quarta-feira, 5 de junho de 2013

Os Espelhos do Tempo



“ Você é muito, muito maior do que seu corpo ou sua mente, você é um ser lindo, imortal, eterno, cheio de amor e luz. Somos sempre amados e nunca estamos sozinhos.”


Olhando para trás, constato a profunda transformação por que passei desde minha experiência com Catherine. Houve, sem dúvida, uma mudança profissional e pessoal de grande alcance. Descobri o extraordinário poder curativo da terapia de regressão a vidas passadas e pude ajudar milhares de pessoas em meu consultório, nos workshops e palestras, nos cursos de formação e através de meus livros. Sei desse poder de cura pelos resultados que venho constatando no correr dos anos e pelos depoimentos que recebo de pessoas de diferentes nacionalidades, culturas, profissões e credos.

Mas minha transformação essencial se deu na visão do que somos e do sentido da vida. Quando Catherine estava em estado hipnótico em meio às regressões ela transmitiu ensinamentos valiosos que vinham de espíritos mais elevados, almas altamente evoluídas que ela chamou de Mestres. Ao voltar do transe hipnótico, Catherine era capaz de lembrar o que descrevera sobre suas existências passadas, mas não recordava as mensagens dos Mestres. Isto porque as mensagens tinham sido transmitidas através dela, mas não eram suas.

Outros pacientes me trouxeram mensagens dos Mestres, e elas também me chegaram durante minhas sessões de meditação.

Esses ensinamentos, aliados à experiência vivida, consolidaram em mim a convicção de que a vida transcende a morte, de que o mundo é uma escola de aprendizagem a que voltamos quantas vezes forem necessárias para nosso aperfeiçoamento. Antes eu era um ser humano vivendo seu dia-a-dia da melhor maneira possível e um profissional que tinha como propósito curar as doenças físicas e emocionais dos pacientes sob minha responsabilidade.

Sinto-me hoje imbuído de uma missão: anunciar ao maior número de pessoas possível que somos seres espirituais, e que a nossa essência fundamental é o amor incondicional, absoluto, essa energia que dá origem ao universo, e está presente nele todo, e constitui o núcleo básico de cada pessoa, conectando experiências, fenômenos e seres. Uma energia que subsiste à morte de nosso corpo físico.

Para que essas palavras não pareçam um discurso abstrato e repetitivo, convido vocês a refletirem comigo. A busca da felicidade é um denominador comum entre todos os seres humanos. Movidos por esse desejo, eles criam novas tecnologias, aperfeiçoam ao máximo as existentes, atingem níveis de uma extraordinária sofisticação na sua oferta de bens de consumo. Ter mais, ganhar mais, usufruir mais, ser melhor do que os outros, mais famoso, mais brilhante, mais bem-sucedido. Pensem nos meios de comunicação, nos sistemas escolares, nos critérios de avaliação de uma pessoa, até mesmo na nossa própria expectativa em relação aos nossos filhos. Quais são os valores com maior cotação, quais são as características das pessoas mais prestigiadas?

No entanto, apesar da inacreditável sofisticação de ofertas e possibilidades, acho que por toda parte se constata tanto uma insatisfação no plano individual quanto uma doença grave ameaçando o planeta. O meio ambiente se deteriora e as diferenças sociais são absurdamente injustas.

Ao mesmo tempo vem ressurgindo no mundo todo um movimento direcionado para valores espirituais. Percebo isto claramente ao meu redor e vivo continuamente essa experiência palpável. Sinto hoje que os milhares de pessoas que leem meus livros, que comparecem às minhas palestras e que me escrevem, muito mais do que tentarem resolver problemas físicos e emocionais — o que é indispensável para seu equilíbrio —, buscam uma dimensão que dê sentido às suas vidas, que as realize, que promova essa felicidade que buscam continuamente. Imagino que vocês que nesse momento refletem comigo pertencem a esse grupo.

Para mim o nome da felicidade é paz interior. E essa paz só é alcançada quando o ser humano entra em harmonia com sua essência fundamental, com o amor que é doação, compaixão e solidariedade traduzidas em gestos concretos consigo mesmo e com os outros. O resto é descompasso, é procura inútil e inesgotável, que supre necessidades momentâneas mas é incapaz de atingir profundamente a felicidade que buscamos.

Foi isso que viemos aprender nessa escola da Terra e precisamos de muitas existências para acumular uma sabedoria que impregne cada um de nossos atos. Porque não é fácil, porque somos seres ambíguos, divididos, inconstantes, e os valores e apelos do sistema e da cultura em que vivemos conspiram contra o sentido do nosso crescimento. Também não é fácil porque os processos são lentos, os avanços, muitas vezes imperceptíveis, e os retrocessos nos fazem correr o risco de desanimar.

Quero dizer-lhes com muito afeto e convicção: vale a pena investir nesse caminho do amor, porque é um caminho de paz e felicidade. Não se preocupem com a lentidão do processo, não se julguem quando houver recaídas ou estagnações. É assim mesmo, não acreditem em quem lhe disser o contrário ou vier falar-lhes de transformações milagrosas. Sintam raiva, exasperação, preguiça, sintam até ódio. Esses sentimentos irrompem em nós sem que possamos controlar seu aparecimento. Contemplem e constatem o que estão sentindo, não neguem nem recusem, mas desapeguem-se.

Não é o sentimento que atenta contra o amor, são os atos decorrentes desses sentimentos. À medida que avançarmos no caminho da espiritualidade iremos nos tornando mais tolerantes, mais compreensivos, mais capazes de relativizar.

Mas mesmo quando houver atos que agridam e ofendam, podemos voltar atrás e pedir perdão, dizendo que não gostaríamos de ter feito o que fizemos. Este é um lindo gesto de amor.

Sejam persistentes, sejam pacientes, estejam abertos. A semente fica muito tempo oculta sob a terra e, se desistirmos de regar o solo, perderemos a beleza, a sombra e o fruto da árvore que poderá despontar e crescer.


Brian Weiss

Texto do livro/CD meditações “Espelhos do Tempo”, de Brian Weiss.

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