sexta-feira, 19 de abril de 2013

Gotas de Luz


Ideias Inatas



Ao Espírito encarnado resta-lhe uma vaga lembrança das percepções e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores. É o que chamamos ideias inatas. (LE – 218) (1)

O Espírito sobrevive, mas preexiste ao corpo; não é um ser novo; quando nasce, traz as ideias, as qualidades e as imperfeições que possuía; assim se explicam as ideias, as aptidões e as tendências inatas. O pensamento é, pois, preexistente e sobrevivente ao organismo. (RE – março de 1867, Da Homeopatia nas Doenças Morais.) (2)

A teoria das ideias inatas não é quimérica, pois os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; o Espírito, liberto da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação pode esquecê-los em parte, momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o seu adiantamento. Sem isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se achava na precedente. (LE – 218a)

Nem sempre há uma grande conexão entre duas existências sucessivas, como podemos imaginar, porque as posições são quase sempre muito diferentes, e no intervalo de ambas o Espírito pôde progredir. (LE – 218a)

Pode acontecer de o homem conservar, em sua nova existência, os traços do caráter moral das existências anteriores, mas ao melhorar-se ele se modifica. Sua posição social também pode não ser a mesma. Se de senhor ele se torna escravo, suas inclinações serão muito diferentes e teremos dificuldades para reconhecê-lo. O Espírito sendo o mesmo, nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter, de uma para outra, certas semelhanças. Estas, entretanto, serão modificadas pelos costumes da nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha a mudar completamente o seu caráter, pois de orgulhoso e mau pode tornar- se humilde e humano, desde que se haja arrependido. (LE – 216)

Segundo os indivíduos, há faculdades, aptidões, tendências que se manifestam desde o próprio início da vida, outras se revelam em épocas mais tardias, e produzem as mudanças de caráter e de disposições que se notam em certas pessoas. Neste último caso, geralmente, não são disposições novas, mas aptidões preexistentes que dormitam até que uma circunstância venha estimular e despertar. Pode-se estar certo de que as disposições viciosas que se manifestam às vezes subitamente e tardiamente, tinham seu germe preexistente nas imperfeições do Espírito, porque este, caminhando sempre para o progresso, se for essencialmente bom, não pode se tornar mau, ao passo que, se for mau pode se tornar bom. (RE – março de 1867, Da Homeopatia nas Doenças Morais.)

A cada nova existência o Espírito tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem e o mal. Quando o Espírito entra na sua vida de origem, o mundo espírita, toda a sua vida passada se desenrola diante dele; vê as faltas cometidas e que são causa do seu sofrimento, bem como aquilo que poderia tê-lo impedido de cometê-las; compreende a justiça da posição que lhe é dada e procura então a (re)encarnação necessária para reparar a que acaba de escoar-se. Procura provas semelhantes àquelas por que passou, ou as lutas que acredita apropriadas ao seu adiantamento. Contudo, o Espírito encarnado, se não tem, durante a vida corpórea, uma lembrança precisa daquilo que foi, e do que fez de bem ou de mal em suas existências anteriores, tem, entretanto, a sua intuição. Suas tendências instintivas são uma reminiscência do seu passado, às quais a sua consciência, que representa o desejo por ele concebido de não mais cometer as mesmas faltas. A consciência que é onde está escrita a lei de Deus, o adverte que deve resistir de não cometer as mesmas faltas do passado, isto se dá segundo o grau de perfeição a que tenha chegado e conforme a sua capacidade de conservar a lembrança intuitiva. (LE, Livro 2, cap. VII, da q. 392 em diante e Livro 3, cap. I, da q. 620 em diante.

A origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, o cálculo, etc., é lembrança do passado, ou seja, do progresso anterior da alma, mas do qual ela mesma não tem consciência. Os corpos mudam, mas o Espírito não muda, embora troque a vestimenta. (LE – 219)

Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes, desde que se tenha desonrado essa faculdade, fazendo mau uso dela. Uma faculdade pode, também, ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra, que não se relacione com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer mais tarde. (LE – 220)

A retrospectiva que um homem pode ter, mesmo no seu estado selvagem, como o sentimento instintivo da existência de Deus, é uma lembrança que ele conserva como Espírito, antes de encarnar, mas o orgulho frequentemente abafa esse sentimento. (LE – 221)

Podem ter até a lembrança de certas crenças relativas à doutrina espírita encontradas em todos os povos. Isso pode se dar, porque, esta doutrina é tão antiga quanto o mundo. É por isso que a encontramos por toda parte, e é esta uma prova da sua veracidade. O Espírito encarnado, conservando a intuição do seu estado de Espírito, tem a consciência instintiva do mundo invisível. Mas quase sempre ela é falseada pelos preconceitos, e a ignorância mistura a ela a superstição. (LE – 221a)

RESUMO:

Tendências inatas são uma espécie de lembrança, percepção e conhecimento que o Espírito encarnado (homem) adquiriu em existências anteriores, mas cuja realidade é combatida por certos homens, desde muito tempo, que pretendem sejam todas adquiridas durante a vida. Se assim fosse, como explicar certas disposições naturais que se revelam muitas vezes desde a mais tenra idade e independentemente de qualquer educação? O Espiritismo lança uma grande luz para esta questão. Sobre estas espécies de tendências a Doutrina Espírita oferece a sua explicação através da pluralidade das existências, assim, os conhecimentos adquiridos pelo Espírito nas existências anteriores se refletem nas existências posteriores através do que denominamos tendências ou ideias inatas. (Ver Allan Kardec in Vocabulário da obra Instruções Práticas sobre as manifestações Espíritas.) Sendo assim, o estado intelectual e moral do Espírito encarnado, quando criança, é o que era antes da sua união com o corpo, ou seja, a alma possui todas as ideias adquiridas anteriormente, porém, em razão da perturbação que acompanha a mudança, suas ideias estão momentaneamente em estado latente. Elas se esclarecem gradualmente, mas só podem se manifestar proporcionalmente ao desenvolvimento dos órgãos do corpo físico. (Ver Allan Kardec in cap. III, item 117, O Homem Durante a Vida Terrestre da obra O Que o Espiritismo.)

Os gênios que se revelam nas classes sociais desprovidas de cultura intelectual, provam que as ideias inatas são independentes do meio onde o homem é educado. O meio e a educação desenvolvem as ideias inatas, mas não a fornecem. O homem de gênio é a encarnação de um Espírito já avançado e que muito progrediu na escala evolutiva. Por isso, a educação pode dar a instrução que lhe falta, mas não pode dar o gênio quando este ainda não existe nele. (Ver Allan Kardec in cap. III, item 119, O Homem Durante a Vida Terrestre da obra O Que o Espiritismo.)


Fonte: A Era do Espírito. Pesquisa: Elio Mollo

(1) LE é abreviatura de O Livro dos Espíritos.
(2) RE é abreviatura da Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos, Publicada sob a Direção de Allan Kardec.

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