sexta-feira, 29 de março de 2013

A Força da Oração


Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes. (Marcos, cap. XI, v. 24. In: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, it. 5.)

O jornal Correio Brasiliense, em 24 de outubro de 2004,publicou uma página inteira do caderno BRASIL sobre o poder da oração. Segundo o jornalista Ulisses Campbell, da equipe desse periódico, o professor de Imunologia Carlos Eduardo Tosta, da Faculdade de Medicina (FMD) da Universidade de Brasília (UnB), fez uma pesquisa com o objetivo de constatar se as orações feitas a distância em benefício de alguém poderiam, cientificamente, ter sua eficácia comprovada.

O trabalho envolveu 52 alunos estudantes de Medicina da própria UnB e vários grupos de pessoas de diversas religiões que fazem orações em benefício alheio. Os alunos foram divididos em dois grupos de 26 pares, cada par composto de pessoas com a mesma idade, que não se conheciam.

Antes de receberem as orações, os alunos passaram por uma avaliação clínica e psicológica e, em seguida, fizeram teste sanguíneo para verificar sua defesa orgânica. Finalmente, a foto 3×4 de cada aluno foi entregue pelo pesquisador aos grupos de intercessores para que orassem diariamente por esses estudantes, de quem ficaram sabendo apenas o primeiro nome. Mas apenas um aluno de cada par teve a foto e o nome conhecido pelos rezadores; o outro não recebeu qualquer prece.

Após três anos, foi feita a comparação entre os exames clínicos de todos os estudantes e verificou-se que o grupo de alunos que não receberam orações não teve qualquer alteração em suas células de defesa, enquanto o grupo beneficiado pelas preces ficou com o sistema imunológico mais resistente.

A conclusão do pesquisador, que se considera “transreligioso”1, foi a de que “as preces têm efeito positivo na saúde”.

Segundo o autor do artigo, outros estudos feitos no exterior já haviam comprovado, e publicado em revistas científicas, os efeitos benéficos da prece sobre a saúde das pessoas enfermas. Afirma ainda que:

O maior estudo envolvendo religiosidade foi feito em 1988, na Califórnia, com quase 400 pacientes internados na unidade de tratamento intensivo (UTI) cardiológica de um hospital público. Metade desses pacientes receberam preces; a outra parte, não. Cada paciente tinha entre três e sete intercessores e seus médicos não ficaram sabendo. Dez meses depois, ficou comprovado que os pacientes que receberam orações passaram a necessitar cada vez menos de ajuda de aparelhos para respirar. Até os edemas nos pulmões diminuíram.

Na avaliação do Dr. Tosta, citada pelo jornalista, “o médico aprende na universidade que nós somos um corpo que eventualmente adoece e que precisa de tratamento.

Acontece que temos uma dimensão mental que vai além disso.

Temos ansiedade, depressão e psicose (…). Além disso, temos a dimensão espiritual, que está sujeita a doenças causadas por sentimentos como inveja, raiva, ciúme e rancor.

A Medicina ainda dá pouca importância a isso”.

Entretanto, podemos constatar que é grande o número de médicos, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais da saúde que comparecem aos Centros Espíritas e aos templos religiosos para não somente manifestar sua fé no poder divino, como também estudar os efeitos da oração no auxílio ao tratamento médico.

Nessa reportagem, a Sra. Helena Dias Mousinho, que participa de um grupo de mulheres que oram em favor de pacientes internados na UTI do Hospital de Base do Distrito Federal, afirma que “o centro que frequento, na L2 norte, é cheio de médicos”.O mesmo podemos dizer com relação ao que vimos constatando, ao longo de quaseduas décadas como monitor do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), na Federação Espírita Brasileira.Entre os seus participantes, bom número deles é de médicos e outros profissionais da saúde.

Ao concluir seu artigo, o jornalista Campbell informa que o Dr. Tosta sugere a inclusão no currículo de Medicina da “disciplina espiritualidade”, na qual os estudantes aprendam sobre o poder da oração.

E termina com a seguinte frase do Imunologista: “Todas as religiões têm prece. Até os budistas, que não acreditam em Deus, têm suas preces.”

Aí está uma interessante e oportuna proposta. Mas de nossa parte, temos a convicção de que, independentemente desses estudos, a prática cotidiana da oração é uma verdadeira fonte de revigoramento de nossas energias mentais e de nossas forças, para aceitarmos a vontade de Deus.

Afirma Kardec que, da máxima citada abaixo do título deste artigo, não é lógico deduzir que basta pedir para obter, mas não é justo julgar que Deus não atende a toda oração a Ele feita. A prece proferida com todo tipo de propósito, em particular o da aquisição de bens materiais, realmente só será atendida quando tivermos merecimento para obter o que pedimos. Entretanto, lembra o Codificador da Doutrina Espírita que a coragem, a paciência e a resignação serão sempre concedidas por Deus a quem lhas pedir com confiança, assim como os meios de libertar-se por si mesmo das dificuldades,proporcionando-lhe, nesse caso, o mérito da ação.

A oração pode beneficiar àquele que ora ou àquele por quem se ora. Pode ser feita para pedir, louvar ou agradecer a Deus um benefício, pois nada ocorre sem a vontade dEle, ainda que oremos recorrendo a Espíritos intermediários.

Nesse capítulo XXVII, item 10, de O Evangelho segundo o Espiritismo, explica ainda Allan Kardec a forma de transmissão do pensamento através do fluido universal, no qual se inserem todos os seres, encarnados e desencarnados, sendo tal fluido veículo do pensamento e se estendendo ao infinito.

Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que relações se estabelecem a distância entre encarnados. (Kardec, op. cit.)


O Codificador conclui então que, se tal explicação torna compreensíveis os efeitos da prece, o “juiz supremo em todas as coisas” é Deus, sob cuja vontade e poder se subordinam os efeitos da oração.

As preces feitas com sentimento puro em benefício próprio ou de outrem serão sempre ouvidas, independentemente da religião de quem as faça. É muito importante orarmos de forma clara, concisa e simples, pois muito mais que as fórmulas preconcebidas e o grande número de palavras, as vibrações de nossa alma, a humildade e a submissão à vontade dessa Inteligência Suprema que rege todas as coisas – DEUS – é que proporcionarão à nossa oração o poder de cura e de superação de nossas provas.

Potencializadas pelo Amor, nossas energias em benefício do próximo modificarão para melhor os fluidos deletérios de suas enfermidades, proporcionando-lhes até mesmo a cura de suas doenças físicas.

No entanto, nunca é demais lembrar o alerta de Jesus: “Vaie não peques mais.” Se o convalescente não se ajudar renovando sua mente com pensamentos elevados, evitando atitudes de impaciência, raiva e outras manifestações do desequilíbrio mental, fatalmente recairá no estado patológico anterior ou mesmo em outros mais graves.

Pela oração, entramos em comunhão direta com as potências divinas e, consoante as palavras de Jesus, removeremos as montanhas de nossas limitações, de nossas fraquezas e enfermidades. Por ela, enfim,receberemos e transmitiremos ao nosso próximo as vibrações elevadas do Amor Divino. Assim, seremos capazes de, nos transformando, contribuir na transformação do Mundo, pois já se disse que orar é semelhante a arar. E sendo arada a metáfora do trabalho, quando trabalhamos emitindo as nossas energias mentais em benefício alheio, pela oração, associados aos emissários divinos,exercitamos o Amor, essa força maravilhosa sem a qual nada se consegue de bom.

1Na definição dada pelo Dr. Tosta e citada pelo jornalista, “transreligiosa” é a pessoa que aceita o que os “grandes mestres religiosos ensinam sem rótulos que definam se uma religião é melhor do que a outra”.

Fonte: Revista Reformador – Fev./2005

Autor: Jorge Leite de Oliveira

quarta-feira, 27 de março de 2013

Caridade, a grande Virtude


Toda moral ensinada por Jesus, se resume em duas simples palavras: Caridade e Humildade, isto é, nas duas maiores virtudes em que devemos concentrar todas as nossas forças em desenvolvê-las, se pretendemos erradicar de nosso espírito o egoísmo que até hoje nos mantém presos às teias da ignorância.

Em tudo que ensinou, chamou-nos a atenção apontando essas duas virtudes como sendo as que poderão nos conduzir de encontro à eterna e verdadeira felicidade. Falou-nos ele: “Bem-aventurados os pobres de espírito, isto é os simples, os humildes, porque deles é o reino dos céus; e continuou a nos ensinar; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que gostaria que vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros; não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita”. Em todas estas passagens de seus ditos se pode tirar o ensinamento maior resumindo em caridade e humildade, eis o que não cessa de recomendar e exemplificar em todas as suas ações. Em tudo que pregou em sua passagem pelo nosso planeta, não cansou de combater o orgulho e o egoísmo que são sem dúvida as duas grandes chagas a corroer a humanidade.

O Mestre maior de todos nós não se limitou apenas a recomendar a caridade, põe-na como condição absoluta para a conquista da felicidade futura, assegurando-nos que as ações empreendidas pelos caridosos com certeza lhes assegurarão uma melhor posição no futuro quando a justiça divina nos chamar para a prestação de contas, como nos ensinou também em outra oportunidade “a cada um segundo as suas obras”.

Na Parábola do Bom Samaritano, considerado herético, mas que naquele momento pratica o amor ao próximo, Jesus coloca-o acima do ortodoxo que falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como uma das condições para a salvação, mas designa como condição única. Se outras houvesse que a substituíssem ele as teria ensinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e também porque significa a negação absoluta do orgulho e do egoísmo naquele que a pratica.

O Espiritismo sendo o Cristianismo Redivivo, ou seja o cristianismo na sua pureza inicial, vem reafirmar os ensinos do seu criador com a máxima: “Fora da caridade não há salvação”, máxima essa que consagra o princípio da igualdade perante Deus, e da liberdade de consciência, deixando a todos a escolha da maneira como queiram seguir adorando o Pai Celestial, não pregando que fora do espiritismo não há salvação, pois bem sabe que o Cristo não fundou nenhuma religião, por isso mesmo respeita a liberdade de crença de todos os seus irmãos em humanidade, pois em qualquer corrente religiosa a que pertença o homem, terá aí mesmo a oportunidade de seguir os ensinamentos de Jesus.

Dediquemo-nos portanto meus irmãos à prática da caridade ensinada no evangelho de Jesus, pois ela nos ajudará não só a evitar a prática do mal, mas também nos impulsionará em direção ao trabalho no bem, e para a prática do bem uma só condição se faz indispensável: a nossa vontade, pois para a prática do mal basta apenas a inércia e a despreocupação, agradeçamos pois a Deus nosso Pai, por nos permitir encontrar em nossa estrada evolutiva a bênção de gozar da luz do Espiritismo.

Não significa achar que só os espíritas serão salvos; é que ajudando-nos a melhor compreensão dos ensinos do Cristo, ele nos faz, se seguirmos seus ensinos, melhores cristãos, confirmando por nossas ações que verdadeiros espíritas e verdadeiros cristãos são uma só e a mesma coisa, pois todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, não importando para tanto, que pertençam a esta ou àquela seita religiosa.


Francisco Rebouças

segunda-feira, 25 de março de 2013

Evolução


O conceito de evolução é parte fundamental do pensamento contemporâneo. Diante de sua relativa simplicidade e importância, parece impossível que há muito tempo não fosse uma ideia corrente. No entanto, evolução é um fato muito recente em todo o pensamento científico, filosófico e religioso.

A antiga tradição ocidental não considerava a evolução. Tanto a tradição grega como a judaico-cristã não avaliavam a natureza, o ser humano e a vida sob a perspectiva de modificação ao longo do tempo.

O conceito de Evolução também não foi considerado na Idade Média. A religião, em particular, atribuía ao ser humano uma criação especial, um ato da vontade de Deus e símbolo de seu poder e sabedoria. Criado à imagem de Deus, o homem não poderia se modificar ou ser comparado aos animais. A natureza teria sido criada para servir aos homens. Predominava a ideia de um tempo anterior de grandes realizações, uma idade de ouro, e, a seguir, a decadência. A crença na expulsão do paraíso reforçava essa noção. O passado teria sido melhor.

Mesmo durante o Renascimento (séculos XV e XVI), considerava-se que, apesar da criatividade e inventividade reinantes, os antigos continuavam sendo uma referência, que estava sendo retomada, mas não superada.

Aos poucos, porém, a perspectiva de que os antigos poderiam ser superados e o mundo aperfeiçoado foi ganhando destaque com a Revolução Científica do século XVII e com o Iluminismo do século XVIII.

Somente a partir do final século XVIII e principalmente durante o século XIX o conceito de evolução foi difundido, provocando um impacto sem precedentes em todo o sistema de pensamento ocidental. Praticamente, não houve área do conhecimento que tenha deixado de sofrer influência desse conceito, e o Espiritismo não foi exceção. Codificada na época em que os trabalhos de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace estavam recebendo grande divulgação, a Doutrina Espírita utilizou-se da evolução como um conceito chave para a compreensão da moral, da ética, do polissistema material e espiritual, da posição do ser inteligente diante da vida. Vale a pena ressaltar que Wallace, além de coautor da teoria da evolução através da seleção natural, foi um grande estudioso do Espiritismo.

Evolução, portanto, é fundamental no conjunto de conceitos que compõe o Espiritismo. Sem essa ideia, o entendimento da Doutrina se torna prejudicado e grande parte de seu valor como ferramenta para o crescimento pessoal e social se perde. Quando se avalia o que os espíritas entendem por evolução, percebe-se uma grande quantidade de interpretações que são inadequadas e, muitas vezes, contradizem o próprio conjunto doutrinário.

Para muitas pessoas, evolução significa simplesmente progresso, modificação para melhor, de técnicas, de equipamentos, entre inúmeras outras coisas, numa perspectiva que valoriza mais os bens materiais. Uma crença ingênua que não considera obstáculos e dificuldades surgidos com a explosão tecnológica e as questões éticas.

Algumas vezes, evolução é considerada o caminho do comportamento adequado, com objetivo definido, geralmente revelado aos homens e para o qual todos devem convergir. Evoluir seria encontrar o caminho correto, o caminho único, a trilha. Evolução, considerada dessa maneira, é designada como unicista e linear.

A evolução também pode ser considerada como uma necessidade, um impulso interno em cada pessoa, ocorrendo de forma paulatina, indefectível e continuamente, quando, então, é conhecida como necessitarista e continuísta. Ou se pode considerar que evolução só ocorre quando seguidas as normas de comportamento ideal, determinadas externamente à pessoa e ao grupo. Ou ainda, considerar que evolução significa melhora em direção à perfeição representada pela natureza ou pela divindade.

Essas várias maneiras de abordar a evolução estão em contradição com o conceito de Livre-Arbítrio e, portanto, não podem ser consideradas como o entendimento adequado de evolução para o Espiritismo.

Para o Espiritismo, evolução e progresso não significam, necessariamente, a mesma coisa. Evolução não é simplista, não se limita aos aspectos materiais, mas envolve múltiplos aspectos, em um quadro de imensa complexidade.

Para a Doutrina, a evolução é pluralista, pois é considerada um processo aberto, com infinitas trajetórias possíveis. Não é linear, não há um caminho certo, mas tantos caminhos quanto o número de consciências que existem no Universo.

A evolução não é apenas individual, mas do grupo de pessoas, encarnadas e desencarnadas, ao qual se está ligado. Evoluir implica em mudar a mentalidade e a massa crítica do grupo social.

Evolução não se acaba, não se encerra, não há um fim, não há um lugar a ser alcançado, pré-determinado, aonde todos, necessariamente, terão que chegar. A evolução não é considerada continuísta nem necessitarista, pois o processo não depende de uma força propulsora interna independente. Depende, principalmente, da vontade e ocorre em diferentes intensidades, na dependência do empenho que cada pessoa apresenta no sentido de sua ocorrência. O espírito conhece mais (evoluiu mais) na medida em que assume atitudes que lhe propiciam mais experiências ou na medida em que se utiliza mais intensamente das situações que enfrenta.

Evolução, para a Doutrina Espírita, significa modificação de comportamento pelo acúmulo, associação e operação de experiências, conhecimentos, na medida em que os limites pessoais são ultrapassados, as potencialidades são desenvolvidas e ampliadas e as capacidades ou habilidades são colocadas a serviço das pessoas com as quais se convive.

Evolução é o objetivo da vida, significa ampliação da consciência de si mesmo, da consciência de sua ligação com todos os seres do Universo, da consciência do papel e da função que desempenha na estruturação inteligente do Cosmo e da consciência do significado de Deus.


SBEE – Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas

sábado, 23 de março de 2013

O Magnetismo

Uma vídeo aula completa sobre magnetismo, tema amplamente abordado nos estudos da doutrina espírita, tendo como participante o engenheiro civil e pesquisador espírita Jacob Melo, autor do livro “Cure-se e Cure pelos Passes”.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Transição Planetária


"Vive-se, na Terra, o momento da grande transição de mundo de provas e de expiações, para mundo de regeneração.

As alterações que se observam são de natureza moral, convidando o ser humano à mudança de comportamento para melhor, alterando os hábitos viciosos, a fim de que se instalem os paradigmas da justiça, do dever, da ordem e do amor.

Anunciada essa transformação que se encontra ínsita no processo da evolução, desde o Sermão profético anotado pelo evangelista Marcos, no capítulo XIII do seu livro, quando o Divino Mestre apresentou os sinais dos futuros tempos após as ocorrências dolorosas que assinalariam os diferentes períodos da evolução.

Sendo o ser humano um Espírito em processo de crescimento intelecto-moral, atravessa diferentes níveis nos quais estagia, a fim de desenvolver o instinto, logo depois a inteligência, a consciência, rumando para a intuição que será alcançada mediante a superação das experiências primevas, que o assinalam profundamente, atando-o, não raro, à sua natureza animal em detrimento daquela espiritual que é a sua realidade.

Mediante as reencarnações, etapa a etapa, dá-se-lhe o processo de eliminação das imperfeições morais, que se transformam em valores relevantes, impulsionando-o na direção da plenitude que lhe está destinada.

Errando e corrigindo-se, realizando tentativas de progresso e caindo, para logo levantar-se, esse é o método de desenvolvimento que a todos propele na direção da sua felicidade plena.

Herdeiro dos conflitos em que estorcegava nas fases iniciais, deve enfrentar os condicionamentos enfermiços, trabalhando pela aquisição de novas experiências que lhe constituam diretrizes de segurança para o avanço.

Em face das situações críticas pelo carreiro carnal, gerando complicações afetivas, porque distante das emoções sublimes do amor, agindo mais pelos instintos, especialmente aqueles que dizem respeito à preservação da vida, à sua reprodução, á violência para a defesa sistemática da existência corporal, agride, quando deveria dialogar, acusa, no momento em que lhe seria lícito silenciar a ofensa ou a agressão, dando lugar aos embates infelizes geradores do ressentimento, do ódio, do desejo de desforço, esses filhos inconsequentes do ego dominador.

O impositivo do progresso, porém, é inarredável, apresentando-se como necessidade de libertação das amarras vigorosas que o retêm na retaguarda, ante o deotropismo que o fascina e termina por arrebatá-lo.

Colocado, pela força do determinismo, na conjuntura do livre-arbítrio, nem sempre lógico, somente ao impacto do sofrimento desperta para compreender quão indispensável lhe é a aquisição da paz, a conquista do bem-estar... Nesse comenos, dá-se conta dos males praticados, dos prejuízos causados a outros, nascendo-lhe o anelo de recuperar-se, auxiliando aqueles que foram prejudicados pela sua inépcia ou primitivismo em relação aos deveres que fazem parte dos soberanos códigos de ética da vida.

Atrasando-se ou avançando pelas sendas libertadoras, desenvolve os tesouros adormecidos na mente e no sentimento, que aprende a colocar a serviço do progresso, avançando consciente das próprias responsabilidades.

Infelizmente, esse despertar da consciência tem-se feito muito lentamente, dando lugar aos desmandos que se repetem a todo momento, às lutas sangrentas terríveis.

Predominam, desse modo, as condutas arbitrárias e perversas, na sociedade hodierna, em contraste chocante com as aquisições tecnológicas e científicas logradas na sucessão dos tempos.

Observam-se amiúde os pródromos dos sentimentos bons, quando alguém é vítima de uma circunstância aziaga, movimentando grupos de socorro, ao tempo que outras criaturas se transformam em seres-bomba, assassinando, fanática e covardemente outros que nada têm a ver com as tragédias que pretendem remediar por meios mais funestos e inadequados do que aquelas que pretendem combater...

Movimentos de proteção aos animais sensibilizam muitos segmentos da sociedade, no entanto, incontáveis pessoas permanecem indiferentes a milhões de crianças, anciãos e enfermos que morrem de fome cada ano, não por falta de alimento que o planeta fornece, mas por ausência total de compaixão e de solidariedade...

Fenômenos sísmicos aterradores sacodem o orbe com frequência, despertando a solidariedade de outras nações, em relação àquelas que foram vitimadas, enquanto, simultaneamente, armas ditas inteligentes ceifam outras centenas e milhares de vida, a serviço da guerra, ou de revoluções intermináveis, ou de crimes trabalhados por organizações dedicadas ao mal...

São esses paradoxos da vida em sociedade, que a grande transição que ora tem lugar no planeta irá modificar.

As criaturas que persistirem na acomodação perversa da indiferença pela dor do seu irmão, que assinalarem a existência pela criminalidade conhecida ou ignorada, que firmarem pacto de adesão à extorsão, ao suborno, aos diversos comportamentos delituosos do denominado colarinho branco, mantendo conduta egotista, tripudiando sobre as aflições do próximo, comprazendo-se na luxúria e na drogadição, na exploração indébita de outras vidas, por um largo período não disporão de meios de permanecer na Terra, sendo exiladas para mundos inferiores, onde irão ser úteis limando as arestas das imperfeições morais, a fim de retornarem, mais tarde, ao seio generoso da mãe-Terra que hoje não quiseram respeitar.

O egrégio codificador do Espiritismo, assessorado pelas Vozes do Céu, deteve-se, mais de uma vez, na análise dos trágicos acontecimentos que sacudiriam a Terra e os seus habitantes, a fim de despertar os últimos para as responsabilidades para consigo mesmos e em relação à primeira.

Em O Livro dos Espíritos, no capítulo dedicado à Lei de destruição, o insigne mestre de Lyon estuda as causas e razões dos desequilíbrios que se dão no planeta com frequência, ensejando as tragédias coletivas, bem como aquelas produzidas pelo ser humano, e constata que é necessário que tudo se destrua, a fim de poder renovar-se. A destruição, portanto, é somente produzida para a transformação molecular da matéria, nunca atingindo o Espírito, que é imortal.

Desse modo, as grandes calamidades de uma ou de outra procedência têm por finalidade convidar a criatura humana à reflexão em torno da transitoriedade da jornada carnal em relação à sua imortalidade.

As dores que defluem desses fenômenos denominados como flagelos destruidores, objetivam fazer a "Humanidade progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos."1

Eis, portanto, o que vem ocorrendo nos dias atuais.

As dores atingem patamares quase insuportáveis e a loucura que toma conta dos arraiais terrestres tem caráter pandêmico, ao lado dos transtornos depressivos, da drogadição, do sexo desvairado, das fugas psicológicas espetaculares, dos crimes estarrecedores, do desrespeito às leis e à ética, da desconsideração pelos direitos humanos, animais e da Natureza... Chega-se ao máximo desequilíbrio, facultando a interferência divina, a fim de que se opere a grande transformação de que todos temos necessidade urgente.

Contribuindo na grande obra de regeneração da Humanidade, Espíritos de outra dimensão estão mergulhando nas sombras terrestres, afim de que, ao lado dos nobres missionários do amor e da caridade, da inteligência e do sentimento, que protegem os seres terrestres, possam modificar as paisagens aflitivas, facultando o estabelecimento do Reino de Deus nos corações.


Referencias:
1 O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Parte 3a. Capítulo VI, questão n° 737, 29a edição da FEB. Nota do autor espiritual.

Manoel Philomeno de Miranda

Por Divaldo Pereira Franco, do Livro Transição Planetária.

terça-feira, 19 de março de 2013

Pluralidade dos Mundos Habitados

Vídeo com trechos extraídos das obras básicas de Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, tendo como tema “A Pluralidade dos Mundos Habitados”.


domingo, 17 de março de 2013

O Perispírito




Vocabulário Espírita

PERISPÍRITO: De per, em redor, e spiritus, espírito. - Invólucro semimaterial do Espírito depois da sua separação do corpo. O Espírito o tira do mundo em que se acha e o troca ao passar de um a outro; ele é mais ou menos sutil ou grosseiro, segundo a natureza de cada globo. O perispírito pode tomar todas as formas à vontade do Espírito; ordinariamente ele assume a imagem que este tinha em sua última existência corporal.

Embora de natureza etérea, a substância do perispírito é suscetível de certas modificações que a tornam perceptível à nossa vista. É o que se dá nas aparições. Ela pode até, por sua união com o fluido de certas pessoas, tornar-se temporariamente tangível, isto é, oferecer ao toque a resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições estereológicas ou palpáveis.

A natureza íntima do perispírito não é ainda conhecida; mas poder-se-ia supor que a matéria do corpo é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte sutil e etérea; ao passo que a segunda persiste e segue o Espírito. O Espírito teria, assim, um duplo invólucro; a morte apenas o despojaria do mais grosseiro; o segundo, que constitui o perispírito, conservaria o tipo a forma da primeira, da qual ele é como a sombra; mas sua natureza essencialmente vaporosa permite ao Espírito modificar esta forma à sua vontade, torná-la visível, palpável ou impalpável.

O perispírito é, para o Espírito, o que o perisperma é para o germe do fruto. A amêndoa, despojada do seu invólucro lenhoso, encerra o germe sob o invólucro delicado do perisperma.
Vocabulário Espírita - de Allan Kardec.

Definição, Origem E Natureza

O perispírito é uma condensação do fluido cósmico universal em torno de um foco de inteligência, ou Alma. É o envoltório semimaterial do Espírito e o laço que une o Espírito à matéria do corpo. Portanto, nos Espíritos desencarnados o perispírito forma o corpo fluídico que eles possuem, enquanto nos Espíritos encarnados ele é o órgão semimaterial que une o corpo físico ao Espírito, sendo, dessa forma, o órgão de transmissão de todas as sensações. Se diz que o perispírito é semimaterial porque pertence à matéria pela sua origem (Fluido Universal) e à espiritualidade pela sua natureza etérea. Por sua natureza e em seu estado normal o perispírito é invisível, porém, ele pode sofrer modificações que o tornem perceptível e até tangível, ou seja, possível de ser visto e tocado.

O Espírito (Alma) extrai seu perispírito dos elementos contidos nos fluidos ambientes de cada mundo, de onde se deduz que os elementos constitutivos do perispírito variam conforme os mundos. A natureza do perispírito está sempre em relação ao grau de adiantamento moral do Espírito, portanto, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele venha encarnar.

Propriedades

O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma em torno do corpo uma atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem dilatar com maior ou menor intensidade. A Ciência comprova isso através de fotografias se utilizando da máquina Kirlian. Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos do mundo espiritual, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.

Em virtude de sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito, não pode atuar sobre a matéria grosseira, sem intermediário, isto é, sem o elemento que o ligue à matéria. Esse intermediário, que é o perispírito, é o princípio de todas as manifestações espíritas e anímicas, pois possibilita ao Espírito atuar sobre a matéria. O perispírito é o intermediário pelo qual se processa a transferência dos fluidos, da energia, nos processos de curas e passes espirituais.

Funções

O perispírito é o organismo que personaliza e individualiza o Espírito e o identifica quanto à aparência. A alma após a morte jamais perde sua individualidade. Ela comprova essa individualidade, apesar de não mais possuir o corpo material, através de um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito. Através dele que um ser abstrato como é o Espírito (alma), se torna um ser concreto, definido e apreensível pelo pensamento.

Órgão sensitivo do Espírito:

O perispírito é o órgão de transmissão de todas as sensações do Espírito. O corpo recebe uma sensação que vem do exterior, o perispírito que está ligado a esse corpo transmite essa sensação e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente a recebe. E vice-versa: quando o ato é de iniciativa do Espírito, o perispírito transmite e o corpo executa.

Princípio das Comunicações:

Para atuar na matéria, o Espírito precisa de matéria. Como já foi dito, em virtude de sua natureza etérea, o Espírito, propriamente dito, não pode atuar sobre a matéria grosseira sem um intermediário que o ligue a essa matéria. Esse intermediário, que nós chamamos de perispírito, nos faculta a chave de todos os fenômenos espíritas de ordem material. Portanto, o perispírito é o órgão de manifestação utilizado pelo Espírito nas comunicações com o plano dos espíritos encarnados.

Sede da Memória e Sensibilidade

Não devemos confundir alguns atributos do Espírito (alma) como sendo do perispírito. A sede da memória é um deles. Segundo Kardec, o Espírito é quem possui a sede da memória, pois ele é o ser inteligente, pensante e eterno. Sem o Espírito, o perispírito é uma matéria inerte privada de vida e sensações. É importante lembrar que os Espíritos ao passarem de um mundo para outro, mudam de perispírito de acordo com a natureza dos fluidos ambientes. Se no perispírito residisse a sede da memória, o Espírito a perderia cada vez que tivesse que mudar a constituição íntima de seu envoltório fluídico.

A mesma coisa se dá quando nos referimos à sede da sensibilidade. É o Espírito quem ama, sofre, pensa, é feliz, triste, ou seja, é nele que residem todas essas sensações ou faculdades. O perispírito é apenas o órgão que transmite todas essas sensações, portanto, é um instrumento a serviço do Espírito. Logo, segundo Kardec, é incorreto dizer que é no perispírito que ficam marcadas ou gravadas certas memórias ou atos do Espírito durante sua vida. Como já vimos, o perispírito é matéria, não pensa nem tem memória. Isso são atributos do Espírito.

Molde do Corpo Físico

Outra questão polêmica é se o perispírito é o molde do corpo físico. Analisando detidamente a questão à luz da Codificação Espírita feita por Kardec, chegaremos a conclusão que o perispírito não é o molde, modelo ou forma do corpo físico. É, sim, o princípio diretor da vida organizada, o elemento de aglutinação, de organização da matéria obediente às leis biológicas e ao comando do Espírito.

Citaremos apenas três passagens das obras de Allan Kardec para demonstrarmos o que foi acima exposto:

"A Gênese" - cap. XI - 11:

"Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que molda o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com sua inteligência."

"A Gênese" - cap. XI - 18:

"Quando o Espírito tem de encarnar num corpo em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível desde o momento da concepção. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio de seu perispírito se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra...:" No desencarne ocorre exatamente o contrário: o perispírito se desprende molécula a molécula, conforme se unira e ao Espírito é restituida a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo e sim, a morte do corpo é que determina a partida do Espírito.

Finalmente, em "O Livro dos Espíritos, pergunta n. 356":

P- "Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?"

R- "Alguns há, efetivamente a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças só vêm por seus pais."

Pergunta n. 356-A:

P- "Pode chegar a termo de nascimento um ser dessa natureza?"

R- "Algumas vezes, mas não vive."

Ora, se existem corpos físicos aos quais nunca nenhum Espírito esteve destinado, obviamente não havendo Espírito, não haveria perispírito para servirem de modelos. E como conseguiram as células se multiplicarem e darem ao final uma conformação humana a esse corpo físico se não havia o perispírito para servir de molde? Isso nos leva à conclusão de que o perispírito não é o molde ou forma do corpo humano.

O molde, a forma ou modelo se encontra nos fatores genéticos e hereditários de cada ser, herdados do material genético doado pelos seus pais. "O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. "O Livro do Espíritos, perg. 207 e ainda em João 3:6, Jesus disse: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito."

Enfatizamos ainda que o Espírito se utiliza do perispírito como um laço fluídico para se ligar ao corpo em formação, corpo este que se desenvolve conforme os fatores genéticos e hereditários de cada ser herdado, como já foi dito, do material genético doado pelos seus pais. ("A Gênese", cap. XI - item 18).

Sendo o Espírito o arquiteto e condicionador do seu corpo de manifestação, juntamente com as Leis Naturais, não há que se falar que o perispírito seja o molde do corpo físico e, sim, ser o perispírito, em cada encarnação, que se modela para o corpo físico.

A Perfectibilidade dos Sentidos

"O que uns chamam perispírito não é senão o que outros chamam envoltório material fluídico.

Direi, de modo mais lógico, para me fazer compreendido, que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e das idéias. Falo aqui dos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres ainda lhes são de todo inerentes; logo, são, como vedes, matéria. Daí os sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos que os Espíritos superiores não podem experimentar, visto que os fluidos terrestres se acham depurados em torno do pensamento, isto é, da alma. Esta, para progredir, necessita sempre de um agente; sem agente, ela nada é, para vós, ou, melhor, não a podeis conceber. O perispírito, para nós outros Espíritos errantes, é o agente por meio do qual nos comunicamos convosco, quer indiretamente, pelo vosso corpo ou pelo vosso perispírito, quer diretamente, pela vossa alma; donde, infinitas modalidades de médiuns e de comunicações. "Agora o ponto de vista científico, ou seja: a essência mesma do perispírito. Isso é outra questão. Compreendei primeiro moralmente. Resta apenas uma discussão sobre a natureza dos fluidos, coisa por ora inexplicável. A ciência ainda não sabe bastante, porém lá chegará, se quiser caminhar com o Espiritismo. O perispírito pode variar e mudar ao infinito. A alma é a inteligência: não muda de natureza. Não vades mais longe, por este lado; trata-se de um ponto que não pode ser explicado. Supondes que, como vós, também eu não perquiro? Vós pesquisais o perispírito; nós outros, agora, pesquisamos a alma. Esperai, pois." - Lamennais.

O Livro dos Médiuns - 1a parte, cap. IV, item 51 - obra codificada por Allan Kardec


Fonte: O Perispírito, Por Elio Mollo

sexta-feira, 15 de março de 2013

Obsessão e Desobsessão


“É o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticado senão por espíritos inferiores que procuram dominar” (Livro dos Médiuns, Cap. 23 item 237)

“É a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. 25, item 81)

A obsessão é e sempre foi um dos maiores problemas da humanidade. Difícil de ser tratada por esbarrar na dureza do coração humano. Tratada pela medicina como problema puramente físico, ainda não tem encontrado através dela, um meio de alívio para milhares de seres que sofrem sua ação. É para a ciência, em muitos casos, problema insolúvel, catalogado como resultado da hereditariedade, apesar de a maioria dos casos contestar esta afirmação.

A par com a medicina, a religião oficial vem dando a sua contribuição no âmbito do terror quando diz, que quem sofre um mal deste tipo está endemoniado, tendo que ser exorcizado, o que leva a maioria das pessoas a se afastarem delas por medo de ridículo ou incompreensão, preferindo apesar dos pesares continuar sua peregrinação através dos consultórios.

A Doutrina Espírita, única a dar uma explicação racional sobre o problema, tem se desdobrado através de trabalhadores incansáveis, no sentido de aliviar aqueles que sofrem desse mau, de maneira tranquila e os trazendo de volta a uma vida saudável.

A obsessão só pode ser racionalmente explicada sob o prisma da doutrina espírita. É uma faceta do relacionamento humano, que continua a se fazer sentir entre os seres, embora já tenham desencarnado alguns e outros continuarem encarnados.

Este relacionamento se mantém devido as ligações boas ou más existentes entre as partes envolvidas que prendem uns aos outros, até que a justiça e o aprendizado inerente a este acontecimento esteja assimilado.

Jesus, como profundo conhecedor da psiquê humana e seus defeitos, deixou escrito o ensinamento que se obedecido livraria o homem desse mau.

“Perdoa, o teu inimigo enquanto estais em caminho com ele, para que ele não te leve a juiz e não te condene, pois se isso vir a acontecer, ficará preso até que pagues o último ceitil.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Nesta parábola ele nos dá o antídoto. O Amor é o caminho. O perdão, a paciência, tolerância, tudo o que leva as pessoas a um bom relacionamento. Não criando por isso motivos de represálias de ninguém.

Quando criarmos barreiras em nós mesmos, tirando do nosso coração o orgulho, a vaidade, o egoísmo, e vivenciarmos bem com todos em acordo com o evangelho, não existirão mais esses relacionamentos negativos e sim somente os positivos, onde todos serão amigos e ajudarão uns aos outros no caminho evolutivo.

CLASSIFICAÇÃO DA OBSESSÃO

Allan Kardec, através dos seus estudos classificou a obsessão por seus estágios, sendo que por isso mesmo, não tem um caráter definitivo, servindo apenas como parâmetro para estudo, uma vez que a obsessão é muito variada em seus aspectos, sendo difícil estabelecer onde uma fase começa e termina a outra.

a – SIMPLES – É a influência sutil na atitude do espírito, encarnado ou desencarnado.
b – FASCINAÇÃO – É a ação direta de um espírito sobre o pensamento de outro.
c – SUBJUGAÇÃO – É a paralisação através da ação mental, que um espírito determina sobre a vontade de outro.

Participantes:

Encarnado para encarnado
Desencarnado para desencarnado
Encarnado para desencarnado
Desencarnado para encarnado
Auto – Obsessão

FATORES QUE LEVAM À OBSESSÃO:

O que predispõe um espírito (encarnado ou desencarnado) à obsessão, são as imperfeições morais. Na medida em que o espírito se aperfeiçoa moralmente, ele não se predispõe à obsessão.

QUANDO PODEMOS RECONHECER A OBSESSÃO:

a) Quando sentimos ideias torturantes a se fixar.
b) Quando sentimos forças interferindo no processo mental.
c) Quando se verifica a vontade sendo dominada.
d) Quando se experimenta inquietação constante.
e) Quando se sinta desequilíbrio espiritual.

ACESSOS À OBSESSÃO:

a) Ideias profundamente negativas
b) Depressão / Desânimo
c) Revolta
d) Medo
e) Irritação / Cólera
f) Vícios / fumo / tóxicos / álcool
g) Desregramento sexual
h) Maledicência
i) Ciúme
j) Avareza/Egoísmo
k) Ociosidade
l) Remorso

PROCESSO OBSESSIVO:

O que rege o processo obsessivo é o atendimento à “lei de sintonia”, que é a predisposição de atração recíproca, através da emissão e recepção de ondas mentais. A obsessão prolongada pode causar:

a) Desordens patológicas (doenças)
b) Loucura
c) Morte Física

OBSESSOR E OBSEDIADO

O estudo da obsessão tem levado à compreensão de que as criaturas encontram-se na grande maioria envolvidas por conflitos do passado.

São enfermos que reclamam tratamento à luz do esclarecimento, pois somente através do perdão das partes envolvidas, poderá desmanchar os liames doentios que os prendem. É preciso notar que os laços são modificados, nunca rompidos. Onde há ódio, passará a haver compreensão, entendimento, paciência. Em benefício desse objetivo deixarão pelo menos, de prejudicarem um ao outro, ganhando com isso, equilíbrio, que os conduzirão ao respeito e futuramente ao perdão total dos compromissos. Fazendo-os continuarem ligados, mas agora unidos pelos ideais de ajuda e quites com a justiça divina.

O Obsessor que guarda hoje sentimento de revolta e vingança, é alguém carente de amor e compreensão.

DESOBSESSÃO

No sentido amplo da palavra significa o ato de curar alguém da obsessão.

A cura espírita da obsessão baseia-se na conscientização do enfermo e do espírito agressor, posto que o paciente, é o agente da própria cura.

Para isso a Doutrina propõe:

a) O esclarecimento através do estudo
b) Renovação interior por intermédio da ação do pensamento e da vontade.

COMO EVITÁ-LA

(Conheça a ti mesmo)

Através do exercício constante da análise de si mesmo, o ser humano passa a se conhecer, colocando parâmetros entre o que pode e o que não pode realizar. Com isso passa a perceber as induções mentais que não se coadunam com seu modo natural de ser. Quando se conhece, se vigia, não aceitando ideias diferentes das suas. Vivendo de acordo com o preceito de Jesus; “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”

Paulo de Tarso diz: “Tudo me é possível, mas nem tudo me é permitido”. Nos alerta através dessas palavras que tudo podemos fazer com o nosso livre arbítrio, mas nem tudo que fazemos se reverterá em nosso proveito espiritual. A sabedoria do espírito é saber discernir entre o que traz felicidade momentânea ou a felicidade eterna. A opção da escolha é sua, não podendo a ninguém imputar culpa posterior.

A FAMÍLIA PERANTE O ENFERMO:

Há que se destacar que no processo desobsessivo, a família assume papel preponderante, podendo colaborar sobremaneira para que o tratamento da equipe de desobssessão surta o efeito esperado.

Ela, na maioria das vezes é a mais afetada pelo problema, não sabendo como proceder com o enfermo.

Por esse motivo são feitas as seguintes recomendações à família:

a) Paciência com o enfermo;
b) Ausência de curiosidade sobre o obsessor;
c) Não atribuir-lhe (ao obsessor) os acontecimentos desastrosos que os visitem;
d) Não ter repulsa aos perseguidores;
e) Não desejar que eles (os perseguidores) sofram o reverso da medalha;
f) Esperar, sem pressa;
g) Confiar no tratamento dos bons espíritos;
h) Não buscar meios violentos ou aparentemente rápidos para desalojar o obsessor;
i) Orar sinceramente em favor do perseguidor.

A DESOBSESSÃO NO CENTRO ESPÍRITA:

O Centro Espírita é a peça fundamental para o tratamento da obsessão. Para isso deve dispor de equipe experiente para proceder a recepção e o diálogo com os obsessores.

O seu ambiente é impregnado de fluidos salutares que influi positivamente na reforma moral tanto do desencarnado como do encarnado.

Mantendo reuniões evangélicas ou cursos doutrinários para onde devem ser encaminhados os necessitados encarnados. Também trazidos pelo plano espiritual que assiste a casa, os desencarnados envolvidos no processo receberão esclarecimentos. Assim ambos terão bases sólidas para mudarem hábitos e atitudes, condicionando-se a atitudes mentais mais saudáveis.

ESCALA ESPÍRITA:

A classificação dos espíritos funda-se no seu grau de desenvolvimento, nas qualidades por eles adquiridas e nas imperfeições das quais ainda não se livraram. Esta classificação nada tem de absoluta. Neste parâmetro Kardec classificou os espíritos em 3 (três) ordens.

a) PRIMEIRA ORDEM – ESPÍRITOS PUROS

Caracteres Gerais – Predominância do espírito sobre a matéria; superioridade intelectual e moral absoluta.

Classe Única – Espíritos que percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria.

b) SEGUNDA ORDEM / ESPIRITOS BONS

Caracteres Gerais – Predominância do espírito sobre a matéria, desejo do bem.

Quatro Classes:

1.º Espíritos Benévolos;
2.º Espíritos Sábios;
3.º Espíritos Prudentes;
4.º Espíritos Superiores

c) TERCEIRA ORDEM / ESPÍRITOS IMPERFEITOS

Caracteres Gerais – Predominância da matéria sobre o espírito, propensão ao mal.

Cinco Classes:

1.º Espíritos Impuros;
2.º Espíritos Levianos;
3.º Espíritos pseudo-sábios;
4.º Espíritos Neutros;
5.º Espíritos Batedores e Perturbadores.

NOTA: Enquanto o homem não incorporar em seu comportamento e hábitos as lições de Jesus, a obsessão continuará a existir no meio humano. Com ela, resgatamos os erros do passado, e aprendemos a modificar o nosso relacionamento humano para melhor. Quando superarmos a maldade em nossos corações, saberemos respeitar os direitos do próximo, e a nossa querida terra não mais será habitat de espíritos vingativos e dominadores, que serão banidos por falta de sintonia, da psicosfera. Teremos nos libertado do mal, caminhando rápido para a era do espírito.

Por isso, a vivência das palavras do Cristo, assume caráter imediato e imperativo, para felicidade nossa e do nosso mundo.


Bibliografia:

Apostila de “Obsessão e Desobssessão”- Milton Felipelli e Rubens P. Meira.
- Nos Bastidores da Obsessão – Herminio C. Miranda
- Diálogo com as Sombras – Herminio C. Miranda
- Ação e Reação – André Luiz
Missionários da luz – André Luiz
Vampirismo – Herculano Pires
O evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
O Livro dos Médiuns – Allan Kardec
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec



Fonte: Texto parcial do cvdee.or.br
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