nas consciências e desenvolver o sentimento nos corações, servindo o exemplo do Papa Francisco de reforço ao trabalho realizado por nós espíritas, levando as lições do Evangelho a todos, sem distinção, preparando as novas gerações para o bem e o amor.


Gerson Simões Monteiro

Fonte: O Consolador, Nr. 326, agosto de 2013

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